Negócios

CSN perde disputa por usina americana para Vale e Wheeling-Pittsburgh

Consórcio comprou planta da Arcelor em Baltimore e frustra nova tentativa da siderúrgica brasileira de avançar no exterior

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) sofreu uma nova derrota em seus planos de internacionalização. A empresa perdeu a disputa por Sparrows Point, usina integrada posta à venda pela Arcelor por determinação dos órgãos antitrustres americanos, a fim de aprovar sua fusão com a Mittal Steel. Situada em Baltimore, nos Estados Unidos, a planta foi arrematada por um consórcio formado por Companhia Vale do Rio Doce, Esmark (uma distribuidora de aço), e pelas siderúrgicas Wheeling-Pittsburgh, dos Estados Unidos, e Donbass, da Ucrânia. O valor do negócio não foi revelado.

Segundo analistas estrangeiros, o principal atrativo de Sparrows Point é seu fácil acesso ao mar, o que barateia o frete das matérias-primas e, por tabela, o custo de produção. Para a CSN, a compra significaria ampliar sua atuação no exterior, por meio de um mercado já familiar à empresa - o de folhas-de-flandres (tipo de aço usado em latas).

A CSN já mantém operações em outros países. A CSN LLC, por exemplo, está sediada em Indiana e tem capacidade para processar 1,1 milhão de toneladas de aço por ano. A CSN conta, ainda, com a Lusosider, siderúrgica portuguesa com capacidade instalada de 550 mil toneladas anuais. Mas, para os analistas, o porte da CSN é pequeno frente à feroz consolidação da siderurgia mundial. Com capacidade total de pouco mais de 5 milhões de toneladas por ano, a CSN está na 50ª posição no ranking das maiores do mundo.

Para se manter no mercado, a companhia precisa ganhar envergadura. Uma das opções é a aquisição de concorrentes, mas, neste campo, a empresa vem construindo um histórico de derrotas. Em dezembro do ano passado, a CSN perdeu a disputa pela Wheeling-Pittsburgh para a Esmark. Um mês depois, foi derrotada pela Tata Steel em uma ferrenha batalha pelo controle da anglo-holandesa Corus. A proposta da CSN, 11,9 bilhões de dólares, foi batida por uma diferença de apenas 100 milhões de dólares. Com isso, a empresa brasileira perdeu a chance de ser catapultada do 50º para o quinto lugar entre as maiores do mundo - posto hoje ocupado pela Tata Steel com ajuda da Corus.

Após essas derrotas, os observadores começam a duvidar da capacidade de a CSN reagir. Cada vez mais, os especialistas afirmam que a empresa deixará de se caçadora de oportunidades para se tornar presa. Entre seus atrativos, estão o domínio de segmentos importantes do mercado brasileiro, como o de folha-de-flandres e o de aços planos para o setor automotivo. Além disso, a companhia possui bons ativos de mineração - a Casa de Pedra é o principal deles. A CSN pretende elevar a capacidade de produção dessa mina dos atuais 16 milhões de toneladas para 45 milhões no início de 2008. Parte da produção deverá ser exportada, via Porto de Sepetiba, que também passa por uma expansão para atingir a capacidade de 30 milhões de toneladas anuais. Em meados de julho, a empresa adquiriu a Companhia de Fomento Mineral e Participações por 440 milhões de dólares.

Em paralelo, a CSN mantém os planos de elevar sua capacidade produtiva para 11 milhões de toneladas de aço dentro de cinco anos. Essa expansão também aumentará a pressão sobre a companhia, já que parte do crescimento se dará por meio de produtos semi-acabados, como placas de aço. Encontrar um parceiro no exterior capaz de processá-lo seria uma alternativa atraente.

O problema, segundo os analistas, é que a consolidação do setor siderúrgico é acelerada, e os bons ativos estão minguando. Ao perder a usina de Sparrows Point para a Esmark e a Wheeling-Pittsburgh, a CSN fica mais longe de se firmar como potência mundial do setor. Com capacidade anual de 3,9 milhões de toneladas de aço bruto, a aquisição da usina colocaria a CSN entre as 30 maiores do mundo.

Participação da Vale

Em nota divulgada no final desta tarde, a Vale informou que está disposta a investir até 270 milhões de dólares para adquirir uma participação minoritária no consórcio. O desembolso, contudo, está condicionado á aprovação e conclusão do negócio.

Segundo a Vale, Sparrows Point apresenta "potencial para tornar-se um participante ativo no mercado transoceânico. (....) A aquisição é consistente com nossa estratégia de investimento em participações minoritárias em ativos siderúrgicos visando promover o crescimento das vendas de minério de ferro."

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

Ele deixou a TI para abrir um plano de saúde com IA. Após 3 anos, o negócio já fatura R$ 30 milhões

PUMA faz investimento histórico em marketing para reforçar posição de marca mais rápida do mundo

The Garage da Nexmuv lança mais uma startup de IA que impulsionará vendas online e no varejo

“Todo negócio que entramos, tivemos sucesso”, diz Lucas Kallas da Cedro Participações

Mais na Exame