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Nissan quer pegar carona nas Olimpíadas para ganhar o Brasil

Montadora japonesa aposta que vai reverter a queda nas vendas e aumentar seu market share com novo carro, exportações e patrocínio dos Jogos Rio 2016


	Nissan Kicks: modelo foi desenhado para o brasileiro e chega ao mercado ainda neste ano
 (Divulgação / Nissan)

Nissan Kicks: modelo foi desenhado para o brasileiro e chega ao mercado ainda neste ano (Divulgação / Nissan)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 23 de fevereiro de 2016 às 12h17.

São Paulo - Apesar de vender 15% menos carros no ano passado, a Nissan conseguiu um pequeno avanço na conquista do mercado brasileiro: sua participação pulou de 2,1% para 2,5%, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). 

Para 2016, os planos da japonesa não são modestos. Ela aposta que vai reverter a queda nas vendas e aumentar em dois dígitos seu market share.

Os objetivos, acredita a empresa, devem ser alcançados com o investimento em três estratégias principais: o lançamento do primeiro veículo desenhado para o país, o patrocínio das Olimpíadas Rio 2016 e o início da exportação da produção local.

A montadora chegou ao Brasil há 12 anos, por meio da aliança com a francesa Renault. Mas foi apenas há um ano e meio que ela passou a ter uma presença mais forte por aqui, com a construção de sua primeira fábrica própria, em Resende (RJ).

"O brasileiro está começando a conhecer a Nissan. Ainda somos pequenos, temos muito o que crescer", disse o vice-presidente de vendas e marketing da montadora no Brasil, Ronaldo Znidarsis, em entrevista exclusiva a EXAME.com.

Segundo o executivo, o novo SUV Kicks, que chegará às concessionárias ainda neste ano, será um pontapé para essa aproximação.

Até agora, a marca só tinha trazido para cá carros que já faziam parte de seu portfólio no mundo. Esse é o primeiro projetado exclusivamente para o consumidor do país.

"O brasileiro gosta de conforto e qualidade, mas o principal atributo que ele busca em um veículo é o design. E, nesse ponto, o Kicks é campeão", afirmou.

O desenvolvimento do modelo levou cerca de cinco anos e ele foi eleito o "carro conceitual do ano" em 2014, quando foi apresentado no Salão do Automóvel.

Para produzi-lo, a Nissan anunciou um investimento de 750 milhões de reais e a abertura de 600 novos postos de trabalho na planta de Resende.

Daqui para fora

O lançamento do novo SUV trará mais uma oportunidade para a montadora: a abertura das portas da fábrica para exportações.

A princípio, cerca de 15% a 20% dos veículos feitos na unidade devem ser enviados a outros países da América Latina.

Na opinião do especialista Corrado Capellano, da Creating Value consultoria, a estratégia é imprescindível para que a Nissan alcance sua meta.

"Qualquer montadora tem que atingir um alcance pelo menos regional para se manter no longo prazo. Exportar é sempre bom, principalmente com o dólar no patamar em que está", avaliou.

Marketing olímpico

Outra aposta da empresa para fazer seus carros caírem no gosto do brasileiro é o patrocínio das Jogos Olímpicos Rio 2016.

"O desafio da Nissan hoje é ter notoriedade, porque quem compra, gosta, recomenda e compra de novo. O problema é que a marca é nova e o brasileiro é conservador na hora de testar. A Olimpíada é um trampolim para conquistá-lo", disse Znidarsis.

Apoiar o maior evento esportivo do mundo pode colocar a companhia em evidência, mas convencer o consumidor a adquirir carro bem no meio da crise não será uma tarefa simples.

No ano passado, com a recessão econômica, o segmento de automóveis encolheu 26,6% no país. Quando considerados apenas os nichos de carros e comerciais leves, onde se encaixa a Nissan, a queda foi um pouco menor, de 25,59%, conforme dados da Anfavea.

Como bom vendedor, Znidarsis não enxerga esse ponto como um problema.

"Os clientes obviamente vão diminuir, vão ser mais criteriosos. Mas é aí que nós ganhamos vantagem. Nossos produtos são de qualidade, temos tecnologia diferenciada, não vendemos somente preço. Quando o comprador quer ter certeza do investimento que faz num momento difícil, opta pela Nissan", disse.

O executivo não abre o tamanho do aporte feito em marketing para as Olimpíadas, mas diz que ele é "significativo".

A empresa também tem focado em meios digitais e dedica cerca de 20% do orçamento publicitário a esses canais. Não à toa, seus seguidores no Instagram e no Youtube aumentaram 2.000% e 125%, respectivamente, em 2015.

Anunciar e entregar

Com produto novo e visibilidade, o maior desafio da Nissan agora será garantir que sua rede de concessionárias esteja pronta para atender com qualidade todos os potenciais compradores.

"Ela vai alcançar 200 milhões de brasileiros em termos de mídia. E para cada pessoa que ela atinge e não consegue entregar um carro, acaba jogando dinheiro (investido em marketing e no patrocínio) fora. Não adianta apresentar um produto a clientes que não podem comprá-lo", avaliou o consultor Corrado Capellano.

Ele ressaltou também a necessidade de fortalecer e treinar a força de vendas para que a assistência técnica no pós-vendas seja bem feita.

A montadora tem hoje 158 pontos de revenda distribuídos entre todos os estados brasileiros. Ela diz que está ampliando sua cobertura geográfica, mas prefere não falar em números por conta do momento econômico turbulento.

"Das mais de 1.000 concessionárias que fecharam no ano passado, nenhuma foi da Nissan", disse Ronaldo Znidarsi, o VP de vendas da empresa.

Segundo ele, enquanto a concorrência sofre com excesso de inventário por conta da retração da indústria, a Nissan tem lojas solicitando veículos, graças à frenagem do ritmo de produção em 2015.

Outros investimentos 

Znidarsi não revelou quais, mas prometeu “outras surpresas” para este ano. Segundo ele, quando o presidente global da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, vier ao Brasil por conta das Olimpíadas, anúncios de tecnologia a nível mundial serão feitos.

"Somos pioneiros em algumas tecnologias de segurança e direção autônoma. O Kicks virá com alguns desses equipamentos", comentou ainda.

A Nissan vende cerca de 5 milhões de veículos globalmente. No Brasil, no ano passado, foram pouco mais de 61.000 unidades comercializadas.

Ela tem cerca de 1.700 funcionários no país. 

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