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O que inspira Fabio Coelho à frente do Google

Presidente do Google Brasil diz que, para lidar com o poder, usa como referência o clássico "A revolução dos bichos", de George Orwell. Veja o que mais o inspira

Fabio Coelho: presidente do Google Brasil é viciado em séries de televisão e assiste a pelo três simualtaneamente (Divulgação/Google)

Luísa Melo

Publicado em 3 de fevereiro de 2014 às 18h11.

São Paulo - Fabio Coelho, presidente do Google Brasil é assumidamente viciado em seriados . Toda semana, junto da esposa, ele assiste a pelo menos três: Modern Family, Homeland e The Good Wife.  O tempo que usa para ver as séries, segundo ele,  significa investimento em si mesmo. "Trato de valorizar o que é importante para minha família e o que é importante para mim. E importante para mim é ter tempo para renovação, reflexão. Consigo fazer isso no fim de semana.  Cada capítulo tem de 20 a 30 minutos, então gastamos mais ou menos uma hora e meia", conta.

Além dos seriados, Fabio aprecia narrativas com contexo histórico. Atualmente, ele está lendo 1889", de Laurentino Gomes, um livro que conta a história da proclamação da República do Brasil. A obra é a última de uma trilogia composta também pelos títulos "1808"–sobre como a corte portuguesa fugiu para o Brasil e se instalou por aqui–e "1822"–sobre como, contrariando diversos obstáculos, o Brasil se tornou independente de Portugal. Os dois livros já fazem parte do repertório de Fabio.

"Para você trabalhar bem, é preciso entender o contexto em que está inserido. E entender o contexto é coompreender as pessoas e suas motivações. O motivo porque o brasileiro é brasileiro começa lá atrás. Leio para aprender a lidar com as instituições no Brasil", diz.

Veja o que mais é referência para Fabio Coelho:

Líder:Ike Harris, chairman da Cigna

Presidente do Conselho de Administração da seguradora Cigna, Ike Harris é também ex-jogador de futebol americano, considerado um ídolo nos Estados Unidos. Negro e de uma família pobre do estado do Arkansas, Harris chegou à universidade devido a uma bolsa de estudos. Ele tornou-se jogador profissional e foi destaque no New Orleans Saints, time em que jogou por um longo tempo.

Com cerca de 30 anos, Harris decidiu se aposentar para estudar finanças. Assim começou a sua carreira no mundo corporativo, passando por cargos como o de presidente da BellSouth Enterprises e chegando a chairman da Cigna. Harris foi chefe de Fabio quando o brasileiro presidiu a unidade de negócio digital da AT&T, nos Estados Unidos.

"Entendo que temos líderes fantásticos que ajudaram a criar um mundo melhor, como Mandela, Gandhi, Dr. King e, no mundo dos negócios, cabeças privilegiadas como Larry Page, Bill Gates e Richard Branson. Porém, gostaria de destacar alguém que me marcou profundamente pela sua trajetória e estilo, que foi Ike Harris.

Ele é uma figura interessantíssima. Ike conseguiu sair de uma cidade muito pobre do Arkansas e ganhar uma bolsa para ser atleta universitário. Com 20 anos ele se casou com uma americana branca, em uma época em que esses casamentos eram 'proibidos'. O respeito que eu tenho por esse cara é enorme. Ele não só teve sucesso como atleta, como venceu todos os preconceitos corporativos chegando a chairman de uma empresa nos Estados Unidos.

Ike se dizia um sujeito normal, mas com uma determinação extraordinária. Um dos conhecimentos que ele nos passou é: 'você deve aparecer para treinar cedo e treinar, treinar e treinar, com determinação e persitência'. Ele dizia que o verdadeiro profissional é aquele que faz o seu trabalho bem feito mesmo quando não está afim de fazer. Para ele, isso é que é profissionalismo.

