Na Mastercard, homens ainda ganham mais que mulheres
Nos cargos de liderança, elas ocupam 30% das posições na companhia, mas há quatro anos, essa participação era ainda menor
Karin Salomão
Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 12h02.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2018 às 13h46.
São Paulo – A Mastercard admitiu que ainda há diferenças salariais em sua empresa. Para funcionários no mesmo cargo e com a mesma performance, homens ainda recebem mais que mulheres .
As funcionárias recebem, em média, 0,991 centavos de dólar para cada dólar embolsado pelos homens pelo mesmo trabalho e mesmas qualificações, revelou a empresa de pagamentos em seu relatório de diversidade .
Essa desigualdade foi apontada por uma consultoria independente, contratada pela Mastercard para avaliar a diversidade na companhia. Apesar da disparidade, a diferença é menor do que a média global. Em todo o mundo, mulheres ganham apenas 77 centavos para cada dólar recebido por homens, de acordo com a ONU.
A diferença na Mastercard também aparece no número de funcionários da companhia: elas são apenas 39% do total de funcionários.
Nos cargos de liderança, elas ocupam 30% das posições – há quatro anos, essa participação era ainda menor, de 26%. Já no conselho de administração, 3 dos 12 conselheiros da companhia são mulheres.
A companhia revisa suas práticas de benefícios e pagamentos anualmente, diz o relatório. As diferenças salariais também podem ser denunciadas pelos próprios funcionários, através de canais de ética e pelo departamento jurídico ou de relações com funcionários.
Esforços para diminuir a diferença
Para diminuir a diferença salarial, a Mastercard implementou algumas políticas internas, como ter pelo menos uma candidata mulher para todos os processos seletivos. No ano passado, 83% das vagas abertas foram disputadas por ao menos uma mulher. Como resultado, as mulheres alcançaram 40% das contratações no ano passado.
Iniciativas de desenvolvimento profissional também estão entre as ações da Mastercard para aumentar a diversidade de gênero. “Criamos um programa global de desenvolvimento de liderança feminina para identificar as próximas gerações de talentos femininos e para assegurar que essas mulheres terão as habilidades necessárias para assumir papéis mais amplos na organização”, diz a empresa no relatório. Entre os funcionários que receberam alguma promoção ou mudança de carreira no ano passado, 39% eram mulheres.
Para a empresa de pagamentos, “a igualdade de gênero é o núcleo fundamental do nosso compromisso de construir uma cultura inclusiva e de alto desempenho na empresa, por isso permanecemos dedicados a manter práticas concebidas para garantir a igual remuneração pelo desempenho igual nos mesmos níveis”.
Diversidade de gênero não é o único foco da companhia. Ela também busca contratar pessoas de países e formações acadêmicas diferentes e tem iniciativas para a comunidade LGBT.
Em entrevista ao site EXAME no ano passado, o diretor global de recursos humanos, Michael Fraccaro, afirmou que a diversidade é importante para o crescimento da empresa. “Se quisermos continuar crescendo no futuro, não podemos apenas nos concentrar nos nossos produtos principais e precisamos diversificar os produtos, pessoas e mercados”, disse ele.
O tema é especialmente caro para o CEO da empresa, o indiano Ajay Banga. “Minha paixão por diversidade vem do fato que eu sou diverso”, afirmou ele em discurso a formandos na New York University, em 2015. “Por mais de 100 vezes eu me senti diferente de todas as pessoas em uma sala”.
“Diversidade é o que traz ideias melhores, decisões melhores, produtos melhores, é a espinha dorsal da inovação, é o que define uma excelente cultura de liderança”, afirmou.