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Net zero: empresas são parte do problema e da solução

Grandes companhias têm a capacidade de mobilizar equipes altamente capacitadas e recursos, além de prover soluções inovadoras para enfrentar a situação

ESGTalks: em evento promovido pela PwC, especialistas falam do alerta da ONU sobre as mudanças climáticas (PwC/Divulgação)

ESGTalks: em evento promovido pela PwC, especialistas falam do alerta da ONU sobre as mudanças climáticas (PwC/Divulgação)

Combater o avanço das mudanças climáticas é prática urgente e que envolve governos, iniciativa privada e a sociedade em geral. Ainda que o tema tenha pressa e que sua popularidade esteja em alta, a verdade é que ainda são poucas as empresas que já abraçaram a causa.

Mauricio Colombari, líder de ESG na consultoria PwC, afirma que um levantamento recente feito com as empresas do Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores brasileira, mostrou que somente 16% delas assumiram o compromisso de se tornar net zero.

“Sabemos que assumir esse compromisso não é fácil”, comentou durante o ESGTalks especial, que a PwC promoveu no dia 15 de setembro em seu canal no YouTube, com o tema "O alerta da ONU sobre as mudanças climáticas".

“Temos que pensar, enquanto sociedade, o futuro que queremos construir. Acho que ainda está em nossas mãos”, complementou. 

Desafios do net zero

Para ele, o baixo índice de comprometimento com a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa é consequência dos muitos desafios simultâneos que as empresas têm - pandemia, questões cibernéticas, tributárias, incertezas políticas, etc.

“A questão climática não estava entre as dez principais preocupações em uma pesquisa que fizemos recentemente. Mas os eventos climáticos extremos já estão acontecendo e as regulações devem colocar o tema no centro de tudo, de governos e de empresas”, diz.

Paulo Artaxo, professor da USP e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas (ONU), que também participou da conversa, reforçou a urgência da agenda.

“O relatório é um aviso para a sociedade. Ele não preconiza que vamos morrer todos queimados, mas é um alerta de que o atual modelo sócioeconômico é insustentável até mesmo no curto prazo, e que a gente precisa reduzir as emissões de gases de efeito estufa no menor tempo possível”, comentou.

Entre as principais ações, segundo Artaxo, estão “parar de queimar combustíveis fósseis, frear o desmatamento da floresta Amazônica e mudar os hábitos de consumo, principalmente nos países desenvolvidos, porque estão esgotando os recursos naturais do planeta”.

Ele alerta que, se nada disso for feito, teremos aumento de temperatura na ordem de 3 a 5 graus, com 30% menos de chuva em parte do Brasil, “o que inviabiliza a produtividade agrícola que temos hoje”. 

A PhD Karen Tanaka, gerente de sustentabilidade da Ambev desde abril deste ano, vê que a iniciativa privada está seguindo as orientações da ciência - ela mesma ter ingressado em uma multinacional é um exemplo disso. Para a executiva e pesquisadora, o papel do setor privado é fundamental, porque as grandes empresas têm a capacidade de mobilizar equipes altamente capacitadas e recursos, além de prover soluções inovadoras.

“Se a gente não se movimentar, todos os setores vão apanhar muito, em termos financeiros e de reputação”, afirma. “Será que as empresas estão prontas para perder os recursos, inclusive os talentos? Porque os jovens profissionais não querem se juntar a companhias que não defendam uma postura mais ativa nesse papel social.”

Para ela, a atual “onda ESG” é um exemplo de como o setor privado tem se mexido nesse sentido. “As empresas são parte do problema, sabemos disso, mas somos parte da solução. Acho que no final das contas é a única saída.”

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