Montadoras prosperam e abandonam uma Detroit em decadência
Muitas fábricas que antes ficavam na antiga capital mundial do carro mudaram para os subúrbios, para outros estados ou países
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2013 às 20h18.
Southfield – A cidade de Detroit era a capital mundial do carro em 1955, quando David Cole entrou na faculdade para estudar engenharia mecânica. Seis décadas depois, o ‘motor’ mudou de lugar, disse Cole.
Muitas fábricas, que empregavam milhares de pessoas na cidade, mudaram para os subúrbios, para outros estados americanos ou para países como a China e o Brasil, à medida que a indústria automotiva foi se globalizando e foi se centrando em uma produção mais rápida e menos dispendiosa, disse Cole, presidente emérito do Centro de Pesquisa Automotiva em Ann Arbor, Michigan, e filho de um presidente da General Motors Co.
Ontem, Detroit, paralisada por dívidas de US$ 18 bilhões, foi obrigada a pedir a maior concordata da história de uma cidade americana, ao passo que a GM, a Ford Motor Co. e a Chrysler Group LLC, nascidas na cidade, estão lucrando e prosperando.
Os laços de Detroit com a fortuna da indústria automotiva caíram ao longo de seis décadas. Os empregos industriais na cidade passaram de 296.000 em 1950 para menos de 27.000 em 2011. As montadoras americanas, que ainda dominavam o mercado nas décadas de 1950 e 1960, levaram boa parte da sua produção para fora de Detroit e construíram fábricas novas nos EUA e no mundo. Isso acelerou a decadência de Detroit.
As companhias disseram ontem que continuarão a contribuir para a reestruturação da cidade.
“A Chrysler Group acredita na cidade e no povo de Detroit” disse a companhia numa declaração por e-mail. “Nós continuamos investindo na cidade e nos seus habitantes, reforçando a nossa presença em Detroit, e também estamos comprometidos em ter papel positivo na sua revitalização”.
Para a GM, a bancarrota pode ser “um novo começo” para a cidade.
“Uma indústria automotiva saudável fará parte da volta de Detroit e a GM fará sua contribuição”, disse a companhia num comunicado.
Alta das ações
As montadoras de carros podem se dar ao luxo de ser magnânimas: a mais antiga delas, a Ford, fundada há 110 anos, chegou ao seu valor mais alto em 29 meses em 15 de julho, e suas ações já se valorizaram 31 por cento neste ano. A GM cresceu 28 por cento também neste ano.
Em compensação, a maior cidade de Michigan passou de ter 1,85 milhão de habitantes em 1950, quando era a quarta maior cidade dos EUA, para apenas 701.475 em 2012, segundo dados do censo americano.
No pedido de concordata apresentado ontem no tribunal em Detroit, a cidade informou ativos e dívidas por mais de US$ 1 bilhão. O gerente de Emergências Financeiras da cidade, Kevin Orr, que ajudou na falência da Chrysler, acelerou o pedido de concordata depois de fracassar tentando chegar a um acordo com devedores e os sindicatos da cidade para reduzir custos.
A espiral de Detroit
O declínio de Detroit começou na década de 1950 com o fechamento da imensa fábrica da Packard, disse John Wolkonowicz, consultor independente do ramo em Boston e ex-planejador de produtos da Ford. A fábrica nunca foi demolida; seu esqueleto é o símbolo da decadência de Detroit.
“A mentalidade de Detroit também contribuiu para o declínio da indústria automotiva. Já conversei com muita gente que trabalhava nas montadoras e eles não estavam interessados nas companhias de automóveis ou na indústria automotiva. Só estavam lá porque a fábrica estava lá”.
Southfield – A cidade de Detroit era a capital mundial do carro em 1955, quando David Cole entrou na faculdade para estudar engenharia mecânica. Seis décadas depois, o ‘motor’ mudou de lugar, disse Cole.
Muitas fábricas, que empregavam milhares de pessoas na cidade, mudaram para os subúrbios, para outros estados americanos ou para países como a China e o Brasil, à medida que a indústria automotiva foi se globalizando e foi se centrando em uma produção mais rápida e menos dispendiosa, disse Cole, presidente emérito do Centro de Pesquisa Automotiva em Ann Arbor, Michigan, e filho de um presidente da General Motors Co.
Ontem, Detroit, paralisada por dívidas de US$ 18 bilhões, foi obrigada a pedir a maior concordata da história de uma cidade americana, ao passo que a GM, a Ford Motor Co. e a Chrysler Group LLC, nascidas na cidade, estão lucrando e prosperando.
Os laços de Detroit com a fortuna da indústria automotiva caíram ao longo de seis décadas. Os empregos industriais na cidade passaram de 296.000 em 1950 para menos de 27.000 em 2011. As montadoras americanas, que ainda dominavam o mercado nas décadas de 1950 e 1960, levaram boa parte da sua produção para fora de Detroit e construíram fábricas novas nos EUA e no mundo. Isso acelerou a decadência de Detroit.
As companhias disseram ontem que continuarão a contribuir para a reestruturação da cidade.
“A Chrysler Group acredita na cidade e no povo de Detroit” disse a companhia numa declaração por e-mail. “Nós continuamos investindo na cidade e nos seus habitantes, reforçando a nossa presença em Detroit, e também estamos comprometidos em ter papel positivo na sua revitalização”.
Para a GM, a bancarrota pode ser “um novo começo” para a cidade.
“Uma indústria automotiva saudável fará parte da volta de Detroit e a GM fará sua contribuição”, disse a companhia num comunicado.
Alta das ações
As montadoras de carros podem se dar ao luxo de ser magnânimas: a mais antiga delas, a Ford, fundada há 110 anos, chegou ao seu valor mais alto em 29 meses em 15 de julho, e suas ações já se valorizaram 31 por cento neste ano. A GM cresceu 28 por cento também neste ano.
Em compensação, a maior cidade de Michigan passou de ter 1,85 milhão de habitantes em 1950, quando era a quarta maior cidade dos EUA, para apenas 701.475 em 2012, segundo dados do censo americano.
No pedido de concordata apresentado ontem no tribunal em Detroit, a cidade informou ativos e dívidas por mais de US$ 1 bilhão. O gerente de Emergências Financeiras da cidade, Kevin Orr, que ajudou na falência da Chrysler, acelerou o pedido de concordata depois de fracassar tentando chegar a um acordo com devedores e os sindicatos da cidade para reduzir custos.
A espiral de Detroit
O declínio de Detroit começou na década de 1950 com o fechamento da imensa fábrica da Packard, disse John Wolkonowicz, consultor independente do ramo em Boston e ex-planejador de produtos da Ford. A fábrica nunca foi demolida; seu esqueleto é o símbolo da decadência de Detroit.
“A mentalidade de Detroit também contribuiu para o declínio da indústria automotiva. Já conversei com muita gente que trabalhava nas montadoras e eles não estavam interessados nas companhias de automóveis ou na indústria automotiva. Só estavam lá porque a fábrica estava lá”.