Cada executivo nos ensina coisas que tentamos adotar e outras que aprendemos para não fazer igual. Esse é um sujeito que me inspirou muita reflexão sobre humildade–porque ele falava sempre baixinho–, respeito às pessoas e, especialmente, sobre como contornar obstáculos. Ele conseguiu prosperar  em um mundo de adversidades, apresentando soluções e fazendo ajustes o tempo todo, seja no trabalho, no esporte ou no ambiente social.

Livro:A revolução dos bichos, de George Orwell

(Reprodução/Companhia das Letras)

Publicado em 1945, o clássico de George Orwell é uma sátira à ditadura de Stalin na União Soviética. Na obra, de título original "Animal Farm", animais que moram em um granja se cansam da dominação humana e começam uma revolução, liderada pelos porcos.

"O livro é fantástico! Na cena em que a ovelha vê os porquinhos (que começaram a revolta contra os humanos) andando de pé, você começa  a ver que as classes que chegam ao poder muitas vezes se comportam exatamente como as outras classes. Eu recomendo muito esse livro porque ele faz uma reflexão sobre como o poder pode transformar as pessoas.

Você pode pensar isso do ponto de vista político ou de uma maneira mais ampla, que é o poder em geral, nas relações interpessoais, nas organizações. Eu tenho isso muito claro, para não virar um porquinho que fica de pé. Apesar de ser de 1945, a história ainda é fresca. Funciona independente da época, é impressionante".

Filme:"Estada para a Glória", dirigido por James Gartner

(Reprodução/Disney)

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São Paulo - Fabio Coelho, presidente do Google Brasil é assumidamente viciado em seriados . Toda semana, junto da esposa, ele assiste a pelo menos três: Modern Family, Homeland e The Good Wife.  O tempo que usa para ver as séries, segundo ele,  significa investimento em si mesmo. "Trato de valorizar o que é importante para minha família e o que é importante para mim. E importante para mim é ter tempo para renovação, reflexão. Consigo fazer isso no fim de semana.  Cada capítulo tem de 20 a 30 minutos, então gastamos mais ou menos uma hora e meia", conta.

Além dos seriados, Fabio aprecia narrativas com contexo histórico. Atualmente, ele está lendo 1889", de Laurentino Gomes, um livro que conta a história da proclamação da República do Brasil. A obra é a última de uma trilogia composta também pelos títulos "1808"–sobre como a corte portuguesa fugiu para o Brasil e se instalou por aqui–e "1822"–sobre como, contrariando diversos obstáculos, o Brasil se tornou independente de Portugal. Os dois livros já fazem parte do repertório de Fabio.

"Para você trabalhar bem, é preciso entender o contexto em que está inserido. E entender o contexto é coompreender as pessoas e suas motivações. O motivo porque o brasileiro é brasileiro começa lá atrás. Leio para aprender a lidar com as instituições no Brasil", diz.

Veja o que mais é referência para Fabio Coelho:

Líder:Ike Harris, chairman da Cigna

Presidente do Conselho de Administração da seguradora Cigna, Ike Harris é também ex-jogador de futebol americano, considerado um ídolo nos Estados Unidos. Negro e de uma família pobre do estado do Arkansas, Harris chegou à universidade devido a uma bolsa de estudos. Ele tornou-se jogador profissional e foi destaque no New Orleans Saints, time em que jogou por um longo tempo.

Com cerca de 30 anos, Harris decidiu se aposentar para estudar finanças. Assim começou a sua carreira no mundo corporativo, passando por cargos como o de presidente da BellSouth Enterprises e chegando a chairman da Cigna. Harris foi chefe de Fabio quando o brasileiro presidiu a unidade de negócio digital da AT&T, nos Estados Unidos.

"Entendo que temos líderes fantásticos que ajudaram a criar um mundo melhor, como Mandela, Gandhi, Dr. King e, no mundo dos negócios, cabeças privilegiadas como Larry Page, Bill Gates e Richard Branson. Porém, gostaria de destacar alguém que me marcou profundamente pela sua trajetória e estilo, que foi Ike Harris.

