Aldemir Bendine, presidente da Petrobras: o dinheiro será o que foi resgatado em contas no exterior (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2015 às 21h33.
Rio - O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, disse esperar para maio a data em que a empresa começará a receber o dinheiro desviado em esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
O dinheiro será o que foi resgatado em contas no exterior.
Bendine afirmou nesta quarta-feira, 22, que já entrou em acordo com a Justiça para que o dinheiro resgatado retorne ao caixa da empresa. Além disso, ele ressaltou que devem ser fechados acordos de leniência com fornecedoras investigadas na Lava Jato.
O presidente da Petrobras ressaltou ainda que a divulgação hoje do balanço financeiro não recebeu ressalva da empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC) e que a publicação do resultado "coloca a companhia em um novo patamar".
Bendine afirmou que o cálculo do peso da corrupção no patrimônio da empresa foi conservador, para dar uma margem que inclua perdas que possam surgir posteriormente. Os cálculos dizem respeito exclusivamente a projetos fechados de 2004 a 2012, ressaltou Bendine.
Caso venham a tona denúncias de corrupção em projetos firmados posteriormente a essa data, a perda também poderá ser revista. "Qualquer revisão poderá ser feita no futuro", afirmou.
Novo plano de negócios
Bendine disse que depois de vencer o desafio de entregar seu balanço auditado, a Petrobras tem como segundo passo apresentar seu plano de negócios para os próximos cinco anos. O executivo disse que em 30 dias aproximadamente a estatal espera mostrar para o mercado qual será seu desafio nesse período.
O plano de negócios 2014-2018, apresentado em fevereiro de 2014, prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões.
"Cumprimos com a obrigação legal de ter um balanço crível e auditado e passamos a um segundo desafio. O corpo gerencial se reúne para fazer revisitação do plano de negócios e em aproximadamente 30 dias devemos voltar a público", disse.
A Petrobras divulgou em coletiva de imprensa as premissas para sua operação em 2016, estimando realizar aproximadamente US$ 25 bilhões em investimentos. De acordo com a companhia, o montante é 37% inferior ao investimento que era previsto para o ano que vem no plano de negócios e gestão 2014-2018 (US$ 39,5 bilhões), divulgado em fevereiro de 2014. Dos US$ 25 bilhões, 82% serão destinados à área de Exploração & Produção de petróleo.
A companhia também estimou obter US$ 10 bilhões com a venda de ativos. Caso isso se confirme, significa que a Petrobras deverá receber em 2015 apenas US$ 3,7 bilhõs com desinvestimentos, já que o programa 2015-2016 tem como meta US$ 13,7 bi. De acordo com Bendine, entretanto, isso é apenas uma previsibilidade, um número que pode variar mais positivamente para este ano ou para o ano seguinte. Segundo ele tudo dependerá das negociações com compradores.
Produção
A Petrobras prevê que em 2016 sua produção de petróleo e gás natural no Brasil e no exterior chegará a 2,886 milhões de barris de óleo equivalente/dia (boed). A expectativa é de entrada de novas unidades de produção FPSO, ajudando nessa previsão: Cidade de Itaguaí (quarto trimestre de 2015), Cidade de Maricá (primeiro trimestre de 2016), Cidade de Saquarema (segundo trimestre de 2016), Cidade de Caraguatatuba (terceiro trimestre de 2016), além do Teste de Longa Duração do campo de Libra (quarto trimestre de 2016).
As projeções da Petrobras levam em conta um preço médio do barril de petróleo (Brent) de US$ 70 e uma taxa de câmbio média de R$ 3,30 por dólar.
O presidente da Petrobras afirmou que a companhia poderá buscar parceiros para áreas ainda em fase exploratória "no pré ou no pós sal" que ofereçam riscos. O executivo descartou colocar à venda ativos do pré-sal já em fase de produção.
"Ativo de pré-sal em produção, esqueça, não vendemos. Ativos em exploração, onde exista dificuldade técnica, poderemos, sim", afirmou o executivo. Ao ser novamente questionado sobre a possibilidade de vender ativos no pré-sal, ele reforçou a posição atual da companhia.
"Pré-sal, pós-sal. Onde tivermos risco vamos procurar mitigar esse risco. Caso não tenhamos a técnica ou tenha um risco muito elevado, buscar um parceiro para nos ajudar no projeto. Isso ainda não está feito", completou.