São Paulo - Ao anunciar a compra bilionária da WhiteWave, na quinta-feira (7), a Danone deixou claro o seu objetivo: criar uma líder global que ofereça "opções de comida e bebida saudáveis" aos consumidores.
Mas, além de se consolidar nesse mercado, a francesa também vai dobrar o tamanho de seu negócio nos Estados Unidos – um movimento significativo, já que enfrenta turbulências em mercados importantes como Brasil e Rússia.
A WhiteWave produz lácteos orgânicos e é forte também no ramo de alimentos de base vegetal alternativos ao leite e ao iogurte.
Seu portfólio inclui "leites", sobremesas e sorvetes feitos à base de soja, amêndoas, aveia, e coco, por exemplo. Também abrange snacks, shakes e suplementos veganos, sem qualquer tipo de proteína animal.
Entre suas marcas mais conhecidas, estão a Silk, So Delicius, Alpro e Vega.
Junto com ela, a Danone vai diversificar seu portfólio e as fontes de receita. No ano passado, metade das vendas da empresa, que somaram 22,4 bilhões de euros, vieram de produtos lácteos frescos.
"(O acordo) vai nos permitir melhorar o perfil de crescimento da Danone e reforçar nossa capacidade de resistência, por meio de uma plataforma mais ampla na América do Norte", disse em nota o presidente do grupo, Emmanuel Faber.
Concluído o negócio, a participação da unidade norte-americana nos negócios totais da Danone, que hoje é de 12%, subirá para 22%.
A transação dará origem a uma das 15 maiores companhias de alimentos e bebidas dos Estados Unidos, líder no nicho de laticínios refrigerados, de acordo com comunicado.
"A Danone é uma empresa única, com capacidades que vão possibilitar que WhiteWave chegar à sua próxima fase de crescimento", pontuou o CEO e presidente do conselho da americana, Gregg Engles.
Atalho
Com a crescente busca dos consumidores por alimentos saudáveis e o avanço da concorrência de marcas pequenas, que trabalham com ingredientes "mais naturais", nos Estados Unidos, a Danone e outras grandes fabricantes de lácteos recorreram ao uso de leite orgânico em alguns produtos, segundo o The New York Times.
Porém, para que o leite tenha essa certificação, as vacas produtoras precisam consumir apenas plantas e grãos sem agrotóxicos, o que encarece a produção.
A General Mills, por exemplo, fechou acordo com uma grande cooperativa para ajudar alguns de seus fornecedores a converter terras de agricultura tradicional em orgânica, processo que leva cerca de três anos.
A própria Danone também já tinha tomado medidas para melhorar a qualidade, fixando o preço do leite para alguns fazendeiros parceiros, em troca de que eles garantissem o bem-estar dos animais e adotassem práticas "verdes".
Agora, a empresa resolveu "pegar um atalho" e integrar a seus ativos uma organização com sistema orgânico já consolidado.
O negócio
Pelo combinado, a Danone pagará 56,25 dólares por cada ação da WhiteWave, em dinheiro, o que deixa o valor da fabricante em cerca de 12,5 bilhões de reais, incluindo as dívidas.
É a maior aquisição da Danone em quase 10 anos e a primeira sob o comando de Faber, que assumiu a presidência em setembro de 2014.
A operação ainda precisa ser aprovada pelos acionistas da WhiteWave e por órgãos regulatórios. A finalização é esperada para até o fim do ano.
A combinação dos negócios deve gerar sinergias em torno de 300 milhões de dólares até 2020 e acrescer os ganhos da Danone em mais de 10% no primeiro ano após sua conclusão.
O faturamento da WhiteWave foi de 4 bilhões de dólares no ano passado. Ela tem cerca de 5.300 funcionários – a Danone emprega aproximadamente 100.000 pessoas no mundo todo.
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1. Negócios bilionários
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1/21 (Ales Cerin/SXC)
São Paulo – O ano está apenas no meio, mas diversos acordos importantes já foram fechados. Da
aquisição bilionária da LinkedIn pela Microsoft à compra da rede Ale pelo grupo Ultra, no Brasil, o mundo dos negócios está vendo consolidações em diversos setores. As fusões e aquisições
devem crescer ainda mais em 2016. Os números crescerão 33% no mundo, segundo pesquisa da
International Business Report. Veja nas imagens quais foram os principais negócios fechados até junho.
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2. Estácio pela Kroton
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2/21 (Eduardo Monteiro/Exame)
A
Kroton enviou diversas propostas para a compra da
Estácio, assim como a concorrente Ser Educacional. Hoje, 1º de julho, a Estácio divulgou que aceita a oferta da Kroton. O negócio ainda não está fechado e os termos ainda estão em discussão. Além disso, depende da aprovação de acionistas e do conselho das duas empresas, além de órgãos reguladores de mercado. A informação foi antecipada pelo blog Primeiro Lugar, da Revista EXAME. Pela proposta, a Kroton passaria a deter toda as ações da Estácio, cujos investidores receberiam em troca 1,281 ação ordinárias da compradora, além de dividendos extraordinários no valor de R$ 170 milhões.
