Ministro francês descarta saída de Ghosn da chefia da Renault
Ele afirmou que Ghosn foi fundamental na aliança da Renault com a montadora japonesa Nissan
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2011 às 13h45.
Paris - O ministro da Indústria da França, Eric Besson, afirmou neste domingo que não quer desestabilizar a montadora de automóveis Renault, após ser questionado se o presidente-executivo da empresa, Carlos Ghosn, deveria deixar o cargo após um escândalo de espionagem que se provou infundado.
"Como ministro da Indústria, ouvi a voz do povo pedindo por punição, mas a maior preocupação do ministro da Indústria neste momento é não desestabilizar a Renault ainda mais," afirmou Besson em entrevista à rádio RFI.
Ele afirmou que Ghosn foi fundamental na aliança da Renault com a montadora japonesa Nissan e que também estava participando de um grande desafio da indústria com o lançamento dos carros elétricos.
A Renault admitiu neste mês que demitiu erroneamente três importantes executivos depois de ter sido levada a acreditar que eles venderam importantes detalhes do projeto do carro elétrico a terceiros, possivelmente envolvendo a China.
Os três foram demitidos em janeiro sob suspeita de espionagem industrial. Todos negaram as acusações desde o início e processaram a montadora. O gerente de segurança da Renault foi colocado em investigação sob suspeita de fraude.
O brasileiro Ghosn e seu braço direito, Patrick Pelata, mantiveram seus cargos após a admissão do erro, mas, apesar de terem desistido de seus bônus, ficaram sob constante pressão do público.
Esse assunto desconcertou o governo francês, que detém 15 por cento da Renault, e causou um racha com a China, semanas antes de uma importante visita do presidente Nicolas Sarkozy ao país.
Implicitamente, Pequim repreendeu a França na quinta-feira pela forma como o país lidou com o assunto, dizendo esperar que os fatos fossem averiguados antes de uma nação ser acusada injustamente.
As relações ficaram estremecidas quando uma fonte do governo francês, que se pronunciou antes de o caso ser descartado, ter dito que as investigações apontavam para uma possível ligação com a China.