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Morar fora? Na pandemia, brasileiro aumenta procura por casa em Portugal

De acordo com imobiliárias, mudanças na regra do visto previstas para 2022, cenário político nacional e pandemia contribuíram para que brasileiros fossem às compras no país europeu

Empresas afirmam que a procura de brasileiros está em alta (Alexander Spatari/Getty Images)

Empresas afirmam que a procura de brasileiros está em alta (Alexander Spatari/Getty Images)

KS

Karina Souza

Publicado em 26 de julho de 2021 às 15h00.

Morar em Portugal é um sonho para muitos brasileiros -- e realidade para alguns. A esperança de mais qualidade de vida em um país com idioma similar ao do Brasil faz com que o país conceda, por dia, pelo menos 80 vistos para brasileiros. Os dados foram divulgados recentemente pelo jornal O Globo e dizem respeito ao último semestre. Para ter uma ideia, esse número representa mais de 30% dos documentos concedidos a todos os estrangeiros em seis meses.

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Com o cenário político brasileiro instável, somado à pandemia, não é difícil entender por que a procura está tão em alta -- mesmo com o real tão desvalorizado frente ao euro. Além disso, uma mudança nas regras do “Golden Visa” pode colaborar para que os endinheirados acelerem a procura por imóveis em Portugal.

Entrando em detalhes, essa regra é um dos caminhos mais fáceis para obter a cidadania portuguesa. Até o fim de 2021, quem adquirir um imóvel em qualquer região de Portugal tem direito a esse benefício -- criado em 2012 com o objetivo de fomentar o investimento no país. 

Em linhas gerais, comprar um imóvel de 500 mil euros dá direito à Autorização de Residência para Atividade de Investimento em Portugal (ARI), por meio da qual é possível ter residência de até cinco anos no país ibérico, trabalhar em Portugal e solicitar a cidadania portuguesa ao fim desse período.

A partir de 2022, as regras mudam ligeiramente: imóveis dentro das regiões de Lisboa, Porto, Algarve e demais áreas do litoral não serão mais elegíveis para a obtenção desse visto temporário de residência. 

Considerando a busca dos brasileiros por imóveis em Portugal, não é possível ignorar completamente esse fator como uma mola propulsora para as buscas. Segundo dados divulgados no último ano pelo Relatório Anual do Mercado Residencial 2020, as principais regiões procuradas por brasileiros, espanhóis e franceses (maior parte das buscas por imóveis em Portugal) estão na região do Algarve e no Norte do país.

Um fator financeiro também pode ajudar a explicar essa procura: apesar da valorização do euro em relação ao real, em Portugal, as taxas praticadas estão em patamares historicamente baixos, em torno de 1% ao ano. 

O que empresas estão fazendo

Com todos esses fatores em jogo, empresas portuguesas têm visto o aumento da procura de brasileiros por imóveis no país europeu. A imobiliária Belas Clube de Campo, por exemplo, viu a procura de brasileiros aumentar de 20% a 30% após a pandemia. No primeiro trimestre, pelo menos metade da procura internacional por imóveis foi feita por brasileiros. 

Para atendê-los, além de campanhas orientadas para o território brasileiro, a empresa tem até um escritório físico no Rio de Janeiro. Do momento zero de procura até assessoria de advogados, abertura bancária em Portugal, financiamentos, tudo é acompanhado de perto pela empresa. 

O valor dos imóveis mais procurados pelos brasileiros que procuram o Belas Clube de Campo começa em 600 mil  euros e vai até 1,3 milhão -- pagando pelo menos 500 mil euros  à vista para ter direito ao “Golden Visa”.

E, afinal, quem são esses clientes? Em resumo, podem ser definidos de três formas:

“Por um lado, temos os clientes que estão mudando definitivamente para Portugal para morar, com suas famílias. Muitos deles são empresários, que mantêm os seus negócios no Brasil, fazendo o acompanhamento e a gestão dos mesmos de Portugal. O segundo tipo são os clientes que procuram um imóvel para passar grandes temporadas, de dois a quatro meses por ano; e, por fim, estão os aposentados, que procuram imóveis em zonas mais tranquilas, seguras, junto da natureza”, afirma a empresa, em nota.

É um perfil semelhante ao de quem procura pela VIC Properties, incorporadora que atua em Portugal. Clientes de classe média a alta, que buscam por conforto e design. 

Em relação à demora para tornar esse sonho realidade, as empresas destacam que o principal ponto está relacionado à solicitação do Golden Visa. Quanto ao resto, o processo para adquirir o imóvel pode ser tão rápido quanto no Brasil, caso o cliente já tenha conta em Portugal. 

Dentro da incorporadora, os brasileiros representam 15% entre todos os compradores internacionais do Prata Riverside Village, lançamento mais recente. O montante é representativo, considerando que 70% das compras são feitas por portugueses.  Por lá, os preços são ligeiramente mais amigáveis: os imóveis mais baratos desse empreendimento custam 275 mil euros.

Desde setembro do ano passado, todas as vendas são acompanhadas por uma equipe sediada em Lisboa e usam recursos totalmente digitais. Segundo a VIC Properties, isso trouxe bastante êxito -- mas a recuperação desse consumo deve vir com a aceleração da vacinação no Brasil e a queda das restrições de viagens. 

“Com a vacinação a avançar a bom ritmo tanto em Portugal como no Brasil, com as viagens a abrirem novamente, temos também vários interessados que querem dar o próximo passo. Ou seja, marcar viagem para Portugal para virem escolher a sua casa no Prata enquanto tomam um café connosco à beira Tejo”, diz Marcos Drummond, diretor de vendas da VIC Properties.

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