Negócios

23 revelações sobre a crise de Eike Batista

Reunimos as principais e mais recentes delas para relembrar como as informações influenciaram o cenário conturbado em que as empresas X se encontram hoje


	Eike Batista: demissões, venda de bens e negociações para venda de empresas
 (VEJA SÃO PAULO)

Eike Batista: demissões, venda de bens e negociações para venda de empresas (VEJA SÃO PAULO)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 4 de julho de 2013 às 16h36.

São Paulo – Faz pouco mais de um ano que as ações da empresa OGX, de Eike Batista, começaram a cair sob uma nuvem de desconfiança do mercado que nunca mais se dissipou. De lá pra cá, uma série de informações foram reveladas para o mercado e acabaram por agravar ainda mais a situação do bilionário brasileiro. 

Tratamos de reunir as principais e mais recentes delas abaixo. Relembre quais são e como elas vieram à tona e em que contexto da história da companhia elas foram divulgadas.

Negociação às escuras

O BTG estaria tentando vender o estaleiro OSX, de Eike Batista, segundo uma nota divulgada em 23 de juho por Lauro Jardim, da Veja. O empresário já teria tido conversas com o Jurong e a Fels, ambos de Cingapura, e a Odebrecht.

Em 18 de junho, a coluna de Lauro Jardim trouxe a informação de que o grupo EBX estaria negociando o Porto Sudeste para a Glencore Xstrata. O empresário teria jantado com Ivan Glasenber, CEO da Glencore, e alguns executivos da compradora interessada estiveram no porto para avaliar o negócio, que seria fechado em parceria com o BTG.

Uma semana depois, a Folha de S. Paulo revelou que a holandesa Trafigura também entrou na disputa por ativos ou uma fatia da mineradora. Segundo a Folha, tanto a holandesa, quanto a Glencore, já estariam na fase de “due dilligence” da MMX, ou seja, uma auditoria detalhada de suas contas.

No mesmo mês, dia 23, a informação de que outra empresa de Eike estaria à venda, a OSX, chegou ao mercado pela coluna Radar, de Lauro Jardim. Nela, o jornalista de Veja afirmava que as conversas estavam sendo mantidas com as concorrentes Jurong e a Fels, ambos de Cingapura, e a Odebrecht.

O BTG Pactual estaria ainda propondo a venda do Porto do Açu a algumas empresas, segundo informações divulgadas na coluna Radar, de Lauro Jardim. A informação foi negada pela EBX, mas o blog reforçou sua publicação após a divulgação do posicionamento oficial da holding de Eike Batista. Além de refutar a venda, a LLX divulgou cronograma de operação do porto, com início marcado para este ano.

A empresa de entretenimento de Eike, que reúne negócios como a franquia do Cirque de Soleil no Brasil, UFC e ainda detém metade do Rock in Rio, estaria à venda, segundo informações antecipadas de Lauro Jardim, da Veja, que dias depois ainda revelou o preço estimado pela fatia de 5% colocada em negociação: 600 milhões de reais, um valor considerado alto até então pelos interessados.

Um dos interessados seria a A.R Live, empresa do ramo recém-criada pelo empresário de Luan Santana, Anderson Ricardo. Pelo modelo que está sendo discutido, Eike ficaria com 10% da sociedade e fundos de investimentos com o resto.


Outra alternativa para aumentar a liquidez das empresas X foi colocar à venda até mesmo ativos que ligavam Eike ao turismo do Rio de Janeiro, com a oferta do tradicional Hotel Glória, na capital carioca. Inaugurado em 1922, o hotel foi comprado em 2008 pelo REX, braço do setor imobiliário do grupo.

A revista EXAME antecipou, na edição 1040, que o processo coordenado pelo BTG teria como objetivo simplificar a estrutura do grupo e diminuir o número de empresas e o Hotel Glória seria o primeiro da lista de venda. Dias depois, o jornal Valor Econômico revelou que o hotel estaria sim à venda por 80 milhões de reais

Projetos adiados

Em meio a tantas mudanças, grandes projetos das empresas X têm sido adiados. Um deles é o da Mina de Serra Azul, de Minas Gerais, um dos principais projetos da MMX, que teria início em 2014 e acabou sendo empurrado para 2017. A informação foi revelada na coluna de Lauro Jardim, no início de junho

Em resposta, a empresa não comenta o assunto e afirma que “em nenhum momento informou prazos bem como novas datas para a implantação do projeto” e que, conforme já informado, “decidiu desacelerar o ritmo do andamento das obras, em virtude de atraso no processo de licenciamento ambiental da barragem de rejeito”.

Cortes e mais cortes

Desde o início do ano, a OSX, responsável pela construção do estaleiro no Porto do Açu, em São João da Barra, passa por uma reestruturação com o intuito de trazer mais rentabilidade à companhia. 

O processo teve de ser implantado com urgência depois do cancelamento do contrato entre a Petrobras e a Ocean Rig para o fornecimento de cinco sondas para o pré-sal – a empresa de Eike contava com o fornecimento de serviços, de acordo com informações reveladas por Lauro Jardim, da Veja.

