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OPINIÃO: O Pix bancarizou o Brasil e deu fôlego extra às fintechs em meio ao 'inverno das startups'

Em artigo, Benjamin Gleason, mente por trás das fintechs Guiabolso e Kamino, explica como o advento do Pix e o open finance abriram oportunidades de negócios para empresas de tecnologia em finanças em meio ao mar adverso às startups no mundo

O advento do Pix reformulou o panorama dos pagamentos em poucos anos, superando inclusive o volume de transações com cartões de crédito (Rafael Henrique/SOPA/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 19 de setembro de 2023 às 11h15.

Por Benjamin Gleason*

Como empreendedor, acompanho de perto o progresso e os desafios da bancarização e da inovação financeira no país há mais de uma década.

Primeiro como fundador do GuiaBolso, fintech pioneira em Open Finance vendida para o Picpay em 2021; e agora como fundador da Kamino, plataforma completa de gestão de gastos empresariais que embarca pagamentos em seu software.

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Recentemente participei como fonte especialista da pesquisa Scale-up Trends Fintechs da Endeavor, oportunidade que me tirou da correria agitada do dia a dia para refletir sobre a evolução do setor, com uma lente maior.

O impacto da bancarização

Dentre os pontos de maior destaque e que ressalta o impacto das fintechs, entendo que a bancarização está no caminho certo.

O aumento de 14%, entre 2019 e 2021, das pessoas físicas com acesso a uma conta titular bancária, reflete a continuação de uma tendência maior extremamente positiva: o alcance de 84% da população adulta bancarizada.

Este é um marco importante, especialmente quando levamos em consideração que há 11 anos, quando começamos com o Guiabolso, apenas metade dos brasileiros tinham conta corrente.

A repercussão das novas regulações do Pix e Open Finance também merece atenção.

O advento do Pix reformulou o panorama dos pagamentos em poucos anos, superando inclusive o volume de transações com cartões de crédito.

O impacto do Open Finance ainda é mais limitado, mas acredito muito no potencial futuro da iniciativa, tendo em vista o impacto positivo que pode gerar nas finanças das pessoas.

O universo B2B ainda não aproveitou tudo que estas inovações podem proporcionar mas, embora as possibilidades sejam incertas, são muito promissoras.

Além disso, a busca por financiamento e consolidação das fintechs está em par com o que ficou conhecido no mercado como o “inverno das startups”.

O financiamento de fintechs caiu de US$4,1 bilhões para US$2,3 bilhões em 2022, o que impõe desafios à indústria.

Como as fintechs saíram ganhando

Se de um lado, a fonte para captação se tornou mais árdua, de outro mora uma oportunidade de fazer da restrição de capital um fator que pode encorajar um maior foco na resolução de grandes problemas e realização de deals estratégicos, como fusões e aquisições, que devem fortalecer o ecossistema.

A pesquisa ressalta que para mitigar em parte a queda de funding, houve um aumento da escala das fintechs no Brasil, o que estimulou também o desenvolvimento de uma infraestrutura tecnológica para casos de uso específicos.

O surgimento de ofertas de “Banking-as-a-Service” fomenta, por exemplo, a disponibilização de produtos financeiros dentro da plataforma de empresas de tecnologia ou varejo (o chamado embedded finance).

Outra das oportunidades citadas é referente a pagamentos B2B, um mercado prestes a ver grandes transformações, com expectativas de crescimento para cerca de US$200 trilhões em 2028.

Porém, para destravar todo o potencial do segmento, será preciso aumentar drasticamente a eficiência dos pagamentos, uma vez que, atualmente, apenas 10% são realizados online versus 80% feitos manualmente.

Este é um segmento onde fintechs estão inovando com soluções que atendem às complexidades dos pagamentos empresariais.

Analisar os dados da pesquisa da Endeavor reforça meu otimismo sobre o futuro das fintechs no Brasil.

Sim, há inúmeros desafios, mas as oportunidades são imensas, e as condições parecem cada vez mais propícias para inovação e crescimento sustentável.

*Benjamin Gleason é cofundador da Kamino, plataforma completa de planejamento financeiro, gestão e execução de pagamentos com banking integrado para empresas em crescimento no Brasil e na América Latina. Formado em Economia com MBA em Finanças pela Universidade de Wharton, Gleason é norte-americano, radicado em São Paulo, há 15 anos. Já CFO e Diretor Administrativo do Groupon LATAM até o IPO na NASDAQ. Antes, passou pela Engagement Manager da McKinsey, se tornando também empreendedor Endeavor e investidor-anjo. Em 2012, Gleason fundou o Guiabolso, fintech que criou e consolidou o Open Banking no Brasil, captando mais de US$80M em 5 rodadas de financiamento e vendendo para o PicPay em 2021. Atualmente, Benjamin é CSO e Cofundador da Kamino

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