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O plano costurado pela C&A para perder menos funcionários

Rotatividade caiu 7% nos últimos 2 anos na varejista. Empresa diz que convence equipe a vestir a camisa divulgando vagas de emprego internamente e com treinamentos

C&A: Em 2013, das 400 vagas abertas na empresa, 35% foram preenchidas internamente (Pedro Zambarda/Site Exame)

Luísa Melo

Publicado em 27 de junho de 2014 às 09h25.

São Paulo -Nos últimos dois anos, o número de empregados que pedem demissão ou precisam ser desligados na C&A caiu 7%.Para uma companhia dosetor varejista , em que a rotatividade de pessoal é historicamente alta, esse índice pode ser significativo.

A empresa atribui o melhor desempenho em reter a equipe aos programas de valorização de pessoas que adota. Um deles é o “Oportunidades internas”, por meio do qual ela anuncia vagas de emprego aos próprios funcionários antes de divulgá-las para o mercado.

A comunicação é feita semanalmente pela intranet ou pelo informativo “C&A News”, que possui também uma versão impressa. Por meio desse projeto, trabalhadores insatisfeitos com a função que desempenham têm a opção de mudar de área, ou mesmo ascender na carreira – e é aí que a C&A os conquista.

A partir do momento em que o empregado se candidata ao cargo aberto, ele concorre igualmente com outros profissionais, mas recebe uma orientação especial ao fim do processo de seleção para entender por que foi classificado, ou não, para aquele posto.

“No caso de um feedback negativo, a conversa é aproveitada para tratar de aspectos que ele precisa desenvolver para conseguir uma próxima oportunidade”, explica Márcia Costa, vice-presidente de RH e Comunicação da C&A.

Em 2013, das 400 vagas que foram abertas na empresa, 35% foram preenchidas por pessoas que já faziam parte do seu quadro de funcionários.

Outro ponto que, segundo a companhia, ajuda na hora de convencer os empregados a vestirem a camisa e ficarem no emprego é a forma como eles são recebidos após a admissão.

O processo de integração de novos profissionais na varejista dura seis meses. Além de serem apresentados aos valores, cultura e normas da empresa, nos três primeiros meses de contrato, os trabalhadores recebem um feedback do nível gerencial sobre como estão se desenvolvendo. No segundo trimestre de experiência, esse encontro passa a acontecer mensalmente.

“Isso faz com que nossos funcionários sejam realmente acolhidos. Como é comum eles serem muito jovens e estarem no primeiro emprego, é importante que possam conhecer bem a empresa, os processos de trabalho, os produtos que vendem”, diz Márcia.

Além disso, ao entrar para a companhia, funcionários que trabalham em lojas ganham um “passaporte” no qual devem registrar todas as etapas de treinamento por quais passaram. Nos três primeiros meses, eles também contam com a ajuda e o acompanhamento de um padrinho.  No ano passado, 4.368 pessoas receberam esse tipo de instrução.

Para todos os empregados da empresa, a orientação por feedback não termina na integração. Ela acontece pelo menos uma vez por ano, nas avaliações de desempenho.

Treinamentos

Disponibilizar novos conhecimentos para a equipe é outra estratégia de retenção usada pela C&A. Em seu portal de educação corporativa, a companhia oferece 47 cursos online sobre diversos temas, para qualquer um que queria se inscrever. Todas as 270 lojas da rede possuem salas com computadores e internet. Só no ano passado, mais de 11.000 horas de treinamento foram ministradas para todos os níveis da companhia.

Além disso, a empresa realiza “minisséries”, que são treinamentos sobre ações comerciais e eventos aplicados pelos líderes através dinâmicas e material lúdico.

Bem estar e condições de trabalho

Apesar dos esforços, em maio, a C&A foi condenada pelo Superior Tribunal de Justiça (TST) a pagar uma indenização de 100.000 reais por dano moral coletivo depois de considerar as alegações do MPT de que a empresa teria "reduzido os seus empregados à condição análoga à de escravo" em lojas de shoppings no estado de Goiás.