Ele é uma figura interessantíssima. Ike conseguiu sair de uma cidade muito pobre do Arkansas e ganhar uma bolsa para ser atleta universitário. Com 20 anos ele se casou com uma americana branca, em uma época em que esses casamentos eram 'proibidos'. O respeito que eu tenho por esse cara é enorme. Ele não só teve sucesso como atleta, como venceu todos os preconceitos corporativos chegando a chairman de uma empresa nos Estados Unidos.

Ike se dizia um sujeito normal, mas com uma determinação extraordinária. Um dos conhecimentos que ele nos passou é: 'você deve aparecer para treinar cedo e treinar, treinar e treinar, com determinação e persitência'. Ele dizia que o verdadeiro profissional é aquele que faz o seu trabalho bem feito mesmo quando não está afim de fazer. Para ele, isso é que é profissionalismo.

Cada executivo nos ensina coisas que tentamos adotar e outras que aprendemos para não fazer igual. Esse é um sujeito que me inspirou muita reflexão sobre humildade–porque ele falava sempre baixinho–, respeito às pessoas e, especialmente, sobre como contornar obstáculos. Ele conseguiu prosperar  em um mundo de adversidades, apresentando soluções e fazendo ajustes o tempo todo, seja no trabalho, no esporte ou no ambiente social.

Livro:A revolução dos bichos, de George Orwell

(Reprodução/Companhia das Letras)

Publicado em 1945, o clássico de George Orwell é uma sátira à ditadura de Stalin na União Soviética. Na obra, de título original "Animal Farm", animais que moram em um granja se cansam da dominação humana e começam uma revolução, liderada pelos porcos.

"O livro é fantástico! Na cena em que a ovelha vê os porquinhos (que começaram a revolta contra os humanos) andando de pé, você começa  a ver que as classes que chegam ao poder muitas vezes se comportam exatamente como as outras classes. Eu recomendo muito esse livro porque ele faz uma reflexão sobre como o poder pode transformar as pessoas.

Você pode pensar isso do ponto de vista político ou de uma maneira mais ampla, que é o poder em geral, nas relações interpessoais, nas organizações. Eu tenho isso muito claro, para não virar um porquinho que fica de pé. Apesar de ser de 1945, a história ainda é fresca. Funciona independente da época, é impressionante".

Filme:"Estada para a Glória", dirigido por James Gartner

(Reprodução/Disney)

De título original "Glory Road", o filme é baseado na história real da equipe de basquete universitário do Texas Western College, a primeira a ter somente negros como titulares. Ao deixar de se preocupar com a cor da pele e levando em conta apenas o talento dos jogadores, o técnico Don Hanskins, que é branco, consagra o time campeão da NCAA (a liga universitária) de 1966, nos Estados Unidos.

"O filme é um belíssimo exemplo de superação e luta contra o preconceito. Além disso, ele promove uma reflexão para o mundo corporativo: às vezes você tem que alterar o modelo e as regras estabelecidas, romper paradigmas para conseguir um resultado muito melhor", diz Coelho.

Além desse, outro filme que trata da superação de problemas marcou a memória do executivo. É o longa "Filhos do Paraíso" (Children of Heaven), primeira produção iraniana a concorrer ao Oscar.

A obra relata as artimanhas de um menino que perde o único par de sapatos da irmã quando vai levá-lo para o conserto. Para evitar a bronca dos pais e possibilitar que a garota continue a frequentar a escola, ele passa a revezar o seu próprio calçado com a irmã.

"É uma história que fala da engenhosidade de duas crianças para poderem sobreviver, de como elas usam a criativade. E é também um filme que provoca uma profunda reflexão sobre a sociedade de consumo, sobre como vivemos em um mundo tão consumista sabendo que, ao lado, há gente com tanta necessidade básica não compreendida".

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