Negócios

NII amarga prejuízo de US$ 396 milhões por dificuldades

O CEO da NII Holding, Steve Shindler, reconheceu que "México e Brasil têm se mostrado desafios difíceis"


	As receitas da NII caíram 10,6% na comparação anual entre trimestres, para US$ 1,26 bilhão e a companhia amargou prejuízo operacional de US$ 82 milhões ao final de junho de 2013
 (Joe Raedle/Getty Images)

As receitas da NII caíram 10,6% na comparação anual entre trimestres, para US$ 1,26 bilhão e a companhia amargou prejuízo operacional de US$ 82 milhões ao final de junho de 2013 (Joe Raedle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2013 às 16h16.

A NII Holdings, controladora das operações da Nextel na América Latina, viu seu prejuízo praticamente quadruplicar na comparação anual entre o segundo trimestre de 2012 e de 2013, quando as perdas passaram de US$ 103,5 milhões para US$ 396,4 milhões.

Em conferência de divulgação dos resultados, o CEO da NII Holding, Steve Shindler, reconheceu que, embora a empresa venha fazendo progressos nas iniciativas para se reposicionar num caminho de lucratividade, "México e Brasil têm se mostrado desafios difíceis".

"Estamos cumprindo nossas metas de implementação do 3G e realinhando os negócios para manter clientes mais rentáveis para voltar a ter lucratividade no longo prazo, mas o impacto do desligamento da rede iDEN da Sprint nos EUA tiveram um impacto maior do que havíamos antecipado e a alta competitividade e a falta do 3G impactou nossa base e ARPU (receita média por usuário) no Brasil", disse.

As receitas da NII caíram 10,6% na comparação anual entre trimestres, para US$ 1,26 bilhão e a companhia amargou prejuízo operacional de US$ 82 milhões ao final de junho de 2013, resultado significativamente inferior ao lucro operacional US$ 63,7 milhões um ano antes. Ao final de junho, a NII contabilizava 9,9 milhões de assinantes, uma taxa de churn de 2,67% e uma ARPU de US$ 36.

México

De acordo com Shindler, nas regiões de fronteira, no Norte do México, a falta de comunicação nos EUA causou "frustração e confusão entre os clientes", o que fez aumentar o churn e cair a receita, "apensar de nossos esforços de comunicação e dos incentivos para migração para tentar atrair parte desses clientes para a rede 3G".

A Nextel México ainda trabalha para viabilizar a interoperabilidade de sua rede com a rede 3G da Sprint. "Queríamos ter isso pronto no desligamento da rede iDEN da Sprint, mas não foi possível por conta de alguns elementos de rede. Agora estamos trabalhando nisso para os próximos meses, criando incentivos para migração de nossa base para o 3G, mas ainda esperamos que o churn (no iDEN) se intensifique no terceiro trimestre", explica o CEO da NII.


A Nextel México implentou 600 sites 3G no trimestre e fechou junho com cerca de 600 mil clientes em sua nova rede, o equivalente a cerca de 15% da base atual de 3,94 milhões de clientes naquele país.

"Ainda temos cerca de 500 mil clientes iDEN nas regiões de fronteira no México que vamos focar esforços para a migração e nosso objetivo é chegar ao final do ano com um terço de toda a nossa base no país em 3G", estima Shindler. Os custos de migração, segundo o CFO da NII, Juan Figuereo, chegaram a US$ 40 milhões no trimestre.

As receitas operacionais da Nextel México entre abril e junho de 2013 somaram US$ 492,7 milhões, queda anual de 1,8% em relação ao segundo trimestre do ano passado. No período, o desempenho operacional caiu de um lucro operacional de US$ 46,4 milhões para um prejuízo de US$ 48,7 milhões. Foram 21,5 mil adições líquidas de clientes no período, taxa de churn de 2,15% e ARPU de US$ 37.

Brasil

Enquanto a Nextel ainda não lança comercialmente de forma massiva sua rede 3G, a operadora continua a perder base de clientes e receita. O desempenho da operação ainda foi impactada pela desvalorização do real.

Segundo Shindler, a operadora está operando sua rede 3G em soft-launch nas 32 cidades da região metropolitana de São Paulo e a expectativa é implantar sua rede no Rio de Janeiro até o final do ano, com expansão para a área metropolitana carioca até o final do primeiro trimestre de 2014.

"Estamos experimentando uma limpeza de base, focando nos clientes de maior valor e nossa aposta é numa oferta 3G de maior qualidade. Escolhemos não crescer a qualquer custo e devemos continuar sentindo pressão no Brasil no próximo trimestre, mas nossa performance deve melhorar com o lançamento comercial do 3G e forte campanha de marketing em setembro", detalha o CEO da NII.


Segundo Figueroa, foram implantados 900 sites 3G no Brasil no trimestre, a Nextel redesenhou suas lojas e tem expandido os pontos de venda. Eram pouco mais de 120 mil acessos 3G no Brasil ao final de junho, a maioria de modems de dados e a expectativa do CFO é de que a ARPU média seja entre 10% e 15% maior nas redes 3G após o lançamento comercial da operação.

As receitas no Brasil caíram 17,6% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2012, para US$ 559,2 milhões e a subsidiária brasileira registrou um prejuízo operacional de US$ 1,3 milhão entre abril e junho, frente ao lucro operacional de US$ 96,2 milhões um ano antes. A base de assinantes no País registrou desconexões líquidas de 5,2 mil clientes, fechando junho em 3,88 mil usuários. A taxa de churn foi de 2,7% e a ARPU US$43 (era de US$ 47 um ano antes).

Investimentos

No trimestre, a NII investiu cerca de US$ 318,4 milhões, 90% dos quais direcionados para México e Brasil. Do montante investido, 80% foram direcionados para redes 3G. "Implantamos 3 mil sites 3G e só no Brasil investimentos US$ 120 mil dólares em implantação de rede", detalha Figueroa.

Embora ainda não tenha feito ajustes nos guidances para o resto do ano, o CFO da NII acredita que esse ajuste, considerando o impacto do desligamento da rede iDEN da Sprint na operação mexicana e dos desafios enfrentados no mercado brasileiro, deva ser feito no próximo trimestre.

Outras operações

A NII conseguiu US$ 400 milhões com a venda de sua subsidiária no Peru e continua procurando um comprador para sua operação no Chile. A operação na Argentina, por enquanto, deve ser mantida.

A holding continua ainda em negociações para a venda de 4,5 mil torres. A expectativa inicial de Shindler era de que o negócio fosse concluído até o meio deste ano, mas o executivo reconheceu que foi "muito otimista" e que o foco não é se desfazer com pressa desses ativos, mas, sim, chegar a um termo razoável que se reflita em um bom negócio para a companhia. A negociação pode ser concluída nos próximos meses.

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