A Procuradoria Geral do Trabalho do estado teria constatado, em 2009, que a varejista obrigava os empregados a trabalharem em feriados e aumentava o expediente para além do permitido por lei, além de impedi-los de tirar um intervalo para repouso e alimentação.

Para tentar conter esse tipo de problema, a companhia diz que tem investido constantemente em sistemas para que os funcionários possam planejar o seu horário de trabalho “de acordo com a disponibilidade de abertura e de venda de cada localidade, obedecendo a legislação”.

Um deles é uma cabine de comando eletrônica que mostra para os gerentes a quantidade de pessoas e as horas disponíveis que sua equipe tem para atuar, incluindo as folgas. “O gestor é quem tem de ficar de olho”, diz Márcia Costa.

“A fiscalização em Goiás foi um problema localizado. A C&A tem uma reputação a zelar e vem atuando de forma bastante respeitosa à lei trabalhista”, defende.

Veja também

Para conseguirmos redefinir sucesso além do dinheiro e poder, precisamos encarar o mundo do trabalho de uma forma um pouco diferente. Segundo Arianna Huffington, fundadora e CEO do The Huffington Post, em seu novo livro “Thrive”, para que tenhamos um melhor equilíbrio entre vida e trabalho, é recomendável fazer o logoff da conta de e-mail ao fim do dia de trabalho e dormir o suficiente para estar totalmente presente e produtivo quando você estiver realmente no trabalho. "Dormir para se promover", como ela chama. De olho nisso, algumas empresas já começam a apoiar os funcionários, criando culturas saudáveis, melhorando a saúde e bem-estar deles ao mesmo tempo em que reduzem custos com tratamentos de saúde e aumentam o engajamento. O Huffington Post UK reuniu em uma lista as empresas campeãs do bem-estar que andam fazendo bonito por aí. Os benefícios que a Google oferece certamente vão lhe causar inveja...
  • 2. Google

    2 /11(David Paul Morris/Bloomberg)

  • Trabalhar para o site de busca na sua sede, chamada googleplex, parece uma opção muito boa. Os funcionários na Google podem ficar em forma frequentando a academia ou piscinas na sede da empresa. As piscinas estreitas com água aquecida por bombas elétricas garantem uma forte correnteza em uma única direção, que permite que os funcionários nadem contra a corrente. Os funcionários também podem aproveitar o salão de beleza e a lavanderia disponíveis no local. E como se isso não bastasse, também podem comer de graça por lá. Outro benefício famoso daqueles que trabalham na Google é o programa de 20% do tempo. É permitido que os funcionários usem até 20% do tempo da semana de trabalho para desenvolver projetos especiais que não estão relacionados à carga de trabalho normal.
  • 3. Adidas

    3 /11(Divulgação/Adidas)

    A empresa de artigos esportivos recentemente conquistou o primeiro lugar do Britain's Healthiest Company Awards, prêmio que reconhece as empresas britânicas mais saudáveis. Isso porque a Adidas conseguiu reduzir a média total de dias perdidos por ano por funcionário para 2.5. A média da indústria é de aproximadamente 6 dias. Como? Eles chegam a incluir cirurgia no consultório médico, serviços de fisioterapia e opções saudáveis de alimentos no refeitório da empresa aos benefícios. Há também uma campanha para aumentar a conscientização de questões relacionadas ao estresse dentro da empresa.
  • 4. Random House

    4 /11(Wikimedia Commons)

    A editora Random House empenha-se em oferecer bastante tempo para os seus funcionários recarregarem as energias. Além das três semanas de férias pagas (quatro semanas após um ano na empresa), a Random House dá uma semana de férias pagas entre o Natal e o Ano Novo, e permite também que a equipe trabalhe menos horas durante os meses do verão. Manter a boa forma também é parte importante da política da editoria - aulas de ioga e pilates estão disponíveis, além de times de vários esportes, dos quais os funcionários podem participar.
  • 5. Asos

    5 /11(Chris Ratcliffe/Bloomberg)

    Quem quer trabalhar no dia do aniversário? Ninguém, claro. Por isso, ASOS, um varejista online, dá folga para os funcionários no dia de aniversário deles. Além disso, a equipe encerra o expediente às 15h, na sexta-feira, durante os meses de verão e recebe descontos para a compra de iPads, ingressos para o cinema e vales para tratamentos de spa.
  • 6. Deloitte

    6 /11(Wikicommons)

    A empresa de serviços profissionais Deloitte entende a importância de equilibrar as necessidades imediatas dos funcionários ao mesmo tempo em que reconhece as aspirações de longo prazo deles. Os funcionários não precisam sacrificar o sonho de suas vidas pela carreira, porque eles recebem o benefício de uma licença sabática (excepcionalmente longa). A empresa oferece três a seis meses (sim, meses!) com salário parcial para o funcionário que deseja fazer algum trabalho voluntário ou fazer alguma atividade de enriquecimento profissional. Segundo eles, a razão desse esquema é dar aos funcionários "tempo para renovar-se e reciclar-se, ajudando assim a aumentar a sua eficácia, criatividade e produtividade".
  • 7. Unilever

    7 /11(Marcela Beltrão/EXAME.com)

    A Unilever diz que apoia os funcionários ao satisfazer as suas ambições, dando-lhes a oportunidade de trabalhar em um lugar produtivo e saudável. Para quem tem filho, é uma ótima empresa. Não à toa, em 2012, ela ganhou um prêmio de "inovação na flexibilização do trabalho". A empresa oferece a oportunidade de participar do que eles chamam de 'esquema de trabalho ágil', que inclui horários flexíveis de trabalho, 'sabáticos de carreira" ou licença-maternidade estendida.
  • 8. The Huffington Post

    8 /11(Nicholas Kamm/AFP)

    Modéstia a parte - não poderíamos criar essa lista sem incluir o HuffPost. A AOL/Huffington Post tem uma "concha do cochilo" no escritório de Nova Iorque, onde os funcionários podem descansar. No escritório do Reino Unido, disponibilizam frutas frescas para a equipe todas as manhãs, aulas de fitness, desconto na mensalidade em academias e happy hour uma vez por semana - e quem paga a rodada é o HuffPost!
  • 9. Facebook

    9 /11(Reuters)

    Vá trabalhar no Facebook e você nunca terá que sair. A sede da rede social no Vale do Silício parece uma cidade, onde os funcionários podem entrar na confeitaria, no banco, no consultório do dentista, do médico, na academia, na oficina de conserto de bicicletas, no barbeiro, na lavanderia, na cafeteria, restaurante de sushi, loja de video games, barraca de churrasco, restaurante mexicano, pizzaria e lanchonete. As paredes da sede do Facebook mudam constantemente - os funcionários são encorajados a usar a criatividade e escrever nelas!
  • 10. LinkedIn

    10 /11(Justin Sullivan / Getty Images)

    Linkedin, a rede social onde as pessoas vão para achar empregos, é em si um bom lugar para trabalhar. Eles contratam a empresa de ioga Hotpod Yoga para os funcionários - a Hotpod monta uma sala "pop up" móvel, onde a equipe pode fazer aulas de Hot Yoga em um local que é completamente diferente do ambiente de trabalho normal. Outras aulas gratuitas oferecidas são: Tai Chi, Zumba, InShape (uma aula tipo crossfit), BOSU, TRX, Power Yoga e aulas de musculação.
  • 11. Amazon

    11 /11(Rick Wilking/Reuters)

    Se você gosta de cachorros, talvez você se interesse em trabalhar na Amazon. O varejista online permite a presença de cães na maioria dos seus escritórios. Nos escritórios de Seattle, há um parque especial para cães, onde todos os amigos caninos podem esticar as pernas ou fazer as necessidades. As mesas na recepção têm um estoque de biscoitinhos para cachorros e existem bebedouros especiais para eles nas dependências da empresa.
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