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Nissan marca reunião para começar era pós-Ghosn

Executivo brasileiro é acusado por autoridades japonesas de ter desviado recursos da companhia para uso pessoal

Carlos Ghosn: ex-presidente da Nissan foi preso novamente na última quinta-feira, 4 (Issei Kato/File Photo/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2019 às 06h06.

Última atualização em 5 de abril de 2019 às 07h26.

A Nissan convocou uma reunião de seus acionistas neste final de semana para oficializar a retirada do ex-presidente Carlos Ghosn de seu conselho e para trazer o presidente da Renault Jean-Dominique Senard como novo membro. Poucos dias antes da reunião, na madrugada da quinta-feira, 4, Ghosn foi preso novamente no Japão. Um porta-voz da Nissan confirmou que há provas internas de que houve uma conduta antiética por parte do executivo, mas que a companhia estaria focada em “resolver as fraquezas em governança que permitiram essa conduta errada”.

Ghosn disse que sua prisão era arbitrária e fazia parte de uma tentativa dos executivos da Nissan de silenciá-lo. Ele alega ser inocente. Antes de ser preso, o executivo criou um Twitter, onde anunciou que faria uma coletiva de imprensa no dia 11 de abril para “falar a verdade” sobre as acusações que pairavam sobre ele. Ao ser detido, em uma entrevista, ele cobrou que o governo da França, país do qual é cidadão, o defenda. Em resposta, o ministro francês das Finanças disse que o país está fornecendo proteção consular ao empresário e afirmou que ele teria direito ao benefício de presunção de inocência. Apesar de ser nascido no Brasil, Ghosn também é cidadão francês e libanês.

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Em novembro, durante investigações das autoridades japonesas sobre suposta má conduta financeira, o executivo foi preso pela primeira vez. No começo de março, o brasileiro conseguiu ser solto mediante pagamento de fiança. Mesmo assim, as autoridades japonesas decidiram prendê-lo novamente esta semana sob a acusação de que ele teria usado o dinheiro da Nissan para compras pessoais. Suspeita-se de que ele tenha embolsado um total de 5 milhões de dólares da empresa japonesa em um período de um a dois anos.

Sua situação se agravou ainda mais com a divulgação da Renault de que ele teria usado o dinheiro da corporação para comprar jatos particulares, iates e investir na startup do filho. De acordo com os auditores do conselho da companhia, as despesas questionáveis “somam milhões de euros desde 2010”. Após reunião do conselho de administração nesta quarta-feira, 3, a Renault o denunciou às autoridades francesas e disse que pode processá-lo pelas suas práticas que “violam os princípios éticos do grupo”. A empresa também já declarou que pretende reduzir os ganhos anuais do executivo, que ainda é um acionista, e sua aposentadoria.

Antes dos escândalos, o brasileiro era conhecido por ter transformado a Nissan, que estava tendo grandes perdas, ao negociar a injeção de bilhões de dólares da Renault na companhia em 1999. Eventualmente, ele percebeu que poderia ampliar a aliança internacional e incluiu a japonesa Mitsubishi Motors em 2016 ao grupo. No total, essa força tríplice desenvolvida por ele produz 10 milhões de carros por ano.

Depois de ter sido preso pela primeira vez em novembro, a Nissan e a Mitsubishi removeram Ghosn da presidência do conselho. Em janeiro, ele perdeu seu posto como presidente executivo e do conselho da Renault. Como começar de novo sem um executivo que concentrava a gestão do presente e o olhar do futuro é que são elas.

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