Negócios

Escândalo se espalha com suposto envolvimento da Braskem

O último episódio do escândalo na Petrobras, que continua a se espalhar e afugentar investidores, envolve a maior fabricante de plásticos da América Latina


	Braskem: empresa foi acusada por delatores de pagar propina em troca de contratos mais vantajosos com a Petrobras
 (João Mulsa/Divulgação)

Braskem: empresa foi acusada por delatores de pagar propina em troca de contratos mais vantajosos com a Petrobras (João Mulsa/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2015 às 16h22.

São Paulo - O escândalo de corrupção na Petrobras continua a se espalhar e afugentar investidores.

O último episódio envolve a petroquímica Braskem, maior fabricante de plásticos da América Latina, acusada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Yousseff de pagar propina em troca de contratos mais vantajosos com a estatal.

Diante das denúncias, os títulos de dívida de emissão da Braskem com vencimento em 2024, no valor total de US$ 750 milhões, registraram uma perda de 7,9% na semana passada, a maior entre empresas de mercados emergentes com grau de investimento.

As acusações contra a Braskem sugerem como o pagamento de subornos era generalizado na Petrobras.

A operação Lava Jato, que investiga os crimes na estatal, já envolveu as maiores construtoras e fabricantes de sondas do país, causando prejuízos aos detentores de dívida de bancos, governo e até mesmo de um fundo de pensão estatal.

“O escândalo está prejudicando mais e mais empresas brasileiras de todos os segmentos, e a Braskem pode ser vista como o exemplo mais recente”, afirma Leonardo Kestelman, gerente de recursos da Dinosaur Securities, em São Paulo. “As pessoas preferem apenas apertar o botão de venda em vez de esperar”.

A Braskem negou qualquer irregularidade em suas relações com a Petrobras.

‘De forma transparente’

“Todos os pagamentos e contratos da Braskem com a Petrobras seguiram os preceitos legais e foram aprovados de forma transparente de acordo com as regras de governança das duas empresas”, declarou a companhia em nota no dia 11.

A Braskem afirmou ainda, em e-mail enviado no dia 13, que a oscilação no preço dos bonds "não reflete sua qualidade de crédito" e que os mais de R$ 6 bilhões em caixa e linhas de crédito comprometidas são suficientes para cobrir os vencimentos da dívida pelos próximos 47 meses.

A Braskem pagou propinas anuais, inicialmente fixadas em US$ 5 milhões, entre 2006 e 2012, para comprar derivativos de petróleo como nafta e propeno a preços mais baixos do que os praticados pelo Petrobras, Costa e Yousseff afirmaram em depoimentos publicados no site do Supremo Tribunal Federal no dia 6 de março.

Os acordos de delação premiada de Costa e Yousseff proíbem que eles e seus advogados comentem as investigações sobre supostos pagamentos de propina na Petrobras.

A Petrobras não respondeu a um e-mail em busca de comentário sobre as acusações.

A Braskem compra nafta, que responde por metade de seus custos de produção e é o principal insumo para fabricação de produtos petroquímicos no Brasil, por meio de contratos de longo prazo com a Petrobras.

A estatal supre cerca de 70% das necessidades da Braskem.

Acionistas da Braskem

Os maiores acionistas da Braskem são a Petrobras, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Odebrecht SA, maior empresa de infraestrutura do Brasil.

A própria Odebrecht é uma das 16 construtoras que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público pela participação em um suposto cartel para fechar contratos inflados com a Petrobras.

A Odebrecht afirmou, em um comunicado enviado por e-mail, que nega as “alegações caluniosas” feitas pelo ex-diretor da Petrobras, especialmente em relação a pagamentos indevidos a qualquer executivo, ex-executivo ou pessoas relacionadas à empresa controlada pelo Estado.

O comunicado diz que a Odebrecht não participa e nunca participou de nenhum cartel.

Impossível saber

“A composição acionária da Braskem está muito concentrada nas mãos de Odebrecht, BNDES e Petrobras”, disse Michael Roche, estrategista da Seaport Global Holdings LLC, em Nova York. “Essas revelações levam a uma disseminação rápida desse tipo de risco”.

Os bônus da Braskem para 2024 caíram para 93,32 centavos de dólar na sexta-feira, nível mais baixo desde sua emissão, em janeiro de 2014.

Com isso, o rendimento (yield) do papel subiu a 7,49%, 2,7 pontos porcentuais a mais que a média das empresas de mercados emergentes com grau de investimento.

“As preocupações relacionadas à Petrobras e à corrupção engoliram muitas empresas e nós podemos ver claramente que a Braskem é uma delas neste momento”, disse Klaus Spielkamp, chefe de vendas de renda fixa na Bulltick LLC em Miami, por telefone.

“As pessoas não sabem o que pode vir a seguir”.

Acompanhe tudo sobre:BraskemCapitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleoQuímica e petroquímica

Mais de Negócios

20 frases de Jeff Bezos para sua carreira, vida e negócios

Com ofertas de camisinha a Vanish, este grupo mira R$ 100 milhões na Black Friday

Conversa de CEO: Oracle e Falconi debatem tecnologia e inovação corporativa

Ela criou uma empresa de marmitas naturais para pets e agora sonha em exportar para outros países