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Meses depois da venda para Belvitur, Flytour fatura R$ 594 mi em março

Em outubro de 2021, a Flytour foi vendida para a Belvitur, em meio à dificuldades financeiras e uma recuperação extra-judicial. Menos de um ano depois, companhia parece encontrar caminho para retomada

Marcelo Cohen, CEO da Holding Befly: meta é ser maior empresa da América Latina (Exame/Divulgação)

Marcelo Cohen, CEO da Holding Befly: meta é ser maior empresa da América Latina (Exame/Divulgação)

Em outubro de 2021, o anúncio de que a Flytour, uma das maiores agências de turismo do país, seria vendida por R$ 500 milhões para a Belvitur, agência de turismo de Minas Gerais e oito vezes menor que a gigante, remexeu com o  mercado de turismo. 

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Na época, assim como várias outras empresas do setor, a Flytour lutava para superar o impacto da pandemia. Com fronteiras fechadas e vendas suspensas, uma das mais tradicionais agências de turismo do Brasil, que havia faturado R$ 6 bilhões em 2019, acumulava uma dívida de R$142 milhões. Sem liquidez, a saída foi entrar com uma recuperação extra-judicial e renegociar com os credores que incluíam os principais bancos, como Bradesco, Banco do Brasil e Itaú. 

Seis meses depois, parece que a companhia encontrou o caminho da recuperação. Em março, a Flytour faturou R$ 594 milhões — patamar bem distante dos R$ 80 milhões de quando foi comprada. "Nós tínhamos a projeção de faturar essa quantia apenas em março do ano que vem”, diz Marcelo Cohen, CEO da BeFly, holding criada a partir da união da Belvitur e Flytour.

Segundo Cohen, uma série de fatores ajudaram a acelerar a retomada da companhia, como o avanço da vacinação e o fim das medidas de restrições contra a covid-19. Fora isso, o dólar alto e a disparada dos combustíveis, que resultaram em um aumento no preço das passagens, deu outro empurrãozinho. 

Outra estratégia que ajudou a turbinar as receitas da Flytour foram as vendas cruzadas. “Nós passamos a fazer um trabalho proativo de buscar o nosso público corporativo para oferecer viagens de lazer e vice-versa, algo que acontecia de forma tímida”, diz. 

Apetite por comprar

Cohen, porém, também admite que isso só foi possível graças ao plano agressivo de aquisições que a Belvitur colocou na rua assim que a pandemia começou a queimar o caixa das concorrentes. Em pouco menos de seis meses, a companhia comprou 16 empresas.

Além da Flytour, outra aquisição que se destacou foi a compra da Queensberry, tradicional agência de luxo, em janeiro deste ano. Fundada em Londres, em 1971, a agência também enfrentava um processo de recuperação judicial, somando dívidas de R$ 50 milhões. 

Criada em 1963 pelo pai de Marcelo, o empresário David Cohen, a Belvitur  já era a maior agência de turismo de Minas Gerais. Conhecida pela gestão austera do patriarca, a companhia sempre foi cautelosa em relação às finanças. Com as aquisições não foi diferente, uma vez que a maioria das empresas estavam passando por recuperações judiciais ou extrajudiciais. 

“Só conseguimos fazer essas aquisições porque as empresas estavam passando por dificuldades de caixa, sem capital de giro e tinham diminuído em muito o seu valor de mercado”, diz.

O apetite por novas aquisições, entretanto, não acabou e Cohen afirma que possui mais três ou quatro empresas em fase final de negociação. “Nós queremos criar um ecossistema de turismo, com várias soluções que conversam entre si, mas também com muita tecnologia embarcada”, diz. Cohen cita que entre as aquisições estão também startups de turismos com soluções inovadoras. 

O grupo, que hoje é a maior empresa de turismo da América Latina de capital fechado, também tem metas ambiciosas: quer se tornar a maior companhia da região de forma absoluta e abrir capital na bolsa. 

Uma das apostas mais recentes para concretizar o plano é o lançamento de uma franquia de agências de turismo, batizada com o nome da Holding, Befly. O objetivo é brigar com a CVC, maior companhia do segmento no país, que conta com mais de 1,1 mil lojas — e a única de capital aberto. 

As unidades das franquias Befly custarão a partir de R$ 100 mil reais e, além de vender produtos próprios, também contará com pacotes de empresas concorrentes. Segundo Cohen, já há 400 interessados em se tornar franqueados e a meta é abrir 500 lojas nos próximos 36 meses. 

“Durante nove meses viemos plantando, comprando empresas, investindo recursos. Agora, achamos que está na hora da colheita. Queremos continuar crescendo focando em resultado e não somente em vendas”, finaliza. 

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