As mudanças na OSX incluíram, principalmente, cortes de pessoas para adequar a estrutura da empresa à demanda menor. No início de maio, vazou a informação de que que a OSX teria demitido 80 pessoas envolvidas nas obras do estaleiro no Porto de Açu, sendo que outras centenas foram dispensadas por empresas terceirizadas.

Possível calote

Para piorar um pouco mais a situação, em 23 de junho uma matéria publicada na Folha de São Paulo afirmava que o estaleiro do empresário teria dado um calote de cerca de 500 milhões de reais à construtora Acciona, uma de suas principais fornecedoras.

As obras estariam quase que abandonadas, mas a empresa rebateu a informação, afirmando que nada foi nem será paralisado. De acordo com o jornal, a dívida da empresa com fornecedores é de 724 milhões de reais e os débitos bancários, que vencem nos próximos 12 meses, são de quase 2 bilhões de reais.

Dez dias antes, o grupo EBX havia divulgado uma nota informando a conclusão da reestruturação da dívida do Grupo EBX. Segundo o comunicado, existem "tão somente dívidas com vencimento de longo prazo, em clara evidência ao elevado comprometimento do Grupo EBX para com as obrigações perante os seus stakeholders".


Credores

Antes de começar a negociar a venda do Hotel Glória, Eike teria tentado com a Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, um aporte de capital para que sua empresa imobiliária, a REX, tivesse capital para bancar as obras do Hotel Glória. Não deu certo.

O BNDES é o principal credor de Eike Batista, estima o mercado. Os empréstimos fazem parte dos 10,4 bilhões de reais outorgados pelo credor estatal às companhias de Batista desde 2007. 

A exposição das empresas X no mercado financeiro estaria concentrada em outros quatro bancos brasileiros, além do BNDES. De acordo com relatório do Bank of America Merril Lynch, enviado a clientes, o empresário teria estimados 1,392 bilhão de reais de exposição na Caixa Econômica Federal. No Bradesco, Itaú Unibanco e BTG Pactual, as empresas X teriam exposição de mais de 9,4 bilhões de reais.

Além dos empréstimos, o banco de fomento investiu 600 milhões de reais em títulos de dívida da MPX Energia, em março de 2011, valor convertido em ações da MPX e da CCX. O BNDES já era acionista minoritário da MPX e ficou com 11,7% da companhia após a conversão. Agora tem estimados 10,34%.

Já o Grupo BTG Pactual, o banco de investimentos controlado pelo bilionário André Esteves, cancelou uma linha de crédito de 1 bilhão de dólares para as empresas de Eike Batista, segundo informações da Blomberg divulgadas hoje. 

A linha fazia parte de um acordo acertado em março, segundo o qual o BTG daria assessoria financeira e crédito ao EBX, diz a pessoa, que não quer ser identificada porque os detalhes do acordo ainda não são públicos.

Novos sócios

Em fevereiro, Eike teria finalizado a venda de 35% da MGX para a BR Marinas, do empresário Antonio Carlos Lobato, de acordo com informações da Veja. A MGX é dona da Marina da Glória, no Rio de Janeiro. 

Em maio, com a finalidade de levantar caixa, a OGX vendeu 40% de participação nos blocos BM-C-39 e BM-C-40 , o Campo Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, para a Petronas por 850 milhões de dólares. A Petronas ainda conseguiu o direito a opção de comprar 5% do capital total da OGX de Eike Batista a um preço de 6,30 reais por ação.

Fortuna

Para pagar as dívidas das companhias, e também para salvar boa parte de sua fortuna aplicada nelas, Eike começou a apelar para a venda de seus bens a fim de levantar recursos. 

Em maio, o bilionário teria colocado um de seus jatos à venda: o modelo Legacy 600, da Embraer, por um preço estimado de US$ 14 milhões, revelou Veja. Encomendado por Eike em 2006, a aeronave foi entregue pela Embraer dois anos depois. 

Parte dos bens pessoais do empresário foi dado como garantia para 2,3 bilhões de reais em empréstimos do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, um de seus maiores credores, segundo divulgou a Bloomberg nesta semana.


O bilionário, que sonhou e escancarou o sonho de ser o mais rico do mundo em dez anos, tem visto sua fortuna reduzir pouco a pouco. Chegou a ser o sétimo homem mais rico do mundo, segundo a revista americana Forbes, em 2012 com patrimônio avaliado em 30 bilhões de dólares.

Agora, o bilionário tem uma fortuna de 2,9 bilhões de dólares, segundo o índice de Bilionários da Bloomberg. Mas a estimativa é que a fortuna fique ainda menor, depois da reestruturação de suas empresas, entre 1 bilhão a 2 bilhões de dólares, estima um assessor financeiro que participa da reestruturação do grupo e foi divulgada pelo jornal Valor Econômico.

 

Acompanhe tudo sobre:Eike BatistaEmpresáriosEmpresasGás e combustíveisIMXIndústria do petróleoMineraçãoMMXOGpar (ex-OGX)OSXPersonalidadesPetróleoPrumo (ex-LLX)Setor de transporteSiderúrgicas

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia