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Os truques dos bilionários coreanos para manter suas fortunas

O que fazer se você for um bilionário de 95 anos e morar em um país onde o imposto sobre a herança chega a 65%?

Bandeira da Coreia do Sul (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Bandeira da Coreia do Sul (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 13 de janeiro de 2018 às 08h00.

Última atualização em 13 de janeiro de 2018 às 08h00.

O que fazer se você for um bilionário de 95 anos e morar em um país onde o imposto sobre a herança chega a 65 por cento?

Este é o desafio enfrentado pela família do barão do café  Kim Jae-myeong, presidente honorário do grupo Dongsuh, que reuniu uma fortuna avaliada em US$ 2 bilhões pelo  Índice de Bilionários da Bloomberg. Kim, que nunca apareceu em um ranking internacional de riqueza, abandonou a administração há mais de duas décadas, mas o grupo continua sendo controlado firmemente pela família, e cada geração tem que descobrir um modo de transmitir a riqueza sem comprar briga com a Receita.

Essa situação é comum na Coreia do Sul, que se tornou uma potência industrial global dominada por entidades familiares conhecidas como chaebol. Agora, esses grupos, que inclui gigantes globais, como a Samsung Electronics, e nomes famosos na Coreia, como a Dongsuh, são cada vez mais investigados por práticas empresariais que mantêm as famílias no poder há décadas.

Imposto alto

O imposto sobre sucessão da Coreia de Sul, de até 50 por cento, é o segundo mais alto entre os membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, depois do Japão, e a taxa pode chegar a 65 por cento no caso do maior acionista. Assim, quem não planejar como transmitir a riqueza para a próxima geração corre o risco de perder uma grande parte dessa fortuna e o controle da família sobre a empresa que a criou.

Por isso, as dinastias ricas do país criaram métodos tortuosos para transferir o dinheiro, como encaminhar transações lucrativas de empresas familiares para subsidiárias controladas por herdeiros. No entanto, como os chaebol se tornaram extremamente impopulares após uma série de escândalos de subornos e corrupção, o governo está empenhado em fechar algumas das maiores lacunas jurídicas, o que poderia estimular a fuga de capital na luta das famílias por preservar sua riqueza.

“As empresas em que os herdeiros possuem grandes participações podem aumentar em receita e valor de mercado mediante transações interempresariais, e a riqueza criada desta forma não é tributável”, disse Kim Hai-ree, advogado da consultoria jurídica Global&Case, que tem sede em Seul.

Dos 27 conglomerados com ativos de mais 10 trilhões de wons (US$ 9,4 bilhões), os contratos entre empresas dentro desse grupo chegaram a 152,5 trilhões de wons em 2016, segundo a Comissão de Comércio Justo da Coreia do Sul, o principal órgão antitruste do país. O número representa 12 por cento de suas transações naquele ano.

Na Dongsuh, os dois filhos de Kim se revezam na direção da empresa, controlada por eles com participações familiares na Dongsuh, de capital aberto, e o processo de transmissão da liderança aos netos está em andamento. Um porta-voz da Dongsuh confirmou os ativos da família, mas não quis comentar sobre o patrimônio pessoal de Kim nem sobre a transmissão de riqueza.

O governo está reagindo

A CCJ “investigará e tomará medidas relevantes independentemente do tamanho da empresa se forem descobertos problemas ligados a transações interempresariais”, disse seu presidente em junho. O órgão não tomou medidas contra a Dongsuh, que tem ativos de cerca de 2 trilhões de wons.

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