Netshoes dobra prejuízo em 2012, mas continua mirando alto
Com aumento de despesas, companhia teve perdas de R$ 79,2 milhões; segundo vice-presidente de planejamento, no entanto, procedimentos adotados no meio do ano preparam virada
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2013 às 15h35.
São Paulo - Se a receita líquida da Netshoes subiu 62,8% em 2012, chegando a 783,1 milhões de reais, o prejuízo da empresa praticamente dobrou, pulando de 39,9 milhões de reais para 79,2 milhões de reais no ano. A informação foi publicada no dia 30 de abril no Diário Oficial Empresarial de São Paulo. No balanço, a empresa aparece apenas como NS2.COM Internet, seu nome de registro no país.
Fundada como uma sapataria no centro de São Paulo nos anos 2000, a empresa decidiu se dedicar unicamente ao comércio virtual e restringir seu portfólio, vendendo apenas artigos esportivos. Deu certo. Com um investimento maciço em marketing, incluindo patrocínio a clubes de futebol e propagandas frequentes na web, a Netshoes viu seu faturamento crescer 40 vezes nos últimos cinco anos, chegando a 1,15 bilhão de reais em 2012.
Mas o ganho de musculatura cobrou sua conta. Embora a varejista tenha visto a despesa com vendas subir mais de 50% no ano, foram os avanços com gastos financeiros e administrativos que mais impactaram o balanço, com aumento na casa dos três dígitos. A escalada foi de 106% com despesas financeiras e 102% com despesas administrativas e gerais. Juntas, as duas áreas fizeram a Netshoes desembolsar 179,8 milhões de reais em 2012, contra 88,5 milhões no ano anterior.
Tecnologia
José Rogério Luiz, vice-presidente de planejamento da Netshoes, explica que as despesas financeiras aumentaram para fazer frente ao plano de expansão da companhia. "Em vez de colocar capital, os acionistas viram como 'ok' que a empresa tomasse endividamento para tocar seu crescimento, construir centro de distribuição e treinar gente", afirmou.
A elevação dos gastos com administrativos, por sua vez, embutiu o gasto da companhia com tecnologia. Na prática, a Netshoes não quer apenas que o seu anúncio seja visto na internet, mas que ele nasça moldado às preferências de cada usuário, aumentando as chances de clique - e de compra. Luiz ressalta que a inteligência artificial que faz com que os artigos do Flamengo, por exemplo, apareçam para quem acessa notícias do rubro-negro começou a ser usada com mais velocidade no ano passado.
Ao mesmo tempo em que aumentou a aposta na chamada tecnologia big-data, que envolve o processamento de um grande volume de rastros deixados pelos internautas, a Netshoes diminuiu o ritmo do desembolso com publicidade. Não por menos, as despesas com vendas, que englobam o orçamento do marketing, acabaram subindo menos em 2012, ano em que a companhia perdeu o posto de maior anunciante da internet brasileira para a concorrente Dafiti.
Dinheiro na mão
Ao se antecipar aos desejos do consumidor, a Netshoes começou a questionar seu modelo de negócios. "Dando a conveniência para o cliente, não fazia sentido cobrar menos que uma loja física", disse José Rogério Luiz. "Mas desde que oferecêssemos um tremendo serviço, conseguindo, por causa da tecnologia, entender o cliente e os produtos que ele queria", completou o vice-presidente de planejamento da companhia.
O executivo afirmou que os números de 2012 foram fundamentalmente afetados pelo resultado do primeiro semestre. A partir da metade do ano, o jogo teria começado a virar com a adoção das novas estratégias que germinaram desse insight.
A partir de então, o frete grátis da Netshoes só passou a valer para compras entregues depois de quatro dias. Agora, se quiser receber antes disso o usuário tem que pagar. Se morar na Grande São Paulo e desejar que a encomenda chegue no mesmo dia, ele deve fechar a compra até às 14h - e também arcar com uma taxa maior, que fica entre 15 e 20 reais. Além disso, a empresa fixou a parcela mínima das compras divididas no cartão em 25 reais.
Mirando no azul
Segundo José Rogério, as medidas já vêm surtindo efeito. "Se eliminarmos a despesa financeira, a companhia está sete vezes melhor em 2013 que no mesmo período do ano passado", afirmou, acrescentando que "a despesa financeira advém de uma estrutura de capital que a empresa pode alterar ao longo do tempo".
A declaração é uma deixa para uma operação que está sendo estudada há algum tempo pela Netshoes: a abertura de capital na Nasdaq, a bolsa americana de tecnologia. Embora já tenha contratado bancos de investimento para coordenar a operação, a empresa ainda não cravou data para sua abertura de capital.
Além de pavimentar o caminho rumo ao lucro, a Netshoes acredita estar criando um modelo mais sustentável para o e-commerce no país, outrora assentado sobre uma combinação de preço baixo, conveniência, longo prazo de financiamento e frete grátis. "(Assim) é difícil a conta fechar", finalizou José Rogério.
