O marketing digital está bombando na América Latina, mas profissionais veem 'gaps' no caminho
Um estudo da plataforma para campanhas online Braze com profissionais de marketing no Brasil e no México revela dúvidas sobre a capacidade de as empresas tocarem adiante os planos para engajamento dos clientes em 2024
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 31 de maio de 2024 às 16h32.
Última atualização em 31 de maio de 2024 às 16h47.
A América Latina é uma das mecas globais do marketing digital. Com mais de 660 milhões de habitantes, a maioria deles em países onde boa parte da interação já é feita via smartphones, como é o caso do Brasil, a região virou um campo de experimentação para campanhas online.
O investimento em marketing digital pelas empresas latino-americanas deve crescer 15% ao ano até 2027, quando deve atingir 98,9 bilhões de dólares, de acordo com uma projeção da UnivDatos Market Insights, um monitor de indicadores do setor. A expansão deve ser puxada pela aposta na inteligência artificial para turbinar a publicidade online.
Um olhar para outras percepções de quem faz o marketing digital na região mostra uma realidade menos rósea. É o que mostra um estudo com 1.900 profissionais de marketing digital em 14 países patrocinado pela empresa americana Braze, desenvolvedora de uma plataforma para criação de campanhas online. Na América Latina, foram ouvidos marqueteiros no Brasil e no México.
O que diz o estudo
Chamado de 2024 Global Customer Engagement Review, o estudo apontou o seguinte:
- 87% das empresas ouvidas no estudo bateram as metas de vendas em 2023. Na América Latina, o índice chegou a 90%;
- 73% dos profissionais confiam num aumento de orçamento para campanhas de marketing em 2024. Considerando só as respostas de gente do Brasil e do México, a fatia cai a 56%;
- Entre os maiores entraves para o trabalho dos profissionais de marketing online na América Latina estão falta de tecnologia para colocar em práticas suas ideias (47% colocaram esse motivo) e a perda de tempo com tarefas de rotina ou de execução dos projetos (45%)
"Os profissionais de marketing da América Latina preveem um orçamento apertado para o tamanho das demandas projetadas para eles em 2024", diz Myles Kleeger, presidente e diretor comercial da Braze. Na empresa desde 2014, antes ele passou pela concorrente Salesforce além de ter trabalhado na agência de publicidade Publicis Kaplan Thaler Group.
"Mais do que isso: muitos profissionais de marketing consideram seus times pouco preparados do ponto de vista de tecnologia para os desafios a seguir."
Não à toa, a Kleeger esteve no Brasil durante a segunda edição do Web Summit Rio, evento de tecnologia realizado em abril no Rio de Janeiro.
Entre outras coisas, anunciou a abertura de uma operação da Braze no Brasil para dar conta da demanda da região. O escritório será comandado por Rene Lima, profissional também oriundo da Salesforce.
Até então, a Braze operava no Brasil por meio de revendedores autorizados. Entre os clientes estão nomes conhecidos do comércio eletrônico como o delivery de alimentos iFood e o clube de compras de móveis e artigos de decoração Westwing.
Em 2023, a Braze teve receita de 355 milhões de dólares, de acordo com o balanço do primeiro trimestre de 2024 informado pela companhia, que é listada na Nasdaq, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos. O volume é 49,3% acima do reportado em 2022.