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O negócio delas é garantir o agendamento de uma consulta com um bom médico em até 48 horas

Startup Melvi, de São Paulo, captou 9,8 milhões de dólares com fundos globais como Kaszek e Canary para resolver um dilema de muitos brasileiros: encontrar um profissional de saúde com ótimas referências — e agenda acessível

Marcela Sobrinho, Mariana Paixão e Nino Vashakidze, fundadoras da Melvi: 1.500 médicos cadastrados na plataforma e planos de incluir o agendamento de exames (Tiago Queiroz/Divulgação)
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 2 de novembro de 2023 às 14h30.

Última atualização em 6 de novembro de 2023 às 11h07.

As empreendedoras Mariana Paixão, Marcela Sobrinho e Nino Vashakidze montaram um negócio para resolver uma dor de cabeça comum a quem precisa marcar uma consulta médica: encontrar um profissional conceituado sem muita complicação.

Quem já precisou marcar consulta médica já deve ter encarado um desses dilemas. Conseguir um espaço na agenda de profissionais com boa reputação costuma depender de uma espera de semanas.

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Está com urgência? Um jeito é encarar a fila do pronto-socorro. Nesses casos, é grande a chance de ser atendido por um clínico geral sem condições (nem tempo) de acessar o histórico do paciente e muito menos ter muita intimidade com o quadro clínico.

Para quem tem plano de saúde, há ainda a opção de recorrer a algum nome na rede referenciada do convênio de maneira aleatória.

Aí, de novo, são grandes as chances de o profissional só ter agenda para dali semanas. Ou de faltar uma conexão entre médico e paciente. Ou, ainda, tudo isso junto.

O desalinhamento de expectativas pode ser elevado à enésima potência numa metrópole como São Paulo, onde atuam mais de 49.000 médicos e, mesmo assim, são comuns os relatos de gente insatisfeita com o acesso à saúde.

O que faz a Melvi

O caldo de insatisfações dos pacientes motivou a fundação da Melvi, um marketplace entre pacientes e médicos especialistas com agenda aberta para uma consulta em até 48 horas.

Aberta em 2021, em São Paulo, a Melvi começou como um cartão de benefícios de baixa mensalidade. A proposta era atuar em pilares como telemedicina e saúde da família, demandas urgentes em tempos de pandemia.

Em março deste ano, já passado o momento mais crítico da pandemia, o modelo de negócio inicial foi alterado para o de uma plataforma para agendar uma consulta médica.

À diferença de outras empresas com classificados online de profissionais de saúde, na Melvi o paciente pode pagar pela consulta diretamente pelo site. Ou, ainda, resolver boa parte da burocracia para o reembolso junto ao convênio médico.

Para isso, a própria Melvi cadastra profissionais. "Buscamos médicos com ótimas avaliações de pacientes, seja online ou por outras vias, e incentivamos os comentários positivos ou não dos pacientes dentro da plataforma", diz Paixão.

"Dessa maneira, conseguimos prometer a devolução do dinheiro e o reagendamento com outro profissional da mesma especialidade caso a experiência do usuário não seja positiva."

Em outra frente, a equipe da Melvi negocia com os médicos os preços a serem oferecidos dentro da plataforma.

"Como conseguimos levar um fluxo de pacientes muito acima do que o médico teria sem estar na plataforma, conseguimos descontos em média de 50% em relação ao preço praticado a quem vai diretamente na clínica", diz a empreendedora.

Quem são as empreendedoras

Desde o pivô no modelo de negócios, a Melvi triplicou o número de usuários ativos na plataforma. Atualmente, 1.500 médicos oferecem serviços por ali.

A vontade de atuar com tecnologia para saúde estava há tempos na cabeça de Mariana Paixão.

Economista pela Ibmec e com mestrado na escola de negócios da Universidade de Stanford, na Califórnia, Paixão atuou no mercado financeiro com passagens por gestoras de Nova York e Boston, onde foi investidora de mercados emergentes por seis anos.

Atuando no lado buy side, ela se especializou no acompanhamento de empresas de saúde com atuação na América Latina.

De volta ao Brasil, em 2017 ela esteve ao lado de Florian Hagenbuch e Mate Pencz na fundação da Loft, empresa de tecnologia para o mercado imobiliário.

A pandemia deu o empurrão para ela tirar do papel o investimento em tecnologia para saúde.

Para isso, se juntou à Marcela Sobrinho, engenheira formada pelo ITA e com experiência em Microsoft e Pinterest, em Seattle, antes de ingressar na Loft como engenheira de software.

Além disso, compõe o quadro de sócias da Melvi a georgiana Nino Vashakidze, que trocou uma carreira em private equity em Londres e Dubai para atuar nos desafios da saúde pública brasileira.

Para onde vai o negócio

À época da abertura da Melvi, as três sócias captaram 9,8 milhões de dólares de investidores globais. Na lista estão:

Com meta de atender mais de 150.000 pacientes até 2024, a Melvi atua em 91 bairros de São Paulo, bem como cidades adjacentes.

Daqui para frente, o foco é ampliar o número de especialistas cadastrados e adicionar serviços.

"Queremos incluir novas categorias de serviços, como exames e, quem sabe, remédios", diz Paixão.

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