São Paulo - Se a receita líquida da Netshoes subiu 62,8% em 2012, chegando a 783,1 milhões de reais, o prejuízo da empresa praticamente dobrou, pulando de 39,9 milhões de reais para 79,2 milhões de reais no ano. A informação foi publicada no dia 30 de abril no Diário Oficial Empresarial de São Paulo. No balanço, a empresa aparece apenas como NS2.COM Internet, seu nome de registro no país.
Fundada como uma sapataria no centro de São Paulo nos anos 2000, a empresa decidiu se dedicar unicamente ao comércio virtual e restringir seu portfólio, vendendo apenas artigos esportivos. Deu certo. Com um investimento maciço em marketing, incluindo patrocínio a clubes de futebol e propagandas frequentes na web, a Netshoes viu seu faturamento crescer 40 vezes nos últimos cinco anos, chegando a 1,15 bilhão de reais em 2012.
Mas o ganho de musculatura cobrou sua conta. Embora a varejista tenha visto a despesa com vendas subir mais de 50% no ano, foram os avanços com gastos financeiros e administrativos que mais impactaram o balanço, com aumento na casa dos três dígitos. A escalada foi de 106% com despesas financeiras e 102% com despesas administrativas e gerais. Juntas, as duas áreas fizeram a Netshoes desembolsar 179,8 milhões de reais em 2012, contra 88,5 milhões no ano anterior.
Tecnologia
José Rogério Luiz, vice-presidente de planejamento da Netshoes, explica que as despesas financeiras aumentaram para fazer frente ao plano de expansão da companhia. "Em vez de colocar capital, os acionistas viram como 'ok' que a empresa tomasse endividamento para tocar seu crescimento, construir centro de distribuição e treinar gente", afirmou.
A elevação dos gastos com administrativos, por sua vez, embutiu o gasto da companhia com tecnologia. Na prática, a Netshoes não quer apenas que o seu anúncio seja visto na internet, mas que ele nasça moldado às preferências de cada usuário, aumentando as chances de clique - e de compra. Luiz ressalta que a inteligência artificial que faz com que os artigos do Flamengo, por exemplo, apareçam para quem acessa notícias do rubro-negro começou a ser usada com mais velocidade no ano passado.
Ao mesmo tempo em que aumentou a aposta na chamada tecnologia big-data, que envolve o processamento de um grande volume de rastros deixados pelos internautas, a Netshoes diminuiu o ritmo do desembolso com publicidade. Não por menos, as despesas com vendas, que englobam o orçamento do marketing, acabaram subindo menos em 2012, ano em que a companhia perdeu o posto de maior anunciante da internet brasileira para a concorrente Dafiti.
Dinheiro na mão
Ao se antecipar aos desejos do consumidor, a Netshoes começou a questionar seu modelo de negócios. "Dando a conveniência para o cliente, não fazia sentido cobrar menos que uma loja física", disse José Rogério Luiz. "Mas desde que oferecêssemos um tremendo serviço, conseguindo, por causa da tecnologia, entender o cliente e os produtos que ele queria", completou o vice-presidente de planejamento da companhia.
O executivo afirmou que os números de 2012 foram fundamentalmente afetados pelo resultado do primeiro semestre. A partir da metade do ano, o jogo teria começado a virar com a adoção das novas estratégias que germinaram desse insight.
A partir de então, o frete grátis da Netshoes só passou a valer para compras entregues depois de quatro dias. Agora, se quiser receber antes disso o usuário tem que pagar. Se morar na Grande São Paulo e desejar que a encomenda chegue no mesmo dia, ele deve fechar a compra até às 14h - e também arcar com uma taxa maior, que fica entre 15 e 20 reais. Além disso, a empresa fixou a parcela mínima das compras divididas no cartão em 25 reais.
Mirando no azul
Segundo José Rogério, as medidas já vêm surtindo efeito. "Se eliminarmos a despesa financeira, a companhia está sete vezes melhor em 2013 que no mesmo período do ano passado", afirmou, acrescentando que "a despesa financeira advém de uma estrutura de capital que a empresa pode alterar ao longo do tempo".
A declaração é uma deixa para uma operação que está sendo estudada há algum tempo pela Netshoes: a abertura de capital na Nasdaq, a bolsa americana de tecnologia. Embora já tenha contratado bancos de investimento para coordenar a operação, a empresa ainda não cravou data para sua abertura de capital.
Além de pavimentar o caminho rumo ao lucro, a Netshoes acredita estar criando um modelo mais sustentável para o e-commerce no país, outrora assentado sobre uma combinação de preço baixo, conveniência, longo prazo de financiamento e frete grátis. "(Assim) é difícil a conta fechar", finalizou José Rogério.