Exame Logo

Nextel muda para estancar perda de mercado no país

A empresa está voltando atrás de decisões que afetaram o atendimento aos clientes e levaram ao atraso tecnológico em relação à concorrência

Loja da Nextel: enquanto Vivo, TIM, Claro e Oi oferecem o serviço 3G há pelo menos quatro anos, a Nextel ainda engatinha no setor (Germano Lüders/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2013 às 09h24.

São Paulo - A Nextel está virando de cabeça para baixo sua estratégia após terminar o segundo trimestre com queda de 8,3% no número de clientes em relação a 2012.

A empresa está voltando atrás de decisões que afetaram o atendimento aos clientes e levaram ao atraso tecnológico em relação à concorrência. O presidente da Nextel no Brasil, Gokul Hemmady, diz saber que o rádio não atrai mais clientela. A diferença, agora, está na oferta de dados.

A internet é justamente o “calcanhar de aquiles” da Nextel, segundo fontes do mercado de telecomunicações. A empresa está muito atrasada em comparação à concorrência.

Enquanto Vivo, TIM, Claro e Oi oferecem o serviço 3G há pelo menos quatro anos, a Nextel ainda engatinha no setor. No momento, enquanto a Nextel começa a expandir mais agressivamente a rede 3G, as outras operadoras já estão na tecnologia seguinte, o 4G.

O serviço de banda larga móvel da Nextel, por enquanto, está limitado a São Paulo, com previsão de ser estendido para o Rio de Janeiro até o fim do ano.

No entanto, a oferta de aparelhos da empresa seguirá restrita até o início de 2014, quando os clientes da empresa poderão finalmente usar os aparelhos mais populares entre os usuários de maior poder aquisitivo, como o iPhone, da Apple, e a família Galaxy, da Samsung.

Como a Apple e a Samsung não vão adaptar seus aparelhos à oferta de rádio, o acesso ao produto será feita por um aplicativo criado em conjunto com o Google, o Prip, que estará disponível apenas para os assinantes da Nextel.

A escassez de aparelhos representa uma contradição à intenção da companhia de atender, principalmente, a empresas e clientes pessoa física das classes A e B.

Esse descompasso entre público-alvo e oferta fez a receita da Nextel com aparelhos despencar 40% no segundo trimestre de 2013, em relação ao mesmo período do ano passado.


Tempo perdido

Tanto atraso em relação à concorrência é fruto de estratégias equivocadas. A possibilidade de a empresa entrar na era da banda larga móvel foi aberta em dezembro de 2010, mas só começa a virar realidade agora, dois anos e meio mais tarde.

Segundo fontes de mercado, a NII - holding que controla a companhia - impôs à filial brasileira a terceirização do trabalho de expansão de rede e de tecnologia da informação à Nokia Siemens e à HP. “A decisão levou à queda na qualidade do serviço e a implantação da rede demorou bem mais que o esperado”, diz a fonte.

Os problemas ficaram mais evidentes no fim de 2011, quando acabou o período de estabilidade dos funcionários da Nextel que haviam migrado para as companhias contratadas. “Foi uma redução de custos que impactou também os sistemas das lojas da Nextel”, explica a fonte. “O cliente tentava trocar o plano, mas não conseguia. Criou-se um círculo negativo.”

Além dos problemas internos, a Nextel também não agiu de forma rápida o suficiente quando seu diferencial de mercado deixou de existir. Até pouco tempo atrás, o rádio era a forma mais prática de duas pessoas se comunicarem sem pagar uma ligação. Segundo o gerente da área de telecomunicações da consultoria Frost & Sullivan, Renato Pasquini, essa realidade mudou nos últimos quatro anos, com o lançamento do plano de ligações ilimitadas da TIM, estratégia que logo foi adotada pelas demais operadoras. “O mercado de voz está maduro e ser competitivo nessa área já não representa mais muita coisa”, diz o especialista.

Volta ao começo

Hemmady, que era diretor de operações da NII e assumiu a operação brasileira no fim do ano passado, afirma que boa parte dos erros do passado está sendo corrigida. A terceirização da rede, por exemplo, foi abortada. Ele afirma que a empresa já contratou 400 funcionários próprios para acelerar a expansão da rede 3G. “A partir de agora, as ofertas serão um mix de voz e dados, mas o foco vai estar nos dados.”

O executivo diz não estar preocupado com o fato de que a concorrência está um passo à frente no que diz respeito à tecnologia. “Não acho que o consumidor esteja interessado se o serviço é 3G e 4G, mas sim na experiência de navegação”, diz. O presidente da Nextel no Brasil afirma que 2013 será um ano de “estabilização” dos serviços, que deverá levar a uma melhora do resultado final de 2014.

O mercado financeiro, no entanto, não vê a situação sob o mesmo prisma. Um relatório do banco americano JP Morgan reduziu as estimativas para a ação da holding NII, que é negociada na bolsa eletrônica Nasdaq, por causa das dificuldades da companhia em implantar o serviço 3G no Brasil e no México, seus principais mercados. Os analistas André Baggio e Marcelo Santos também reduziram as estimativas para a receita e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para os exercícios de 2013 e 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Veja também

São Paulo - A Nextel está virando de cabeça para baixo sua estratégia após terminar o segundo trimestre com queda de 8,3% no número de clientes em relação a 2012.

