Mercado Livre terá centro de distribuição na Bahia, o primeiro no Nordeste
Será o terceiro centro de distribuição da empresa após espaços em Louveira e Cajamar, em São Paulo. Meta é aumentar logística própria, hoje em mais de 50%
Carolina Riveira
Publicado em 19 de junho de 2020 às 11h29.
Última atualização em 19 de junho de 2020 às 12h32.
O Mercado Livre vai abrir na Bahia seu primeiro centro de distribuição fora de São Paulo e o terceiro no Brasil. O novo espaço ficará localizado na cidade de Lauro de Freitas, a 26 quilômetros de Salvador. O CD faz parte de um plano de investimento de 4 bilhões de reais que a empresa pretende fazer no Brasil até o fim de 2020.
Até então, o Mercado Livre tinha dois centros de distribuição, em Cajamar e Louveira, em São Paulo. O novo CD se enquadra no processo de expansão da capacidade logística da varejista, que nos últimos dois anos vêm aumentando a taxa de produtos que saem de seus próprios centros de distribuição.
O centro terá 35.000 metros quadrados, com possibilidade de expansão, e capacidade para atender mais de 100.000 clientes por dia. Neste começo, serão 50 funcionários no espaço, podendo chegar a 500 pessoas no auge da capacidade.
Juntamente com o CD, a empresa fará um programa social para educação de 120 jovens da região de Lauro de Freitas, assim como já faz em outros lugares da América Latina, e alguns serão contratados ao final do projeto.
Atualmente, pouco mais de 50% do que é vendido pelo Mercado Livre é entregue com logística própria. O objetivo é continuar aumentando esta taxa, segundo informou o novo vice-presidente sênior no Brasil, Fernando Yunes, que chegou ao Mercado Livre em maio após mais de dois anos no Sem Parar, de pagamentos por radiofrequência.
Os centros de distribuição são usados para oferecer serviços de logística e entrega aos mais de 11 milhões de vendedores da plataforma do Mercado Livre. Atualmente, mais de 70% dos pedidos que contam com o serviço logístico da empresa já são entregues em até dois dias. Há um ano, a taxa era de 55%. "A ampliação da malha logística é essencial para continuarmos melhorando esse prazo", diz Yunes.
Além dos centros de distribuição, a empresa planeja terminar o ano com 2.500 pontos avançados de distribuição, espaços menores em que os vendedores parceiros podem depositar a mercadoria para ser entregue pelo serviço próprio do Mercado Livre (chamados de pontos de drop-off, no termo em inglês). O objetivo é melhorar a capacidade logística em outras regiões do Brasil.
Apesar dos avanços em distribuição pelo país, o Mercado Livre segue com a estratégia de não ter pontos de lojas físicas que possam ser acoplados à rede logística. "Os vencedores no mundo não têm rede de lojas", diz Yunes, citando exemplos do varejo americano e chinês. "O foco é que o produto esteja na casa do cliente o mais rápido possível."
Yunes concedeu à EXAME sua primeira entrevista como VP do Mercado Livre e falou sobre o processo de expansão da empresa em meio à pandemia do novo coronavírus . O executivo será responsável por toda a operação no Brasil, atuando em conjunto com o diretor de operações global (COO) e co-fundador, Stelleo Tolda.
O Mercado Livre atingiu um terço dos celulares brasileiros, outra marca inédita para a empresa, e acumula hoje mais de 40 milhões de usuários e 250 milhões de produtos. Diante do crescimento na pandemia, anunciou a contratação de mais de 5.000 pessoas na América Latina.
O avanço da companhia e de todo o e-commerce na América Latina animou os investidores: as ações acumulam alta de mais de 60% no ano na Nasdaq.
Ainda que a pandemia seja um momento específico, Yunes avalia que, mesmo depois que as lojas físicas reabrirem em sua totalidade, o patamar de participação da internet no varejo brasileiro, que chega a 12% agora, não vai retornar aos 6% de antes da quarentena.
No Mercado Livre, após um pico de vendas em produtos de saúde no começo da pandemia, a empresa vem tendo alta em vendas de bens de consumo, cuja oferta foi ampliada neste ano, além de móveis e itens para casa, produtos de ginástica e jogos. "Acreditamos que esse crescimento do e-commerce é um caminho sem volta", diz Yunes.