OAS fecha acordo de leniência de R$ 1,9 bi, terceiro maior da história
A empreiteira OAS vai pagar R$ 1,9 bilhão à União até dezembro de 2047 pelos crimes cometidos no âmbito da Lava Jato
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de novembro de 2019 às 11h45.
Última atualização em 14 de novembro de 2019 às 13h02.
A empreiteira OAS vai pagar R$ 1,9 bilhão à União até dezembro de 2047, com correção pela taxa Selic, pela prática de crimes investigados no âmbito da Operação Lava Jato . Em contrapartida, a empreiteira fica habilitada para celebrar novos contratos com o governo federal. Na manhã desta quinta, 14, a Advocacia-Geral da União e a Controladoria Geral-União anunciaram a celebração de acordo de leniência com a construtora, o terceiro maior da história — atrás apenas dos fechados com a Odebrecht (R$ 2,7 bi) e a Braskem (R$ 2,87 bi).
Segundo a AGU e a CGU, o montante envolve os pagamentos de dano, enriquecimento ilícito e multa, no âmbito de contratos fraudulentos envolvendo recursos públicos federais.
Também nesta semana, a AGU e a CGU assinaram um acordo com a dona da Nova Engevix Engenharia e da Nova Engevix Construções, a holding Nova Participações. A empresa se comprometeu a pagar R$ 516,3 milhões à União até janeiro de 2046, com correção pela taxa Selic.
A CGU e a AGU já assinaram outros dez acordos de leniência com empresas investigadas pela prática de crimes previstos na Lei Anticorrupção (nº 12.846/2013) e na Lei de Licitações (nº 8.666/1993). Além desses, cerca de outros 22 acordos estão em andamento.
Com a celebração do acordo com a OAS, o montante de recursos que retornará aos cofres públicos atingiu a marca de R$ 13,58 bilhões.
Resposta da OAS
"A leniência assinada hoje pelo Grupo OAS, no valor de R$1,9 bilhão, é bastante significativa por tratar-se do terceiro maior acordo firmado pela União Federal com empresas envolvidas em irregularidades apuradas pela operação Lava Jato. Foi um longo processo de negociações, com quase quatro anos de tratativas e intenso trabalho dos envolvidos para se chegar ao melhor termo. Importante destacar a atuação conjunta da CGU e AGU, o que permitiu dar maior segurança jurídica ao acordo, com total transparência e boa-fé nas negociações."
"O acordo de leniência assinado viabiliza a devolução à União de altos valores que haviam sido desviados para o pagamento de propinas. Valores estes que agora, revertidos ao erário, poderão ser aplicados em prol da sociedade. Além disso, o acordo, pela completa transparência adotada nas negociações, propicia uma grande alavancagem investigativa para os órgãos de controle, que poderão sancionar os demais envolvidos e buscar o amplo ressarcimento dos ilícitos reconhecidos."
"A partir de agora, a OAS terá a possibilidade de construir uma nova história. Com a leniência, o Grupo Empresarial se compromete com o Estado em implementar programas efetivos de integridade, para uma atuação ética e íntegra em seus negócios. Por outro lado, reconhece e indeniza o erário pelos erros cometidos no passado, evidenciando a sua intenção de ajustar suas condutas para voltar a participar efetivamente do mercado e consequentemente, do crescimento do país."