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OGX quer iniciar produção em Tubarão Martelo este ano

Credores e investidores concentram em Martelo a esperança de que a companhia ainda possa vir a ter alguma produção relevante

Plataforma de petróleo da OGX: plataforma OSX-3, com capacidade para armazenar 1,3 milhão de barris e produção diária de 100 mil barris, chegou nesta semana ao Rio de Janeiro (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2013 às 19h17.

Rio, Brasília e São Paulo - Até o fim de 2013, a OGX planeja começar a produzir no Campo de Tubarão Martelo, o único em fase de desenvolvimento que teve o cronograma mantido pela petroleira do empresário Eike Batista. Depois de enterrar os planos para os Campos de Tubarão Tigre, Areia e Gato, e anunciar intenção de fazer o mesmo com Tubarão Azul em 2014, credores e investidores concentram em Martelo a esperança de que a companhia ainda possa vir a ter alguma produção relevante.

A plataforma OSX-3, com capacidade para armazenar 1,3 milhão de barris e produção diária de 100 mil barris, chegou nesta semana ao Rio de Janeiro, vindo de estaleiro em Cingapura, e será conectada ao campo, na Bacia de Campos, a 81 quilômetros da costa. Apenas depois de iniciada a produção poderá ser revisado o potencial de reserva. No entanto, a previsão de um volume recuperável de 285 milhões de barris em Tubarão Martelo deve ser revista para baixo no ano que vem, segundo fonte da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). A previsão é de início das atividades no quarto trimestre, ainda sem data marcada.

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Em reunião 13 de junho, a ANP aprovou o plano de desenvolvimento de Tubarão Martelo. Mas determinou que, até o fim de 2014, a operadora apresente uma revisão dos planos de produção. A reavaliação precisa incluir "a atualização dos modelos geológicos e de simulação, bem como a apresentação de novas estimativas de produção e reservas a partir da modelagem atualizada, e dos dados reais de produção", segundo a ata da reunião.

Na ocasião, segundo uma fonte, a agência considerou que a previsão para Martelo pode ter sido superestimada, da mesma forma como aconteceu em Tubarão Azul e nos demais campos. A previsão inicial para Tubarão Azul, por exemplo, era de uma reserva potencial de 110 milhões de barris e produção diária que chegou a ser estimada em 40 mil barris e depois recalibrada para 20 mil barris. A média real de vazão ficou em cerca de 25% deste volume. Declaração de ontem da diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, confirma a avaliação.

"A gente mais ou menos calibra a produção pelos poços que já tem, e naquela área dos Tubarões não havia nada com mais de 5 mil barris de petróleos produzidos (por dia). Portanto, esperar 20 mil (barris de petróleo por dia) não era muito razoável", afirmou Magda.

Tubarão Azul e Martelo ficam a 72 quilômetros de distância um do outro, em águas rasas da Bacia de Campos, em lâmina d'água de cerca de 100 metros. Tubarão Azul, a 60 quilômetros da costa, foi o primeiro a começar a produzir, no ano passado. Neste mês, está totalmente parado para manutenção e atividades estão previstas para serem retomadas no mês que vem.


Mesmo depois de a OGX anunciar, em 1º de julho, a intenção de cessar a vazão de Tubarão Azul em 2014, a análise das informações técnicas do reservatório pela ANP, formalmente em andamento na agência, ainda geram dúvidas no mercado. Mas, desde a semana passada, fontes da ANP e do governo já dão como certa a devolução do campo até o primeiro semestre do próximo ano.

O volume recuperável de Tubarão Martelo é alvo de controvérsia. Foi estimado pela OGX em 285 milhões de barris no momento da declaração de comercialidade, há mais de um ano. Este é o mesmo volume que consta na última apresentação, em junho, na qual a empresa destacou estar utilizando exclusivamente dados próprios. A OGX perfurou seis poços produtores e concluiu testes de formação em cinco deles. Os resultados, destacou a empresa no balanço do segundo trimestre, ficou "em linha com nossas expectativas".

Em abril último, ao anunciar a venda de 40% de participação nos blocos BM-C-39 e B-C-40 (onde está localizado o campo) à malaia Petronas, a OGX considerou um volume menor: 212 milhões de barris, atribuindo a estimativa à certificadora DeGolyer and MacNaughton, de acordo com cálculos de fevereiro de 2012.

Nesta semana, Shamsul Azhar Abbas, executivo-chefe da Petronas, condicionou o pagamento dos US$ 850 milhões empenhados na compra, à reestruturação da dívida pela OGX. Em nota, a petroleira de Eike Batista disse entender que "a Petronas não tem direito a adiar o fechamento financeiro da transação" por considerar que as condições do negócio não contemplam a reestruturação de dívida.

"De qualquer forma, no espírito de preservar a boa relação que existe entre as duas companhias, a OGX está empenhada em buscar uma solução que preserve o interesse de ambas as companhias. Até o momento, porém, não existe qualquer definição a esse respeito", disse em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A OGX tem US$ 3,6 bilhões em dívida emitida no exterior. Os credores externos da OGX esperam que a companhia dê calote no pagamento de cupom do bônus com vencimento em 2022 em outubro, conforme operadores do mercado secundário de dívida. As possíveis consequências disso vão desde questionamentos jurídicos sobre o pagamento de US$ 449 milhões anunciado em julho a OSX, por cancelamento de um contrato, até tentativas de arresto de ativos, de acordo com advogado consultado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Em 30 de junho, de acordo com os dados do balanço, a dívida da OGX estava em R$ 10,586 bilhões. A dívida de curto prazo era de R$ 2,237 bilhões, sendo cerca de metade desse valor referente a débitos com fornecedores. A de longo prazo, de R$ 8,349, concentrada em empréstimos e financiamento (R$ 7,9 bilhões).

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