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O mercado de US$ 69 bilhões que atraiu o criador de uma das principais redes de academia do Brasil

Pernambucano criou rede de franquia de estéticas que vai faturar R$ 300 milhões em 2024

Nelson Lins, da Face Doctor: expectativa é bater 300 milhões de reais em faturamento (Face Doctor/Divulgação)

Nelson Lins, da Face Doctor: expectativa é bater 300 milhões de reais em faturamento (Face Doctor/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de janeiro de 2024 às 10h55.

Última atualização em 8 de fevereiro de 2024 às 14h30.

De pesos e halteres para tratamentos dermatológicos. É esse o caminho que o empresário pernambucano Nelson Lins, de Recife, está trilhando em sua jornada empreendedora.

Ele é o fundador da Selfit, uma das maiores redes de academias do país, com atuação no Brasil inteiro, principalmente no Norte e Nordeste. Por ali, já fatura mais de 170 milhões de reais, numa gestão compartilhada com o fundo de investimento HIG, que aportou milhões de reais na operação em 2016. 

Naquela época, decidiu que estava na hora de voltar a arriscar - e sentir o gostinho de empreender desde o início novamente. Olhou para um mercado atrelado à saúde e bem-estar, assim como as academias, e que começava a aquecer no Brasil: o de tratamentos estéticos.

A aposta foi certeira. De acordo com levantamento da The Brain Insights, o setor de procedimentos estéticos foi avaliado em 69,5 bilhões de dólares em 2022 e deve crescer a 10,4% ao ano até 2032. Ou seja, em menos de 10 anos, será um setor avaliado em 187,2 bilhões de dólares. No Brasil, conforme dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), este mercado já movimenta mais de 50 bilhões de reais, e o Brasil é o quarto maior consumidor mundial de estética. 

Foi assim que criou, em 2020, a Face Doctor, uma rede de tratamentos estéticos corporais e faciais que hoje já está com 100 lojas abertas e outras 50 em processo de abertura. Em 2023, a empresa faturou 130 milhões de reais. Para este ano, a ideia é dobrar de tamanho, e atingir 300 milhões em faturamento. 

“Queria fazer o que demorei uma década na Selfit em três anos na Face Doctor”, diz Lins. “Estudei tudo que deu certo na academia, os mercados que mais bombaram, os pontos de operações que tiveram melhor resultado e fui para cima. Precisava de um negócio rentável para os franqueados”. 

Parece que conseguiu. Pelo menos se bater a meta de ter 300 lojas da Face Doctor até o fim do ano. Na Selfit, são 108 operações, entre franqueados e próprios.

Qual a história de Nelson Lins

Lins começou sua vida profissional auxiliando clientes no autoatendimento do Bradesco, numa agência em Recife. Por lá, cresceu até virar gerente da operação, mas começou a se incomodar com algumas limitações naturais de grandes operações. “Percebi que se eu fizesse algo para mim, poderia ter um projeto sem a limitação de organograma de um banco”, diz. “Sempre tive espírito empreendedor”. 

Foi aí que, ainda na gerência do banco, resolveu montar um modelo de negócio e apresentar para o Banco do Brasil, que, à época, estava com um programa de créditos com taxas subsidiadas para pequenos empreendedores. O negócio? Uma rede de academias.

O projeto foi aprovado e Lins conseguiu tomar 200.000 reais em crédito. O ano era 2009. O pernambucano foi lá e montou a sua primeira academia, na zona norte de Recife, num bairro popular. Deu certo. A operação funcionou por quatro anos, até que o empresário reestruturou o negócio focando em academias de baixo custo, as conhecidas low cost. A mensalidade custava 49 reais. 

“Com a low cost, o negócio foi expandindo. Em pouco tempo, já tinha cinco unidades”, diz.

No final de 2015, o fundo de private equity HIG aportou 500 milhões de reais na empresa e ajudou na expansão do negócio, que hoje conta com uma gestão profissionalizada e planos de IPO. São 108 unidades - com novas no radar. Só em janeiro, são oito aberturas.  

Como surgiu a oportunidade de criar a Face Doctor 

Depois do aporte, Lins continuou um tempo no comando da rede de academias, até começar um processo de transição que o colocou como membro do conselho de administração, mas fora da execução diária da operação. 

Nesse movimento, o empresário voltou a pesquisar mercados para entender onde havia oportunidade para decolar. E a encontrou no setor de estética. 

“Foi quando eu observei que no segmento de estética, existiam excelentes profissionais, mas experiência com gestão, marketing, contabilidade, vendas e liderança”, diz. “Para mim, ficou claro que se eu criasse um modelo de negócio e entregasse pronto para esse profissional, havia uma oportunidade quente”. 

Foi o que ele fez. Estruturou um modelo de negócio apoiado na marca Face Doctor para vender a profissionais que queriam ter um negócio nesse setor. Para ajudar nessa estrutura, apoiou-se nos aprendizados que teve na Selfit. 

“São públicos correlacionados, é o público que se preocupa com a academia também”, diz.

Hoje, a Face Doctor já ultrapassou 150 unidades, sendo 100 em funcionamento e outras 50 a abrirem nos próximos três meses. Ano passado, faturaram 130 milhões de reais, valor que deve dobrar até o fim do ano. 

“Chega um determinado momento que você não consegue dobrar de tamanho sempre, fazer esse crescimento é desafiador”, diz. “Mas temos ainda uma demanda reprimida gigante em procura por novos franqueados. Temos aproximadamente entre 10 e 20 novas vendas de franquia por mês. Ou seja, segue aquecido”. 

A longo prazo, o plano é ter quase 1000 unidades da Face Doctor pelo Brasil. Entre os produtos oferecidos pela empresa estão:

  • Botox
  • Preenchedores
  • Lipo de papada
  • Skinbooster
  • Microagulhamento
  • Mesoterapia capilar

Quais os planos futuros da Face Doctor

Para 2024, há planos no radar para aumentar o faturamento não só com novas lojas, mas também com as operações já existentes. 

Uma das estratégias para isso é uma parceria com a atriz Cláudia Raia, nova garota propaganda da marca. Segundo Lins, a empresa está em negociação para desenvolver uma linha de produtos para pele em parceria com a artista. Caso se concretize, será uma nova forma de alavancar as receitas. 

“Não queremos aumentar só o número de unidades, mas também as vendas”, afirma. “Uma unidade que faturava 100.000 reais no início por mês, hoje já fatura cerca de 500.000 reais por mês. Isso também se dá pela força cada vez maior da marca em si”.

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