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Pecuária sustentável está em risco no Pampa, na região Sul do Brasil

Novo levantamento mostra que o bioma vem sendo afetado pelo avanço exagerado da agricultura, descaracterizando a vegetação nativa

Pesquisador da UFRGS defende, no Pampa, a implementação de políticas públicas de promoção da pecuária, de diversificação da produção nas áreas rurais e de estímulo ao turismo rural (Amanda Caroline da Silva/Getty Images)

Pesquisador da UFRGS defende, no Pampa, a implementação de políticas públicas de promoção da pecuária, de diversificação da produção nas áreas rurais e de estímulo ao turismo rural (Amanda Caroline da Silva/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2022 às 07h30.

O bioma Pampa, localizado no sul do Brasil, tem mais áreas antropizadas, ou seja, modificadas pela ação humana, do que de vegetação nativa. Essa é a conclusão de um novo mapeamento sobre uso e ocupação de solo da região, cobrindo os últimos 37 anos, realizado pelo MapBiomas, uma iniciativa multi-institucional que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais.

“O avanço exagerado da agricultura, especialmente da soja, sobre as áreas de vegetação campestre deve servir de alerta sobre qual será o futuro do bioma”, alerta Heinrich Hasenack, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Estamos deixando de lado a pecuária sustentável, que é a vocação natural do bioma e que permite produzir e ao mesmo tempo conservar a natureza, e apostando tudo em poucas commodities, como a soja e a silvicultura.”

Em 1985, as áreas de vegetação nativa ocupavam 61,3% do Pampa. Em 2021, essa participação foi de 43,2% - quase o mesmo das áreas de agricultura, que já ocupam 41,6% do bioma. Houve uma perda de 29,5% de vegetação nativa entre 1985 e 2021, sendo acentuada nas últimas duas décadas.

Sustentabilidade ambiental no Pampa passa pela promoção da pecuária

Formado por diferentes tipos de campos, o bioma que teve um decréscimo de 3,4 milhões de hectares – o equivalente a 70 vezes a área do município de Porto Alegre - e viu o crescente avanço da agricultura resultar em perda das formações campestres, a vegetação nativa típica do bioma e tradicionalmente usada para a pecuária. Em 1985, as formações campestres ocupavam 48,6% do território. Já em 2021, eram apenas 30,9%.

A silvicultura ocupa atualmente 3,8% do bioma e foi a cobertura com maior proporção de crescimento no período de 1985 a 2021 - o aumento foi de 1.641%. Ainda que seja encontrada em todo o Pampa, a silvicultura ocorre de forma muito concentrada na região centro-leste do bioma. Os cinco municípios que mais tiveram avanço com a silvicultura nos últimos 37 anos foram Encruzilhada do Sul, Piratini, Canguçu, Dom Feliciano e Butiá.

“As transformações no uso da terra do Pampa têm sido muito expressivas em uma única direção, o que preocupa muito já que não apontam para um caminho de sustentabilidade ambiental”, afirma Hasenack. “Deveríamos implementar políticas públicas de promoção da pecuária, de diversificação da produção nas áreas rurais, de estímulo ao turismo rural e de cuidados com o patrimônio natural do Pampa, como a criação de novas unidades de conservação.”

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