O bilionário da vodca: ele abriu o negócio com 19 cartões de crédito e tem fortuna de US$ 6,5 bi
Bert Beveridge é o fundador da Tito’s Handmade Vodka, líder no mercado americano com 42% de participação
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de abril de 2024 às 11h00.
A vida de Bert Beveridge foi transformada ao assistir a um discurso motivacional nos anos 1990. Na TV, o palestrante dizia que pessoas que estão em uma encruzilhada precisam encontrar uma intersecção entre o que gostam de fazer e o que são boas em fazer.
Era onde o hoje bilionário e dono da Tito’s Handmade Vodka estava naquele momento. Formado em geologia e geofísica, ele trabalhou por anos na indústria do petróleo, em busca de reservas inexploradas e com processamentos geo sísmicos.
Chegou a fundar dois negócios na área, que acabaram por naufragar. Na crise do petróleo nos anos 1990, ele aceitou o convite de um amigo para vender hipotecas imobiliárias.
O que o animava, porém, era produzir vodcas com infusões, usando frutas e botânicos, e dar aos amigos no período natalino. “Achei que essa era a minha resposta”, escreveu Beveridge em artigo para o New York Times, em 2012.
Como nasceu o negócio
O passo seguinte foi buscar vender os seus produtos para lojas de licores. Ninguém quis, o mercado já estava dominado por uma infinidade de marcas. A sugestão dos estabelecimentos era para que ele produzisse uma vodca mais suave, com apelo ao público feminino jovem.
Usou a formação científica para fazer os testes dos produtos. No cozimento, entraram de batata e centeio a sorgo e trigo. Mas no pequeno alambique, construído com a ajuda de amigos, a preferência foi pela vodca que saiu a partir do milho.
Nascia ali o embrião da Tito's Handmade vodka, companhia criada em Austin, no Texas. A empresa, cujo nome se refere ao apelido de Beveridge, é hoje a líder do mercado de vodkas nos Estados Unidos, com 44,7% de participação, de acordo com a consultoria IBISWorld. A estimativa é de que tenha registrado uma receita anual de US$ 1,9 bilhão em 2022.
Os desafios antes dos bilhões
Para chegar aos números atuais, o empreendedor passou por maus bocados. O primeiro foi a desconfiança sobre o potencial do negócio. Por anos, ele recebeu negativas de investidores que diziam que nunca conseguiria as licenças operar até porque nunca tinha existido uma destilaria legal no estado.
Até 1994, fazer a destilação de bebidas era proibido no Texas e, por óbvio, ninguém queria colocar dinheiro. Foi a insistência do Beveridge que levou à abertura do mercado. Quando teve a licença negada pelas autoridades, ele se debruçar sobre o código do estado, encontrou uma brecha e fez a apelação.
Ganhou e abriu a empresa, que se apresenta como a primeira e mais velha destilaria do estado. Na fundação, ele utilizou todos os recursos que tinha para começar a produção logo depois de encontrar um distribuidor. E também os que não tinha: pegou empréstimos de cerca de US$ 90.000 usando 19 cartões de crédito.
Em matéria da Forbes, Beveridge contou que chegou a dormir em sofás e no chão para economizar enquanto tentava colocar a empresa de pé e aprimorar o produto.
O negócio foi fundado em 1994, mas a primeira caixa foi vendida apenas dois anos depois. O lucro demorou ainda mais: 8 anos. A virada do sinal negativo para o positivo veio em 2001, quando a Tito’s ganhou a competição mundial de vodcas, em São Francisco, nos Estados Unidos. De lá para cá, o negócio escalou inúmeras vezes.
No Brasil, os destilados produzidos pela Tito’s faz parte do portfólio da Aurora Fine Brands, que trabalha com produtos como Stoli, Laurent Perrier e Churchill’s.
A fortuna de Beveridge é estimada em US$ 6,5 bilhões, de acordo com a lista de bilionários da Forbes, o que o coloca na posição 403 entre as pessoas mais ricas do mundo.