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Fornecedores da Animale têm trabalho análogo à escravidão

O Ministério do Trabalho afirma que costureiros ganhavam 5 reais por peça. As roupas são vendidas nas lojas por até 698 reais

 (kurmyshov/Thinkstock)

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Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 19 de dezembro de 2017 às 11h58.

Última atualização em 12 de junho de 2020 às 15h29.

São Paulo – Oficinas de costura que forneciam roupas para a grife Animale mantinham trabalhadores em condições análogas à escravidão, afirma o Ministério do Trabalho.

Em três oficinas, fiscais encontraram costureiros que trabalhavam mais de 12 horas por dia e moravam no local, em condições degradantes.

A fiscalização das oficinas ocorreu em setembro deste ano e foi composta pela equipe da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, com o auxílio de auditores da Receita Federal.

Os costureiros, todos eles imigrantes bolivianos, recebiam por peça costurada, o que levava a longas jornadas de trabalho, com poucos horários de descanso.

Eles ganhavam, em média, 5 reais por peça, das marcas Animale e A. Brand, do grupo Soma. Algumas das roupas eram vendidas por até 698 reais nas lojas da marca de grife.

De acordo com a fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, a infraestrutura do ambiente era muito precária.

Em algumas oficinas, não havia janela para circulação do ar, os restos de roupa encostavam em fios elétricos e botijões de gás estavam no mesmo ambiente, o que trazia risco de incêndio.

As máquinas de costura ficavam próximas às camas dos funcionários e cinco crianças moravam nos locais.

Resposta

Em nota enviada ao site EXAME, "a A.Brand e a Animale esclarecem que receberam a visita de Auditores Fiscais do Trabalho, informando que foram encontrados trabalhadores em condições degradantes em três oficinas onde se encontravam produtos das marcas sem o conhecimento das mesmas".

"As marcas não compactuam com a utilização de mão de obra irregular em suas cadeias de produção. Todos os seus fornecedores assinam contratos em que se comprometem a cumprir a legislação trabalhista vigente e a não realizar a contratação de trabalhadores nessas condições."

Ela reitera que proíbe, em contrato, a subcontratação e que paga mais que cinco reais por peça aos seus fornecedores diretos. Além disso, disse que ofereceu uma ajuda humanitária aos profissionais.

Moda Livre

A Animale não está sozinha. Desde 2010, foram encontradas condições análogas à escravidão em 37 companhias da indústria têxtil, produtoras ou varejistas. Essas empresas são acompanhadas pela plataforma Moda Livre, iniciativa da ONG Repórter Brasil. O aplicativo, criado em 2013, fornece informações sobre como 119 empresas da indústria têxtil, produtoras ou varejistas, acompanham sua cadeia produtiva.

De acordo com Carlos Juliano Barros, coordenador da iniciativa, há uma forte pressão da sociedade para entender de onde vêm as roupas que são vendidas, o que gera maior fiscalização do poder público.

No caso da Animale, as condições precárias de trabalho foram encontradas em oficinas terceirizadas, fornecedoras da companhia. No entanto, Barros acredita que as empresas têm a responsabilidade de acompanhar toda sua cadeia produtiva e impedir que haja irregularidades em seus fornecedores.

“Se a empresa consegue garantir que a blusa que será vendida atende os padrões de qualidade e design esperados da marca, também consegue garantir que as condições de trabalho nos fornecedores não são contrárias à lei”, afirmou.

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