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Mercado espera recuperação da Vale no terceiro trimestre

Balanço, que será divulgado nesta quarta, deve incluir um lucro líquido de cerca de R$ 3,35 bi

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Analistas de mercado ouvidos pelo Portal EXAME acreditam que a Vale já tenha superado a fase mais aguda da crise. Após um primeiro semestre difícil, em que apresentou forte queda de lucro e faturamento, a maior empresa privada do país deverá divulgar, após o fechamento do pregão desta quarta-feira, um balanço do terceiro trimestre bem mais positivo que os anteriores.

A média das seis previsões colhidas pelo Portal EXAME aponta para um lucro líquido de 3,35 bilhões entre julho e agosto, o que representaria um crescimento de 127,9% em relação ao segundo trimestre. Para os analistas, a força motriz da recuperação da Vale deve ser uma combinação de maiores preços e forte demanda de minério de ferro na China e na Europa, os principais mercados para os quais a empresa exporta.

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Depois da forte redução da demanda mundial pelas commodities ligadas à siderurgia no primeiro semestre, sinais positivos começam a ser observados. “Estimamos que haverá uma recuperação do volume exportado pela Vale, em função da maior demanda pelo minério de ferro na China, em outras partes da Ásia e na Europa”, diz William Alves, analista da XP Investimentos. Os analistas da corretora SLW lembram que a economia chinesa manteve sua produção siderúrgica em ascensão durante todo o período da crise econômica e agora, com o início da retomada mundial, o país deve continuar importando minério em grandes quantidades.

Outras regiões fortemente afetadas pela crise já começam a retomar pedidos para a Vale. Dentre eles, estão os Estados Unidos e o Japão, que voltam, aos poucos, a consumir os produtos da mineradora brasileira, expandindo sua produção siderúrgica. Um fator determinante para a evolução dos pedidos foi a decisão de grande parte das siderúrgicas desses países de religar alto-fornos que estavam inoperantes.

Os analistas da SLW afirmam que, segundo dados da alfândega da China, no mês de setembro foram importados 64 milhões de toneladas de minério de ferro, volume que ficou 65% acima do que foi importado no mesmo mês em 2008 e 30% a mais do que o volume de agosto deste ano. Na visão da corretora, o crescimento da demanda não esta relacionada à formação de estoques estratégicos.

Resultados da Vale - expectativas
Banif
Resultado
(em bilhões de reais)
Receita Líquida
11,09
Ebitda
4
Lucro Líquido
2,8

Brascan
Resultado
(em bilhões de reais)
Receita líquida
13,7
Ebitda
5,7
Lucro Líquido
2,9

SLW
Resultado
(em bilhões de reais)
Vendas Líquidas
13
Ebitda
5,7
Lucro Líquido
5,5


Banco Fator
Resultado
(em bilhões de reais)
Receita Líquida
13,2
Ebitda
5,1
Lucro Líquido
3,4


Geração Futuro
Resultado
(em bilhões de reais)
Receita líquida
12,1
Ebitda
4,3
Lucro Líquido
2,2


Santander
Resultado
(em bilhões de reais)
Receita líquida
11,7
Ebitda
4,7
Lucro Líquido
3,3
Fonte: corretoras

(Continua)


Maiores preços e volumes

Diante deste cenário, o resultado operacional esperado para a Vale no terceiro trimestre de 2009 deve apontar um aumento de mais de 20% nas vendas de minério de ferro, em comparação com o trimestre anterior. Segundo os analistas da Fator Corretora, é estimado que o volume de vendas tenha sido de 70 milhões de toneladas. Próximas deste valor são as expectativas dos analistas da Brascan e do Santander: 71 milhões e 69,1 milhões de toneladas de minério e pelotas vendidos no terceiro trimestre do ano, respectivamente. Para os demais produtos comercializados pela Vale, como o níquel, os analistas da SLW trabalham com uma evolução nas vendas físicas em torno de 10%.

De acordo com a corretora Fator, a receita estimada para a companhia é de 13,2 bilhões de reais, o que significaria um aumento de 23,7% em relação ao trimestre anterior, ainda que 36% abaixo do observado no terceiro trimestre de 2008. Os mesmos 13 bilhões são esperados pelos analistas da SLW. Já a corretora do Santander, que opera de forma independente do banco, espera uma receita de 11,7 bilhões de reais com as vendas.

A recuperação dos volumes exportados deve começar a compensar a queda de quase 30% no preço do minério de ferro neste ano. Para os analistas da Brascan, a alta projetada deve levar o preço médio do minério de ferro para patamares em torno de 56 dólares por tonelada.

Lucros e câmbio

Sob tais perspectivas, os analistas esperam um avanço considerável no crescimento dos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). Para a corretora do Banco Fator, o Ebitda esperado é de 5,1 bilhões de reais, um aumento de 47,4% em relação ao trimestre anterior, e margem Ebitda de 38,6%. Já corretora SLW aponta um Ebitda de 5,7 bilhões de reais e margem Ebitda de 44%.

Diante dos ganhos de escala provocados pela expressiva alta projetada para o volume de vendas, além de aumento dos preços para praticamente todas as matérias-primas exportadas pela Vale – cobre (+24%), níquel (+34%) e alumínio (+20%) -, os analistas da Brascan também esperam uma melhora na margem Ebitda, mas ressaltam que ela permanecerá significativamente abaixo do verificado no mesmo período de 2008. (Continua)


O lucro líquido projetado pelos analistas da Fator é de 3,4 bilhões de reais. A Brascan diz que este valor deve ficar em torno de 2,9 bilhões de reais. Ambas apontam os efeitos do câmbio como os responsáveis pela melhora desses resultados. Se por um lado a valorização do real pressiona a receita da Vale e, consequentemente, as margens, por outro, gera ganhos de variação cambial sibre a dívida. Como conseqüência, os resultados líquidos da companhia devem ser positivamente impactados pelo efeito da apreciação de quase 9% do real no período.

Otimismo

Não são apenas os efeitos econômicos os responsáveis pelo otimismo dos analistas diante da divulgação dos resultados trimestrais da Vale. A postura estratégica diante da crise também foi fundamental para a recuperação da empresa, de acordo com os analistas da SLW.

“Um ponto que gostaríamos de chamar a atenção refere-se ao fato de que com a crise econômica, várias empresas de mineração foram fragilizadas por terem uma estrutura de capital alavancada. Com a queda na geração de caixa, elas se viram obrigadas a vender ativos ou lançar ações em um momento de baixa nas bolsas de valores internacionais. Vários projetos em mineração foram postergados e isto deve resultar em aumento de preços com a retomada mais forte da demanda mundial por minério de ferro”, diz o relatório da corretora.

No caso da Vale, toda a programação de investimento foi mantida e isto é apontado como diferencial para a empresa no médio prazo em relação as suas concorrentes internacionais. Portanto, a corretora recomenda a compra das ações preferenciais da Vale, para a qual estima um preço justo de 54,37 reais por ação, o que representa um potencial de valorização de aproximadamente 35%. Os papéis da Vale (VALE5) fecharam o pregão da segunda-feira (26/10) em alta de 1,24%, negociados a 41,51 reais.

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