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Friboi dobra a aposta nos EUA com novas aquisições

Com a compra de mais dois frigoríficos, Friboi cresce em um mercado que chegou a trabalhar com margens negativas nos últimos meses

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Desde que comprou a americana Swift, em maio de 2007, a JBS-Friboi ainda não conseguiu ganhar dinheiro nos Estados Unidos. A empresa trabalhava na época com margens próximas a zero e a Friboi esperava aumentá-las para 3%. O que se viu nos meses subseqüentes, entretanto, foi uma disputa de mercado considerada "irracional" pelo presidente da Friboi, Joesley Batista. As principais empresas do setor operaram com margens negativas no segundo semestre de 2007, com uma perda estimada por analistas em quase 40 dólares por cabeça. A Tyson Foods, líder em carne nos Estados Unidos, por exemplo, teve um prejuízo de 85 milhões de dólares no quarto trimestre.

Ao invés de fechar fábricas e demitir funcionários no país, a Friboi decidiu aumentar sua produção, com o abate saltando de 14 mil para 19 mil animais por dia. Com a compra da National Beef por 970 milhões de dólares e da Smithfield Beef por 565 milhões, anunciadas nesta terça-feira, a empresa dobra uma aposta que já era considerada ousada por especialistas.

"O mercado estava preparado para sucumbir uma empresa [a Swift], e não para receber uma empresa nova", disse Batista na teleconferência em que explicou as aquisições ao mercado. "Chegamos nos Estados Unidos com 1 bilhão de dólares, com a menor alavancagem do setor, dispostos a crescer e competir duro. A estratégia foi vencedora."

Batista afirmou que, após a Swift ganhar espaço nos últimos meses, o mercado se acomodou e voltou a trabalhar com margens positivas neste ano. Para ele, é "plenamente factível" que a empresa atinja sua meta de trabalhar com margens de 3% nos Estados Unidos até o final do ano. "Temos tradição de comprar empresas com resultados ruins e melhorá-los."

10% do mercado

Além da National e da Smithfield, a Friboi também anunciou a compra da australiana Tasman por 150 milhões de dólares. No total, a empresa gastará 1,685 bilhão de dólares, mas passará a ser um grupo com faturamento anual de mais de 21,5 bilhões de dólares, com 120 unidades espalhadas pelo mundo, capacidade de abate de 79 mil animais por dia e 64 mil funcionários. "Teremos 10% do mercado mundial de carne", diz Batista.

Com as aquisições, a Friboi espera conseguir ganhos com sinergias de 132 milhões de dólares anuais nos Estados Unidos. A empresa vai aguardar a aprovação do negócio pelos órgãos reguladores americanos - o que, para Joesley, deverá acontecer em breve. Depois disso, começará a integrar as unidades e a melhorar sua gestão. Batista afirmou também que a empresa concluiu seu plano de aquisições nos Estados Unidos e Austrália e que agora vai focar na melhoria operacional das unidades, nas sinergias e no crescimento orgânico.

Emissão

Para pagar as aquisições, a empresa vai fazer uma oferta de ações de 2,55 bilhões de reais. Cada ação ordinária (com direito a voto) será vendida ao mercado pelo preço de 7,07 reais - 10,3% acima do valor de fechamento de terça-feira (6,41 reais). Nesta quarta, os papéis dispararam 8,27% na Bovespa e fecharam a 6,94 reais.

Será a terceira oferta de ações da Friboi em pouco mais de um ano. A empresa abriu o capital no início do ano passado, com suas ações cotadas a 8 reais. Logo em seguida, veio a segunda oferta, desta vez para pagar a aquisição da americana Swift, que tornou a Friboi a maior produtora de carne bovina do mundo em abate. Assim como na segunda operação, os atuais acionistas da empresa terão direito de preferência na aquisição dos papéis. A oferta ainda precisa ser aprovada pelos acionistas da Friboi em assembléia extraordinária.

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