A empresa está voltando atrás de decisões que afetaram o atendimento aos clientes e levaram ao atraso tecnológico em relação à concorrência. O presidente da Nextel no Brasil, Gokul Hemmady, diz saber que o rádio não atrai mais clientela. A diferença, agora, está na oferta de dados.

A internet é justamente o “calcanhar de aquiles” da Nextel, segundo fontes do mercado de telecomunicações. A empresa está muito atrasada em comparação à concorrência.

Enquanto Vivo, TIM, Claro e Oi oferecem o serviço 3G há pelo menos quatro anos, a Nextel ainda engatinha no setor. No momento, enquanto a Nextel começa a expandir mais agressivamente a rede 3G, as outras operadoras já estão na tecnologia seguinte, o 4G.

O serviço de banda larga móvel da Nextel, por enquanto, está limitado a São Paulo, com previsão de ser estendido para o Rio de Janeiro até o fim do ano.

No entanto, a oferta de aparelhos da empresa seguirá restrita até o início de 2014, quando os clientes da empresa poderão finalmente usar os aparelhos mais populares entre os usuários de maior poder aquisitivo, como o iPhone, da Apple, e a família Galaxy, da Samsung.

Como a Apple e a Samsung não vão adaptar seus aparelhos à oferta de rádio, o acesso ao produto será feita por um aplicativo criado em conjunto com o Google, o Prip, que estará disponível apenas para os assinantes da Nextel.

A escassez de aparelhos representa uma contradição à intenção da companhia de atender, principalmente, a empresas e clientes pessoa física das classes A e B.

Esse descompasso entre público-alvo e oferta fez a receita da Nextel com aparelhos despencar 40% no segundo trimestre de 2013, em relação ao mesmo período do ano passado.


Tempo perdido

Tanto atraso em relação à concorrência é fruto de estratégias equivocadas. A possibilidade de a empresa entrar na era da banda larga móvel foi aberta em dezembro de 2010, mas só começa a virar realidade agora, dois anos e meio mais tarde.

Segundo fontes de mercado, a NII - holding que controla a companhia - impôs à filial brasileira a terceirização do trabalho de expansão de rede e de tecnologia da informação à Nokia Siemens e à HP. “A decisão levou à queda na qualidade do serviço e a implantação da rede demorou bem mais que o esperado”, diz a fonte.

Os problemas ficaram mais evidentes no fim de 2011, quando acabou o período de estabilidade dos funcionários da Nextel que haviam migrado para as companhias contratadas. “Foi uma redução de custos que impactou também os sistemas das lojas da Nextel”, explica a fonte. “O cliente tentava trocar o plano, mas não conseguia. Criou-se um círculo negativo.”

Além dos problemas internos, a Nextel também não agiu de forma rápida o suficiente quando seu diferencial de mercado deixou de existir. Até pouco tempo atrás, o rádio era a forma mais prática de duas pessoas se comunicarem sem pagar uma ligação. Segundo o gerente da área de telecomunicações da consultoria Frost & Sullivan, Renato Pasquini, essa realidade mudou nos últimos quatro anos, com o lançamento do plano de ligações ilimitadas da TIM, estratégia que logo foi adotada pelas demais operadoras. “O mercado de voz está maduro e ser competitivo nessa área já não representa mais muita coisa”, diz o especialista.

Volta ao começo

Hemmady, que era diretor de operações da NII e assumiu a operação brasileira no fim do ano passado, afirma que boa parte dos erros do passado está sendo corrigida. A terceirização da rede, por exemplo, foi abortada. Ele afirma que a empresa já contratou 400 funcionários próprios para acelerar a expansão da rede 3G. “A partir de agora, as ofertas serão um mix de voz e dados, mas o foco vai estar nos dados.”

O executivo diz não estar preocupado com o fato de que a concorrência está um passo à frente no que diz respeito à tecnologia. “Não acho que o consumidor esteja interessado se o serviço é 3G e 4G, mas sim na experiência de navegação”, diz. O presidente da Nextel no Brasil afirma que 2013 será um ano de “estabilização” dos serviços, que deverá levar a uma melhora do resultado final de 2014.

O mercado financeiro, no entanto, não vê a situação sob o mesmo prisma. Um relatório do banco americano JP Morgan reduziu as estimativas para a ação da holding NII, que é negociada na bolsa eletrônica Nasdaq, por causa das dificuldades da companhia em implantar o serviço 3G no Brasil e no México, seus principais mercados. Os analistas André Baggio e Marcelo Santos também reduziram as estimativas para a receita e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para os exercícios de 2013 e 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:3GCelularesEmpresasEmpresas americanasIndústria eletroeletrônicaNextelServiçosTelecomunicaçõesTelefonia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame