Odebrecht: Manifestantes querem que a empresa seja impedida de operar na República Dominicana (Carlos Jasso/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de julho de 2017 às 15h10.
Santo Domingo - Milhares de pessoas marcharam neste domingo (16) na República Dominicana até o Congresso para exigir a prisão dos envolvidos nos subornos milionários pagos pela companhia brasileira Odebrecht. Os manifestantes desejam também que a empresa seja impedida de operar no país.
A forte presença no ato é uma mostra de que a sociedade "está dizendo não à impunidade e à corrupção", afirmou o ativista Juan Comprés. Os manifestantes se reuniram desde cedo na capital e seguiram até a sede do Legislativo. Com camisetas verdes em sinal de esperança, levavam cartazes com dizeres como "prisão para os corruptos" e "fora juízes políticos".
O autodenominado Movimento Marcha Verde surgiu em janeiro, convocado por grupos da sociedade civil para exigir uma investigação independente sobre os subornos milionários da Odebrecht e processo judiciais contra os envolvidos.
A companhia brasileira confessou, segundo uma investigação difundida pelo Departamento de Justiça americano, que entre 2001 e 2014 pagou subornos de US$ 788 milhões em dez países da América Latina e em dois da África para garantir contratos públicos.
No caso da República Dominicana, a Odebrecht conseguiu 17 contratos com o governo e, para isso, pagou US$ 92 milhões em subornos. A companhia ainda trabalha na construção da usina termelétrica de Punta Catalina, que terá um custo superior a US$ 2 bilhões.
O procurador-geral dominicano, Jean Alain Rodríguez, fechou um acordo com a Odebrecht, pelo qual não processará os executivos da empresa, que poderá seguir com suas operações no país, mas pagará multa de US$ 184 milhões. Além disso, a Odebrecht se comprometeu a entregar informações para processar autoridades locais que receberam subornos.
Com a informação da Odebrecht, a procuradoria acusou o ex-ministro da Indústria e Comércio, Temístocles Montás, três parlamentares, um empresário e nove ex-funcionários públicos. Somente dois deles seguem em prisão preventiva. Ao final das audiências judiciais contra os supostos implicados, a presidente da Câmara Penal da Suprema Corte, Miriam Germán, disse em 8 de julho que o documento apresentado pela procuradoria carecia de provas suficientes. Fonte: Associated Press.