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Crise das carnes: deputados franceses reiteram oposição ao acordo Mercosul-UE em votação simbólica

Em votação majoritária simbólica, parlamentares apoiam posição do governo de Emmanuel Macron contra ao avanço do tratado comercial

Oposição ao acordo Mercosul-UE na França se intensifica com votação simbólica no Parlamento (Carrefour/Divulgação)

Oposição ao acordo Mercosul-UE na França se intensifica com votação simbólica no Parlamento (Carrefour/Divulgação)

Agência o Globo
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Publicado em 26 de novembro de 2024 às 19h21.

Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 19h21.

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Os deputados franceses expressaram hoje, em votação simbólica, seu repúdio ao acordo comercial em negociação entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, alinhando-se ao governo do presidente da França, Emmanuel Macron, que reiterou sua oposição "firme" ao pacto "em sua forma atual".

Em meio a protestos de setores agrícolas no país contra o acordo e a polêmica "crise das carnes", que levou um boicote a produtos brasileiros pelo Carrefour se voltar contra a varejista francesa, 484 dos 555 deputados presentes validaram a posição do governo de Macron, que buscava um apoio unânime do Parlamento para pressionar a Comissão Europeia nas negociações. Não conseguiu o apoio de 100%.

Este resultado é "um mandato democrático que reforça nossa legitimidade para defender o 'não' perante a Comissão e o Conselho Europeu", afirmou no plenário a ministra do Comércio Exterior, Sophie Primas.

Os 70 deputados que votaram contra, muitos deles do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), consideraram que o governo não foi longe o suficiente para bloquear o acordo atual.

Oposição generalizada

A França rejeita "de forma plena e decidida" o acordo "em sua forma atual", argumentou a ministra da Agricultura, Annie Genevard, que classificou essa oposição "firme" como não sendo "doutrinária", já que o governo não se opõe "por princípio" aos acordos de livre comércio.

Consenso entre esquerda radical e extrema direita

Toda a classe política na França, desde a esquerda radical até a extrema direita, manifestou sua oposição ao acordo em negociação entre os 27 países da UE e os membros do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), embora com nuances.

Uma boa parte da esquerda e da extrema direita criticou o governo por sempre usar a expressão "em sua forma atual", enquanto Alemanha e Espanha pressionam a Comissão Europeia, que negocia em nome dos países da UE, para concluir o acordo antes do final do ano.

"Tomaríamos a pecuária brasileira como modelo? Para a Agrupação Nacional, hoje como ontem, será sempre não", declarou a deputada de extrema direita Hélène Laporte, criticando, por exemplo, o uso de antibióticos como promotores de crescimento.

A perspectiva de um acordo gera temor entre os agricultores europeus, que temem a entrada massiva de carne bovina, aves e açúcar, entre outros produtos. Na França, os agricultores voltaram a bloquear as estradas com tratores nesta terça-feira em protesto.

"Nossa sobrevivência está em jogo", afirmou o pecuarista Jérôme Bayle, uma das lideranças da grande mobilização de janeiro, na Assembleia Nacional, horas antes do debate, pedindo a Macron "medidas enérgicas".

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