Kevin Spacey, protagonista da série "House of Cards", produzida pela Netflix (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2013 às 12h14.
São Paulo - Apesar de não ser um canal de tv a cabo, a Netflix causou furor no mercado ao exibir uma base de assinantes maior que a da gigante HBO nos Estados Unidos. A companhia fechou o primeiro trimestre do ano com 29,1 milhões de usuários no país - mais que os 28,7 milhões reportados pela HBO no fim de 2012.
Divulgados depois do fechamento do mercado nesta segunda, os números mexeram com os papéis da companhia, que abriram o pregão em alta superior a 20%, embalados também pelo aumento no lucro da companhia. Nos primeiros três meses do ano, os ganhos foram de 2,7 milhões. No mesmo período do ano passado, o prejuízo havia sido de 4,6 milhões de dólares.
Virada
A euforia vem depois de um período de vacas magras. No fim de 2011, a companhia decidiu separar os serviços de streaming da entrega de DVDs, atividade que revolucionou a distribuição de filmes e vídeos nos EUA e consagrou a empresa no mercado.
Acostumados a ter os dois serviços pelo preço de um só, os clientes chiaram com a alta de até 60% nos preços. Muitos deixaram a Netflix. E as ações foram à lona, mergulhando para um patamar de 53,80 dólares em setembro último.
Mas a aposta online parece ter vindo para ficar: no primeiro trimestre do ano, a Netflix faturou 2,5 vezes mais com o streaming do que com o aluguel de DVDs nos EUA. Na bolsa, os papéis da companhia já chegaram à casa dos 215 dólares.
O sucesso é alimentado por uma nova estratégia - o investimento em conteúdo próprio e exclusivo, além do licenciamento de filmes e programas de terceiros. Apenas com a série "House of Cards", lançada em fevereiro, foram gastos 100 milhões de dólares para a produção de duas temporadas de 13 episódios cada.
O diretor escolhido para a empreitada foi David Fincher, dos filmes "Clube da Luta" e "A rede social". O papel de protagonista coube a Kevin Spacey, que também é produto executivo do programa.
Como Harry Potter
No balanço, a companhia reconhece que o sucesso do programa ajudou a Netflix a adicionar mais de 2 milhões de assinantes à sua base americana. Daqui para frente, a expectativa é lançar cinco novas atrações como essa todos os anos.
"No longo prazo, acreditamos que o valor de nossas séries originais (...) será confirmado à medida que adicionarmos mais temporadas a show populares como 'House of Cards' e outros", disse a companhia, no balanço divulgado ontem. "Harry Potter não foi um fenômeno no primeiro livro se comparado com os outros que foram lançados pela franquia", completou a empresa.
Em entrevista à americana GQ, o fundador da Netflix, Reed Hastings, disse imaginar que na próxima década, ou mais provavelmente nos próximos cinco anos, os multidispositivos consolidem seu espaço no dia-a-dia das pessoas.
Nesse cenário, serviços como o ofertado pela Netflix já devem estar tão cheios de conteúdo que a ideia de pagar mensalidades salgadas pela TV a cabo passará a soar despropositada. "O objetivo é virar a HBO mais rápido que a HBO se torne a gente", acrescentou Hastings à publicação. Pelo menos no que se refere à sua base de assinantes, a empresa parece estar no caminho certo.