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Petrobras pagará dividendos mínimos até elevar saúde financeira, diz CEO

Após quatro anos de prejuízos anuais consecutivos, a estatal registrou em 2018 lucro líquido de 25,8 bilhões de reais

Petrobras: petroleira reportou ontem um lucro de R$ 25,8 bi após 4 anos de prejuízos (NurPhoto/Getty Images)

Petrobras: petroleira reportou ontem um lucro de R$ 25,8 bi após 4 anos de prejuízos (NurPhoto/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 11h51.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2019 às 12h48.

Rio de Janeiro - A Petrobras planeja pagar dividendos mínimos aos acionistas até que julgue ter saúde financeira suficiente para remunerar mais os investidores, afirmou nesta quinta-feira o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, que manteve como um dos principais objetivos a redução da dívida.

Após quatro anos de prejuízos anuais consecutivos, a Petrobras registrou em 2018 lucro líquido de 25,8 bilhões de reais, refletindo maior ganho operacional e a melhora do resultado financeiro, resultante de menor despesa com juros e de maiores receitas financeiras devido aos ganhos com a renegociação de dívidas do setor elétrico.

Por meio de um amplo programa de desinvestimentos e corte de custos, a empresa registrou no fim de 2018 indicador dívida líquida sobre Ebitda ajustado de 2,34 vezes, inferior à meta de 2,5 vezes, e o endividamento líquido alcançou 69,4 bilhões de dólares, uma queda de 18 por cento ante 2017.

"Uma empresa endividada como a Petrobras... deveria pagar menos dividendos e trabalhar muito mais para criar valor para o acionista, mas somos obrigados pela lei a pagar o dividendo mínimo e permaneceremos assim até que nos julguemos com a saúde financeira suficiente para então remunerar os nossos acionistas no curto prazo", afirmou o CEO, durante teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados em 2018.

"Por enquanto nosso foco é no médio e longo prazo, é criar valor para o acionista."

Na véspera, a Petrobras anunciou remuneração total aos acionistas de 7,1 bilhões de reais pelo exercício de 2018.

Para reduzir ainda mais a alavancagem da empresa, Castello Branco afirmou que tem um plano ousado de desinvestimentos, que prevê a saída completa de determinados ativos que não são o foco da empresa. O presidente reiterou que irá focar na exploração de produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas.

"A desalavancagem é o resultado de várias iniciativas, a mais importante delas é um programa mais agressivo de desinvestimentos, e sair de onde nós não somos o dono natural", disse Castello Branco.

"Temos que realmente nos focar no que é mais importante, no que realmente vai contar para a geração de valor para o acionista."

Para Castello Branco, uma empresa que tem o seu fluxo de caixa exposto a volatilidades de preços de commodity, como é o caso da Petrobras, tem que ter uma alavancagem mais próxima a 1,5 vez. Ele disse ainda que isso acontece com os pares da Petrobras "nesse estágio do ciclo econômico".

Dessa forma, sem informar prazos, ele ressaltou que o objetivo da empresa é continuar pagando dívidas e atingir um indicador de endividamento líquido sobre Ebitda ajustado de 1 a 1,5 vez. No atual plano de negócios 2019-2023, a empresa prevê chegar a 2020 com o indicador abaixo de 1,5 vez.

Uma estatal como poucas

Castello Branco, que no passado defendeu publicamente por muitas vezes a privatização da Petrobras, reiterou que o controle da empresa permanecerá nas mãos do governo, mas ressaltou que irá trabalhar para que seja uma estatal de alta qualidade, "como poucas no mundo".

Segundo o executivo, a gestão de uma estatal não tem tanta liberdade para tomar decisões como a de uma empresa privada.

"Temos que responder a mil indagações de órgãos públicos, não temos a mesma agilidade que tem uma empresa privada, mas já que a Petrobras irá permanecer como empresa estatal, vamos procurar ser uma empresa estatal como poucas no mundo, de alta qualidade", afirmou.

Para isso, a companhia está trabalhando para tornar processos decisórios mais ágeis. No entanto, Castello Branco não entrou em detalhes.

Produção

Também na teleconferência, o diretor-executivo de Desenvolvimento da Produção & Tecnologia da Petrobras, Rudimar Lorenzatto, adiantou que a produção da companhia deverá crescer em março e abril, com a finalização do comissionamento do sistema de gás das plataformas P-74 e P-75, no campo de Búzios, na Bacia de Santos.

"Certamente nós teremos a produção aumentada nos meses de março e abril", afirmou.

A produção média de petróleo e gás da Petrobras em janeiro caiu 3 por cento ante o mês anterior, para 2,61 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), em meio a paradas para manutenção em diversas plataformas.

Em fevereiro, as paradas programadas para manutenção devem continuar no mesmo nível, segundo o diretor-executivo de Exploração e Produção, Carlos Alberto de Oliveira. Mas a partir de março, a expectativa é de que as paradas devem diminuir.

"A gente está prevendo que nós vamos ter uma maior concentração de paradas agora, depois de fevereiro, somente no segundo semestre do ano. Então a gente vai conseguir assistir um crescimento da produção a partir de março, essa é a nossa expectativa, até pela entrada de novos sistemas", afirmou.

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