A Kroton e a Estácio são, respectivamente, a maior e a segunda maior empresa de educação no Brasil. Juntas, teriam quase 1,5 milhão de alunos.
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3. LinkedIn pela Microsoft
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3/21 (Andrew Harrer/Bloomberg)
A Microsoft quer estar mais presente no seu dia a dia profissional. Essa foi a principal razão para comprar o
LinkedIn por US$ 26,6 bilhões há cerca de duas semanas. O objetivo da empresa de software é integrar os dados que ela já tem sobre seus usuários, como calendário, agenda de contatos, email e documentos, com dados profissionais e as conexões entre pessoas, empresas, universidades e outras instituições do LinkedIn. Será mais fácil compartilhar apresentações, conversar com contatos do LinkedIn pelo Skype e encontrar o especialista mais adequado para um projeto. Mais de 1,2 bilhão de pessoas usam o sistema da
Microsoft no mundo e uma pessoa se inscreve na rede social profissional a cada dois segundos, que já tem 433 milhões de usuários.
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4. Siemens + Gamesa
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4/21 (Joerg Koch/Getty Images)
A Gamesa e a
Siemens fecharam um acordo para fusão de seus negócios de energia eólica e criação da maior fornecedora mundial de equipamentos eólicos. A empresa já nasceu com 69 GW instalados em todo o mundo, uma carteira de pedidos avaliada em 20 bilhões de euros, receitas de 9,3 bilhões de euros e um Ebit ajustado de 839 milhões. A gigante alemã terá 59% das ações da nova companhia, enquanto os acionistas atuais da Gamesa terão os 41% restantes.
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5. Ale pela Ultrapar
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5/21 (.)
Para fortalecer seu negócio principal, a Ipiranga, a Ultrapar
anunciou a aquisição da rede
Ale de postos de combustíveis por R$ 2,17 bilhões. A aquisição ajuda a
Ultrapar a se aproximar da BR Distribuidora, da Petrobras, que tem 19,4% do mercado. A Ipiranga tem 14,9% e a porção da Ale é de 3,1%, logo, juntas, elas teriam 18% do setor. O grupo Ultra detém também as marcas Ultragaz (gás), Oxiteno (que fabrica óxido eteno e derivados), Ultracargo (de armazenagem para granéis líquidos) e Extrafarma (rede de farmácias). O segmento de venda de combustíveis ainda é o maior e foi responsável por 86,4% das receitas obtidas em 2015.
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6. AES Sul pela CPFL Energia
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6/21 (Duda Pinto)
A CPFL Energia
comprou a distribuidora de energia
AES Sul por R$ 1,698 bilhão. A aquisição da distribuidora gaúcha foi fechada com a AES Guaíba no dia 16 de junho, tendo como garantidora The AES Corporation. A CPFL já estava interessada na região Sul do país, onde sua presença é forte, e
vê espaço para ainda mais aquisições.
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7. Ades pela Coca-Cola
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7/21 (Divulgação/Unilever)
Em parceria com a Femsa
Coca-Cola, engarrafadora mexicana, a Coca-Cola
comprou a marca de bebidas Ades, da Unilever, por US$ 575 milhões. A Ades é a principal marca de bebidas à base de soja na América Latina. No Brasil, ela chegou em 1996, oito anos depois de ter sido criada, e conta com um portfólio de cerca de 30 produtos. O faturamento da marca, que tem a liderança do mercado de sucos prontos, é estimado em R$ 500 milhões. Em 2015, ela vendeu 56,2 milhões de caixas de unidades de bebidas.
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8. Axado pelo Mercado Livre
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8/21 (Divulgação)
Para desenvolver seu segmento de logística, o
MercadoLivre adquiriu o Axado por 26 milhões de reais. A startup, que precifica, rastreia e faz a gestão de fretes para varejistas, já era parceira da empresa de comércio eletrônico há dois anos. Fundada em 2013, a unidade já entregou mais de 50 milhões de encomendas e é responsável por remeter 70% das compras feitas na plataforma do MercadoLivre. Ela vende etiquetas para despachar os pedidos em qualquer agência dos Correios (mais voltado para vendedores ocasionais) e o de coleta de produtos para envio junto a pequenos e médios comerciantes. "Juntos, vamos maximizar a presença de lojas oficiais no MercadoLivre e aprimorar nosso sistema interno de gestão de transportes", disse Leandro Bassoi, diretor da
Mercado Envios.
