Pandemia faz com que grandes empresas recorram aos coworkings
Escritórios compartilhados, interação entre as pessoas e infraestrutura adequada devem atrair parte da nova demanda fruto do trabalho remoto
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Publicado em 22 de março de 2022 às 10h29.
Última atualização em 24 de março de 2022 às 10h08.
A adoção repentina do home office, por força da política de distanciamento social para o combate à pandemia, abriu as portas para outra realidade no mundo do trabalho.
A flexibilidade de poder trabalhar fora da empresa, que pode ser na residência ou mesmo nos espaços compartilhados, como os coworkings, mostrou seu valor tanto para as companhias quanto para os colaboradores.
Mas o formato adotado por força da ocasião impõe uma série de desafios para manter as equipes motivadas e produtivas, e, com isso, a nova tendência no pós-pandemia de adoção do trabalho híbrido chegou como solução para esses problemas.
A busca pelo melhor formato de trabalho é hoje o debate travado pelas áreas de gestão de pessoas das empresas que não pretendem voltar a ter escritórios próprios ou vão optar por estruturas menores. Quem ganha espaço neste novo modelo híbrido de trabalho são os coworkings, bastante conhecidos por quem busca economia, mas cujas vantagens vão muito além.
Nova demanda
Dados do Censo Ancev 2021, realizado pela Associação Nacional dos Coworkings e Escritórios Virtuais com 206 respondentes, dos 1.647 espaços ativos nas 100 maiores cidades do país, confirmam a perspectiva de expansão do segmento atendendo a esta nova demanda por espaços compartilhados.
Do universo pesquisado, 40,3% dos coworkings estão em processo de expansão, 12,6% foram recém-criados e 36,9% se consideram consolidados. Nos últimos 12 meses, quase 50% dos espaços registrou lucro acima ou dentro do esperado.
Sobre a adesão de clientes ao formato híbrido, 16,5% dos coworkings afirmaram que um quarto dos clientes já aderiu. Os espaços de trabalho compartilhados que relataram adesão entre 75% e 100% de seus clientes ao formato híbrido chegaram a 14,6%.
“Muitas empresas que colocaram os funcionários em home office exclusivo, agora começam a perceber que com o tempo pode ser uma medida improdutiva, que reduz a criatividade dos colaboradores e pode afetar a saúde mental e física, pelo trabalho em locais inadequados e a falta de interação presencial”, comenta Patrícia Coelho, diretora de operações e novos negócios do Club Coworking, explicando o bom momento vivido pelos espaços compartilhados, pela economia que oferecem e também ao permitirem que as pessoas se encontrem, trabalhem juntas e troquem informações.
“O coworking como nós pensamos se torna um ecossistema, um hub em que pessoas trocam informações e as empresas ali alocadas podem descobrir sinergias e possibilidades de negócios entre si. É um ambiente muito rico”, diz ela.
Club Coworking
Nas unidades geridas pela executiva, o Club Coworking Paulista e o Club Coworking Faria Lima, inauguradas nos últimos quatro anos, o contato entre os clientes também é ativamente promovido por uma área de Customer Service.
“Nós procuramos conhecer os clientes, identificar potenciais interesses e colocá-los em contato, o que muitas vezes gera parcerias interessantes”, explica Patrícia. No Censo Ancev, 65% dos coworkings afirmaram que promover eventos entre os clientes é parte da atuação.
O Club Coworking é parte do Grupo Virtual Office, presente há mais de 25 anos no segmento. Quando decidiu montar o Club, lembra Patrícia, a ideia era trazer a cultura de proximidade com o cliente que já existia no Virtual, acrescentando outros diferenciais.
Na infraestrutura, as duas unidades receberam um adicional frente ao que é ofertado no mercado, um tratamento acústico reforçado, feito por engenheiros do ramo, para garantir a confidencialidade e o conforto em todas as salas de trabalho e reunião.
A estrutura foi montada para permitir ajustes nos desenhos das salas e troca de mobiliários, dentro da necessidade de cada cliente. “O atendimento personalizado faz toda a diferença. Queremos que se sinta em casa e fique conosco.”
Vantagens do coworking
Em favor dos coworkings, destaca Patrícia Coelho, está a possibilidade de que os clientes foquem em sua atividade-fim, sem consumir energia cuidando de equipes de apoio, manutenção do ambiente ou mesmo resolvendo imprevistos que surjam. “A preocupação dele tem de ser abrir o computador e trabalhar, cuidamos de todo o resto para que ele não se desvie do foco, que é prosperar no negócio”, comenta.
As duas unidades do Club têm áreas próprias de TI e uma equipe dedicada a atender prontamente qualquer eventualidade. “Somos muito flexíveis, se o cliente precisa de mais ou menos espaço, se quer alterar o desenho interno das salas ou mudar o pacote contratado, isso pode ser feito sem qualquer tipo de multa. Ele vem trabalhar conosco ou sai sem qualquer dificuldade e sem surpresas desagradáveis.”
No Censo Ancev 2021, a maior parte dos clientes permanece nos coworkings entre seis e 12 meses (34%). De um a dois anos, o percentual chega a 30,6%. “Nossa rotatividade de clientes é baixa. Mais da metade de nossos clientes está conosco desde a fundação, há quatro anos e com a alta demanda, nossa expansão física é uma questão de tempo”.
De olho nas grandes empresas
Na pior fase da pandemia, o Club Coworking, que somando as duas unidades tem 2.668 metros quadrados de área, renegociou alguns contratos para manter o cliente e ajudá-lo no momento de dificuldade, o que deu resultado. Hoje, na unidade Faria Lima, 90% dos espaços estão ocupados, enquanto na Paulista chega a 80%.
O que mudou desde o início da pandemia, comenta Patrícia, é uma demanda maior de empresas de médio e grande portes que necessitam de espaços para reunir a equipe, mas não querem retomar ao formato antigo.
“Nós temos desde profissionais autônomos a multinacionais e startups conosco, mas o maior crescimento vem se dando em empresas de médio para grande porte.”
Hoje, 30% dos clientes do Club Coworking são empresas de grande porte, 50% médias e 20% de pequeno porte. Inclui nomes como Enforce, controlada pelo BTG Pactual e que atua na gestão de crédito inadimplente, a assessoria de investimentos HCI Invest, vinculada à plataforma da XP, e do setor de tecnologia a Belltech, de ensino à distância e segurança digital, e a Karvi, plataforma que facilita a compra de veículos.
Com a demanda crescente, Patrícia Coelho já pensa em retomar os investimentos. “Nossa capacidade está chegando no limite, já íamos expandir para mais três localidades no ano passado, mas com a pandemia seguramos um pouco, o que deve ocorrer em 2022”, comenta a executiva, acrescentando que todas as unidades seguirão no mesmo modelo de proximidade com o cliente com um atendimento personalizado e flexibilidade para atender às suas demandas, além das características modernas e atuais do espaço físico. “Nosso investimento é para que fiquem conosco no longo prazo.”