O balanço revelador da Kraft Heinz: cadê o crescimento?
ÀS SETE - Quando a empresa divulgar seus resultados trimestrais e anuais vai ficar claro que uma companhia não pode viver só de eficiência operacional
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 06h22.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2018 às 07h21.
Quando a fabricante de alimentos Kraft Heinz divulgar seus resultados trimestrais e anuais antes da abertura do mercado americano nesta sexta-feira vai ficar claro que uma companhia não pode viver só de eficiência operacional.
Às Sete – um guia rápido para começar seu dia
Leia também estas outras notícias da seçãoÀs Setee comece o dia bem informado:
- Salários em dia: um drama a menos para o Rio
- O bilionário feriado do Ano Novo Chinês
- Cyril Ramaphosa: o novo presidente da África do Sul
- Curtas – uma seleção do mais importante no Brasil e no mundo
A Kraft Heinz, administrada pelo fundo brasileiro 3G desde sua criação, em 2015, vai voltar a apresentar resultados espetaculares em lucratividade e rentabilidade. Nos primeiros nove meses de 2017 a empresa anunciou lucro operacional de 5,1 bilhões de dólares, 12% acima do mesmo período de 2016.
Desde 2015, um rigoroso programa de controle de custos gerou mais de 2 bilhões de dólares em economia com a demissão de milhares de funcionários e o fechamento de escritórios e fábricas deficitários.
O problema está na dificuldade de crescer. Desde os anos 90, quando compraram a cervejaria brasileira Antarctica, os controladores do 3G preferem ganhar terreno por aquisições, e não organicamente, criando novas marcas, produtos, entrando em novos mercados.
Era esse o plano para a Kraft Heinz, que há um ano fez uma oferta pelo controle da gigante de bens de consumo Unilever. Mas a oferta foi prontamente rechaçada, e a companhia se viu obrigada a avançar sozinha. Não tem dado muito certo.
Um relatório do Deutsche Bank revela que em 2017 a empresa perdeu dinheiro e volume de vendas em nove de suas dez principais categorias, com destaque negativo para os três carros-chefe, as marcas Kraft, Heinz e Planters.
A boa notícia para o 3G é que, para 2018, a rentabilidade deve se manter elevada. Se está mais difícil cortar perto do osso, a companhia vai se beneficiar de uma inflação sob controle para matérias-primas e de uma reforma tributária que deve aliviar o pagamento de impostos nos Estados Unidos.
Some-se isso a um desempenho ruim na bolsa recentemente, e a empresa que nos últimos anos vinha sendo negociada com um prêmio pelo investidores agora é considerada barata na bolsa.
Dos 19 analistas que acompanham a Kraft Heinz, 14 recomendam a compra das ações, e nenhum recomenda a venda. O Deutsche Bank fixou o preço alvo em 84 dólares, quase 20% acima dos atuais 72.
Ainda assim, não seria o suficiente para se recuperar dos terríveis últimos 12 meses, quando as ações recuaram 20% ante uma alta de 22% do índice Dow Jones e de 13% do S&P 500.
Em apresentação a investidores na noite de ontem, o presidente da Kraft Heinz, o brasileiro Bernardo Hees, voltou a dar pistas de que a empresa está pronta para aquisições e para expansão do portfólio mundo afora. Seria uma resposta bem ao estilo 3G para os desafios que cercam a companhia.