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MRV pode bater recorde de vendas enquanto mercado corre para IPOs

Após bons números no primeiro trimestre, construtora deve apresentar recorde de vendas, enquanto tenta superar a crise e o aumento da concorrência

MRV: diferente de muitas do setor, companhia deve apresentar bons números nesta terça / Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

Felipe Giacomelli

Publicado em 12 de agosto de 2020 às 06h41.

Última atualização em 12 de agosto de 2020 às 06h43.

A MRV , maior construtora do Brasil, deve mostrar os efeitos da pandemia do novo coronavírus e da redução da taxa básica de juros no mercado imobiliário. A empresa divulga nesta quarta-feira, 12, seus resultados trimestrais após o fechamento do mercado, acompanhada de outras construtoras, como Rossi e Tecnisa, que também divulgam hoje os resultados.

E a MRV pode apresentar um recorde de vendas. No primeiro trimestre, a construtora já havia realizado o seu maior volume de venda da história e, agora, bateu novo recorde. Em prévia operacional, divulgada no dia 7 de julho, a construtora apresentou 1,8 bilhão de reais em vendas e 11.479 unidades vendidas, alta de 37,4% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 8,4% na comparação com o primeiro trimestre do ano. Em prévia divulgada no início de julho, o banco BTG estima receitas de 1,8 bilhão de reais, ebitda de 308 milhões de reais, com margem de 17%, e lucro de 166 milhões de reais.

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Mesmo com mais vendas, a construtora segurou os lançamentos. Com um alto nível de estoque de apartamentos no início do ano, a MRV adotou uma estratégia de redução do volume de lançamentos no trimestre, priorizando o atendimento das praças menos abastecidas, diz ela em documento de prévia. Assim, o volume de lançamentos no trimestre atingiu a marca de 5.349 unidades, 20,4% abaixo do primeiro trimestre do ano e queda de 51,7% em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

A MRV destacou que as medidas de distanciamento social, que obrigou prefeituras e cartórios a funcionarem com restrições e horários de agendamento, também impactaram o negócio.

Com a queda na taxa de juros, os imóveis ficaram mais acessíveis, o que pode ser uma vantagem para a MRV, que atua principalmente com empreendimentos voltados para a baixa renda. “Um diferencial no setor é a queda na taxa de juros. Uma parcela muito grande da população, que não teria condições de comprar um imóvel e hoje mora de aluguel, passa a ver vantagem na compra”, diz Glauco Legat, analista-chefe da Necton.
Não há uma relação direta entre a queda da taxa básica Selic, hoje em 2%, com as taxas do financiamento imobiliário. Mas se há dois anos essa taxa era de dois dígitos, hoje está por volta de 7,5%.

Por outro lado, o cenário da economia brasileira não está fácil. Como a compra de um imóvel exige segurança e a expectativa de que será possível cumprir com o compromisso, as novas vendas podem sofrer com a crise e o desemprego, diz Legat.

Ainda que seja a maior construtora do país, a MRV está prestes a ganhar dezenas de novas concorrentes na bolsa de valores. A lista de companhias do setor de construção e incorporação que planejam captar dinheiro na B3 por meio de uma oferta pública inicial de ações ( IPO ) não para de crescer.

A movimentação está deixando até mesmo os bancos de investimento de queixo caído. O EXAME IN apurou que há 20 candidatas e, se todas as companhias abrissem capital, movimentariam cerca de 20 bilhões de reais. Seria o maior número de IPOs desde 2007. A MRV deve mostrar se consegue manter a participação de mercado em um setor tão movimentado.

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