David Neeleman: além da Azul, empresário já criou quatro companhias aéreas (Michael Edwards/Getty Images)
Tatiana Vaz
Publicado em 5 de outubro de 2015 às 18h02.
São Paulo – A negociação pela venda e consequente privatização da companhia aérea portuguesa TAP finalmente recebeu um desfecho: David Neeleman será o novo dono.
O anúncio foi dado agora pouco pelo governo português. O dono da Azul vai ficar com 61% da TAP.
Para levar a empresa, o empresário teve de vencer a proposta que havia sido feita pelo empresário Germán Efromovich, controlador da Avianca, com uma oferta “bem mais alta”, segundo jornais de Portugal.
O acordo englobaria uma injeção de capital entre 300 e 350 milhões de euros na companhia aérea, que atualmente acumula um prejuízo de 85 milhões de euros e uma dívida estimada em 1 bilhão de euros.
Hoje a TAP voa para 88 destinos em 38 países com uma frota de 77 aviões.
No Brasil, opera 84 voos semanais, motivo que a tornou um alvo promissor para as companhias aéreas do país.
Investida nos ares
Além do investimento, Neeleman garantiria à TAP a expansão de suas operações por aqui e em uma possível investida no mercado americano.
Nascido em São Paulo, em 1959, David Neeleman é filho de americanos e tem traçado sua carreira para a criação de grandes companhias aéreas.
Até agora, já criou quatro delas: a Morris Air e a JetBlue, nos Estados Unidos, a WestJet no Canadá e a Azul no Brasil. Com a TAP ele poderia dar ainda mais impulso à empresa brasileira.
Criada em 2008, Azul é a terceira do setor, com 15,87% de mercado e a maior taxa de ocupação dos voos, 89,70%, segundo dados da ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) de janeiro.
A companhia também é a novata na oferta de voos internacionais, uma categoria que rende tarifas melhores por passageiros, com preços cravados em dólar.
Começou neste ano a ofertar voos para os Estados Unidos, além de melhoras de serviços a bordo. Com a TAP, os destinos oferecidos poderiam ser ampliados.
Resistência e greve
Nos últimos meses, funcionários da TAP promoveram greves por serem contrários à privatização da companhia.
O governo de Portugal tenta vender parte da empresa desde 2000. Na época o negócio não foi fechado porque a principal interessada, a Swiss Air, desistiu.
Uma segunda tentativa aconteceu em 2012, quando a Avianca era a favorita, mas o governo acabou por não aceitar a proposta.
Desta vez, o consórcio Gateway, união entre Neeleman e o empresário Humberto Pedrosa, ficará com 61% da companhia e reservará 5% aos funcionários.
Se não houver interesse deles, a porcentagem será entregue aos investidores.
O anúncio oficial será feito pelo governo português às 14h.