O coronavírus deve passar longe do balanço da Vale
Estimativas apontam para uma receita líquida de 37 bilhões de reais, alta de 20% sobre o mesmo período do ano passado
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2020 às 06h30.
Última atualização em 28 de abril de 2020 às 06h48.
A temporada de balanços financeiros do primeiro trimestre segue hoje com uma exceção. Não olhe para a Vale em busca de pistas sobre os efeitos danosos da crise do coronavírus . Pelo menos, ainda não.
A Vale deve apresentar um balanço financeiro robusto referente ao primeiro trimestre nesta terça-feira, 28, após o fechamento do mercado. Estimativas apontam para uma receita líquida de 37 bilhões de reais, alta de 20% sobre o mesmo período do ano passado.
Na semana passada, a mineradora reportou produção abaixo do esperado, em razão de problemas climáticos e manutenção não programada no sistema de transporte do S11D, seu maior projeto na região de Carajás.
Ainda assim, os preços estáveis ajudaram a companhia a equilibrar algumas perdas do período. Segundo projeções de analistas compiladas pela Bloomberg, a geração de caixa da Vale medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), no primeiro trimestre, deve atingir 16,3 bilhões de reais, revertendo Ebitda negativo de um ano antes.
O lucro líquido deve alcançar cerca de 5 bilhões de reais no trimestre, em um cenário sem provisões, de acordo com a média da Bloomberg. No entanto, segundo estimativas do BTG Pactual, a mineradora pode provisionar 200 milhões de dólares – cerca de 1 bilhão de reais – no período, relacionados principalmente a Brumadinho.
Para Pedro de Marco, analista especializado em commodities da gestora Reach Capital, a Vale teve problemas pontuais no primeiro trimestre, mas a demanda por minério de ferro segue firme, principalmente por parte da China, que está elevando os estímulos para infraestrutura.
“Com o dólar favorável para exportação e baixo endividamento, enxergamos um cenário positivo para a Vale neste ano”, diz o analista.
O único risco que ele vê para a mineradora é um possível atraso nas licenças de operação de algumas minas, diante das paralisações impostas pela pandemia do novo coronavírus. “Mesmo assim, a empresa tem caminhado praticamente alheia à crise da covid-19”, afirma de Marco.