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9. Facimp pela DeVry
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9/21 (Thinkstock)
Em junho, a DeVry fez sua
11ª aquisição no Brasil. Ela comprou a Faculdade Imperatriz (Facimp), na cidade de mesmo nome no Maranhão, cinco meses após ter anunciado a compra do Grupo Ibmec. A Facimp tem cerca de 2 mil alunos e oferece 10 cursos de graduação. O valor do negócio não foi divulgado. A DeVry começou seu projeto de expansão pelo interior dos Estados brasileiros com a aquisição da DeVry Unifavip, em Caruaru (PE), em 2012.
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10. NeoStrata pela Johnson & Johnson
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10/21 (Cristina Arias/Getty Images)
Uma das maiores empresas de dermocosméticos do mundo, a NeoStrata,
agora é da Johnson & Johnson Consumo. A
aquisição, cujo valor não foi informado, inclui as afiliadas da NeoStrata e sua empresa controladora TriStrata, de capital fechado. Ela é conhecida por pesquisas sobre os ácidos Alfa Hidroxi, base de uma das tecnologias antienvelhecimento mais usadas em produtos de beleza no mundo.
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11. Dreamworks pela Comcast
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11/21 (Divulgação)
Shrek, Como Treinar seu Dragão e Kung Fu Panda agora farão parte do mesmo portfólio que filmes como Meu Malvado Favorito e Minions. Isso porque a Comcast, dona da NBCUniversal,
comprou o estúdio de Hollywood
DreamWorks Animation por US$ 3,8 bilhões. O objetivo é impulsionar suas ofertas direcionadas a famílias e ajudá-la a enfrentar o conglomerado de mídia Walt Disney.
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12. Do Bem pela Ambev
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12/21 (Divulgação/do bem)
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13. Santander + Hyundai
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13/21 (Bloomberg/Angel Navarrete)
Na sexta, dia 29, o Santander Brasil
formou uma joint venture com a Hyundai para a criação do Banco Hyundai Capital Brasil e uma corretora de seguros. Metade da nova empresa fica com a Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento, subsidiária do Santander, enquanto a Hyundai Capital terá 25% e a Hyundai Motor Brasil terá os 25% restantes.
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14. Elavon pela Stone
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14/21 (Daniel Acker/Bloomberg)
No Brasil desde 2013, a
Stone comprou 100% da Elavon no Brasil para ampliar sua participação no mercado de adquirência no país. As marcas vão seguir atuando de maneira separadas.
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15. BM&FBovespa + Cetip
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15/21 (Reprodução)
Após meses de negociação, a BM&FBovespa e a Cetip anunciaram uma fusão, que concentrará o mercado de renda fixa e variável no Brasil. A combinação das duas pode criar um negócio gigante, avaliado em mais de R$ 40 bilhões.
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16. Dona da Pyrex pela GP Investments
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16/21 (Thinkstock/Ingram Publishing)
Também em abril, a GP Investments comprou 28% da WKI Holding Company, controladora da fabricante de utensílios domésticos World Kitchen, dona da Pyrex. Na transação, a World Kitchen foi avaliada em US$ 566 milhões, considerando o preço de 10 dólares por ação.
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17. XP pela General Atlantic
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17/21 (Reprodução)
O General Atlantic (GA) comprou a participação do fundo inglês Actis na XP Investimentos e ampliou sua fatia no negócio para 49%. O fundo americano pagou R$ 300 milhões pelos 10% da Actis no negócio – e ainda fez um novo aporte de R$ 150 milhões na empresa.
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18. Leader pela Legion Holdings
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18/21 (Marco Antônio Teixeira/Ag. O Globo)
O BTG Pactual fechou a venda da varejista Leader por um valor simbólico, abaixo de 1.000 reais para a Legion Holdings. A nova dona irá assumir 100% da varejista, além de dívidas. O banco está tentando vender diversos ativos desde a prisão do ex-presidente André Esteves, em novembro do ano passado.
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19. Tractebel
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19/21 (Arquivo Tractebel Energia)
A Tractebel Energia comprou 50% do capital social da GD Brasil Energia Solar, por um valor em torno de R$ 24 milhões. De acordo com comunicado emitido pela compradora, o investimento é uma forma de a companhia ingressar no segmento de geração distribuída de energia fotovoltaica.
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20. Eclipse pela BRF
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20/21 (Stan Honda/AFP)
A BRF concluiu a aquisição da Eclipse Holding Cooperatief, empresa holandesa controladora da Campo Austral, um grupo de empresas que opera no mercado de suínos da Argentina. A compra faz parte do plano estratégico da BRF de globalizar a companhia, com o fortalecimento de marcas em mercados locais.
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21. Veja também:
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21/21 (David Paul Morris/Bloomberg)