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Ex-CEO da Oi sabia de títulos podres, diz auditoria

Zeinal Bava está entre os nomes indicados que sabiam da operação em títulos podres do Grupo Espírito Santo


	Zeinal Bava: executivo disse anteriormente que não tinha informações sobre o calote do Espírito Santo
 (Mario Proenca/Bloomberg)

Zeinal Bava: executivo disse anteriormente que não tinha informações sobre o calote do Espírito Santo (Mario Proenca/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2014 às 20h21.

Mariana Sallowicz - O resultado da auditoria realizada a pedido dos sócios portugueses da Portugal Telecom (PT) após calote de 897 milhões de euros dado pela Rioforte, braço não financeiro do Grupo Espírito Santo (GES), vai apontar que houve falhas de executivos no caso e indicará ao menos cinco nomes que sabiam da operação em títulos podres, informou ao jornal "O Estado de S. Paulo" uma fonte próxima ao caso.

Entre eles, está Zeinal Bava, ex-presidente da Oi. Ele também foi executivo da PT por mais de dez anos, onde também ocupou a presidência.

Os acionistas brasileiros da CorpCo, resultado da fusão entre PT e Oi, garantem que não sabiam da operação feita em meio ao processo de união das empresas.

O investimento estremeceu as relações entre as companhias, sendo necessário um acordo para manter a operação.

Bava já disse anteriormente que não tinha informações sobre a operação. O jornal não conseguiu localizar o executivo nesta quinta-feira, 30, para comentar o caso.

De acordo com a fonte, os outros nomes que serão indicados pela auditoria da PricewaterhouseCoopers são Luís Pacheco de Melo, ex-diretor financeiro da PT e Henrique Granadeiro, ex-presidente da PT.

Além disso, foram envolvidos Ricardo Salgado, ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) e Amílcar Morais Pires, ex-CFO do BES.

A instituição financeira, um dos principais acionistas da PT, está envolvida em uma grave crise em Portugal. O resultado deve ser divulgado na próxima semana.

Segundo a fonte, a auditoria irá concluir que não se tratou de uma decisão corporativa, mas sim desses executivos. "Não foi uma decisão corporativa, de colegiado. Os executivos fizeram o investimento à revelia (das empresas). Então têm que pagar por isso", afirmou a fonte.

Em agosto, um mês após o calote, foi anunciada a saída de Bava da presidência do conselho de administração da controlada PT Portugal.

Recentemente, deixou também o comando da Oi, em meio a desgaste por causa do episódio com os sócios brasileiros. No caso dele, pesa desfavoravelmente o fato de que, no momento da aplicação, acumulava as presidências da Oi e da PT Portugal.

Os acionistas da Oi defendem que a companhia, em meio ao processo de fusão com a tele portuguesa, foi enganada e é a principal prejudicada pelo calote.

A avaliação é de que todas as medidas cautelares possíveis foram tomadas pela tele e pelos bancos que participaram do aumento de capital, parte do processo de fusão.

Apesar disso, a análise é de que não era possível saber que os títulos podres tinham sido adquiridos e escondidos dos sócios brasileiros e também de membros do conselho de administração da PT.

"Havia todos os atestados de que a noiva (PT) era perfeita", diz a fonte.

Após a confirmação do não pagamento, a Oi e a PT fizeram um acordo em que a participação dos portugueses na nova empresa, a CorpCo, caiu de 37,4% para 25,6%, porcentual que poderá ser recomposto em seis anos.

A medida teve como objetivo recompor o caixa da companhia brasileira.

Entre as ações cautelares, foi contratado o banco Santander para fazer a avaliação dos ativos da PT, que foram incorporados no aumento de capital.

Na visão dos acionistas da Oi, erros na análise dos ativos da PT, que foram atribuídos na capitalização da Oi e estimados em R$ 5,7 bilhões, devem ser atribuídos à instituição financeira.

"(O Santander) Foi contratado e pago para esse fim específico, só que também não conseguiu detectar o problema (dos títulos podres), mas tinha a obrigação de fazer a diligência."

A instituição pode ser processada por acionistas da Oi pela suposta falha. Procurada, não se pronunciou até o fechamento desta edição. O jornal também não conseguiu contato com os demais executivos.

O banco teria sido também enganado porque os títulos da Rioforte teriam sido escondidos dele, de acordo com a fonte.

Além disso, durante o procedimento chamado "bring down due dilligence", em que administradores das empresas são questionados se há dados novos que deveriam ser públicos, teria sido perguntado a Luís Pacheco de Melo se havia concentração de investimentos na PT.

Na conversa, com participação de advogados e gravada, respondeu que não, apesar dos 897 milhões de euros em papéis comerciais da Rioforte, diz a fonte. O aumento de capital foi feito em abril, com a coordenação do BTG Pactual.

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