Negócios

Mercado Livre e GOL firmam acordo para reduzir prazo de entrega em até 80%

Contrato entre as empresas tem duração de dez anos e deve triplicar volume de entregas aéreas do Meli, além de gerar R$ 1 bilhão em receia para a companhia aérea em cinco anos

Meli: Redução do prazo de entrega no Norte e Nordeste deve fidelizar mais clientes (Leandro Fonseca/Exame)

Meli: Redução do prazo de entrega no Norte e Nordeste deve fidelizar mais clientes (Leandro Fonseca/Exame)

KS

Karina Souza

Publicado em 19 de abril de 2022 às 11h25.

Última atualização em 20 de abril de 2022 às 12h15.

O Mercado Livre e a GOL anunciaram, na manhã desta terça-feira (19), um acordo de dez anos que visa reduzir o tempo de entrega do e-commerce, principalmente no Norte e Nordeste. O acordo faz parte do investimento de R$ 17 bilhões anunciado pela maior varejista digital da América Latina para 2022 e deve triplicar o volume de entregas aéreas no país. Para a Gol, o benefício é gerar uma receita incremental de R$ 100 milhões já neste ano, com potencial de chegar a R$ 1 bilhão em cinco anos. 

O futuro do varejo é 100% digital? Entenda assinando a EXAME por menos de R$ 11/mês.

Na primeira fase desse acordo, o Mercado Livre vai passar a contar com seis aeronaves Boeing 737-800 da GOLLOG – três entram em operação em junho deste ano e, as demais, durante o ano de 2023. Dessa forma, o Meli terá nove aeronaves no Brasil (hoje são três) e conseguirá reduzir em 80% o tempo de entrega no Norte e Nordeste, passando de 7-8 dias para dois dias. Nas demais regiões, a redução será, em média, de 50% no prazo, dado que devem receber 30% da nova frota. 

Veja a redução do prazo de entrega por cidade:

  • Manaus (AM): de 8-9 dias para 1-2 dias
  • Belém (PA): de 4-6 dias para 1-2 dias
  • Fortaleza (CE), São Luís (MA), Teresina (PI), Recife (PE), Natal (RN), João Pessoa (PB) e Salvador (BA): de 3-4 dias para 1-2 dias 
  • Brasília (DF), Goiânia (GO) e Cuiabá (MT): de 2 dias para 1 dia

Para chegar a esses números, o Mercado Livre deve complementar a oferta aérea com o modal terrestre, a fim de garantir que os prazos menores sejam garantidos até mesmo a cidades do interior. A companhia não revelou o valor do investimento, mas apenas disse que “o aumento de capacidade vai vir à medida que os volumes de entrega subirem”. 

“O Mercado Livre sai de 10 milhões de pacotes entregues por aviões por ano para 40 milhões de pacotes por ano. É um acordo que visa principalmente fidelizar o consumidor dessas regiões com um prazo de entrega menor, sem impacto no custo do frete”, diz Fernando Yunes, vice-presidente do Mercado Livre no Brasil. O acordo atual não prevê exclusividade da varejista com a companhia aérea, ou seja, além da Gol, o Meli deve continuar mantendo contratos com Sideral e Azul. 

VEJA TAMBÉM

GOL atrai R$ 948 milhões da American Airlines e busca novas captações 

Invasão Amarela: o futuro do Mercado Livre na América Latina

Com o novo acordo, o Meli também não descarta que a parceria fique ainda mais estreita ao longo do tempo em termos de participação acionária na companhia aérea. Sem dar detalhes sobre o assunto, Pablo Navarrete, diretor sênior de transportes do Mercado Livre,  afirmou que o projeto teve um desenvolvimento conjunto com um grande nível de empatia e admiração entre as duas empresas e que “nada impede que, no futuro, a parceria possa ser aprofundada”. Por enquanto, ainda não há previsão para que a parceria seja estendida para outros países da América Latina. 

Para a GOL, a nova operação deve trazer uma economia de R$ 25 milhões em 2022 e de outros R$ 75 milhões em 2023, principalmente pela diluição dos custos fixos da companhia. Isso porque as aeronaves utilizadas pelo Meli serão transformadas de aviões de passageiros para cargueiros – o que deve estender os contratos de leasing e, consequentemente, diminuir os custos que estariam atrelados à devolução dessas aeronaves. Cada avião terá capacidade de transportar 24 toneladas. 

O movimento da companhia busca ser o primeiro para atender ao e-commerce, setor que gera anualmente mais de R$ 180 bilhões em receita, com gastos de R$ 12 bilhões em serviços logísticos. “Hoje, a GOLLOG tem mais de 100 mil clientes cadastrados e a parceria nos permite entrar de forma mais significativa no mercado de varejo. Queremos estar do lado não só dos nossos clientes, mas dos clientes deles”, afirma Julio Perotti, diretor executivo da GOLLOG. A companhia aérea estima a abertura de 100 novas vagas diretas com o novo contrato e a geração de outras 50 a 100 vagas indiretas. As novas posições devem ser distribuídas no país gradativamente, de acordo com a demanda de cada região. 

Questionado a respeito de um possível comprometimento da frota de passageiros com o novo acordo, Paulo Kakinoff, presidente da GOL, afirmou que não há prejuízo para a oferta de pessoa física, já que a companhia está conciliando os novos contratos com a retomada da utilização plena da frota no pós-pandemia. “Nós teríamos ociosidade da frota nesse segundo semestre, então estamos diminuindo esse índice com a nova parceria”, afirmou.

Acompanhe tudo sobre:EXAME-no-InstagramGol Linhas AéreasMercado Livre

Mais de Negócios

A 'pandemia' de ansiedade movimenta este negócio milionário de chás e rituais para relaxar

O negócio dele resolve problemões na saúde e, de quebra, fatura milhões

Desenrola Pequenos Negócios: como PMEs podem renegociar dívidas com descontos de até 95%

CMR Surgical cresce e impulsiona cirurgia robótica na América Latina