Marcelo Pimentel, CEO da Lojas Marisa: empresa divulga resultados do segundo trimestre (Leandro Fonseca/Exame)
Mariana Desidério
Publicado em 24 de agosto de 2020 às 06h00.
Última atualização em 24 de agosto de 2020 às 06h28.
A varejista de moda Marisa iniciou 2020 na expectativa de deixar de vez os tempos difíceis para trás. A companhia teve anos seguidos de prejuízo e ensaiava sua retomada, ganhando de novo o interesse dos investidores. Aí veio o novo coronavírus. A companhia divulga resultados do segundo trimestre nesta segunda-feira, após o fechamento do mercado. Com os números, será possível entender o tamanho do tombo que a Marisa levou na pandemia, e buscar pistas sobre quanto tempo a empresa vai levar na retomada.
No primeiro trimestre, a Marisa teve queda de 8,4% na receita da divisão de varejo e de 4,4% nas vendas de “mesmas lojas” (unidades abertas há pelo menos 12 meses). Na última linha do balanço, o prejuízo foi de 107 milhões de reais no trimestre. Em todo o ano de 2019, a Marisa teve prejuízo de 112 milhões de reais.
Desde que a pandemia começou, a companhia buscou renegociar contratos e reforçou sua operação online a fim de reduzir custos e ampliar o máximo possível as vendas. No primeiro trimestre, as vendas no e-commerce cresceram 47,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nas lojas físicas, algumas unidades já reabertas apresentaram performance superior ao esperado.
Uma preocupação relevante era em relação ao pagamento dos boletos de cartão, cujos pagamentos ainda são pouco digitalizados: cerca de 70% das consumidoras pagam os boletos presencialmente nas lojas físicas. Com o fechamento das lojas, a rede imaginou que poderia ficar sem esses pagamentos e receitas.
A Marisa fechou então parcerias com redes de supermercados e padarias, que se mantiveram abertos na quarentena, para que os boletos pudessem ser pagos nas lojas dos parceiros. Além disso, abriu 160 lojas apenas para pagamento: os caixas foram levados para a porta das unidades.
Com os números do segundo trimestre a serem divulgados hoje, o mercado terá mais clareza sobre a efetividade das medidas adotadas e o impacto da pandemia nas vendas da rede. Um dos trunfos da Marisa é o fato de a maior parte de suas lojas estar na rua e não em shoppings, onde há maior restrição de funcionamento. Com unidades próximas a pontos de grande circulação, como estações de metrô e terminais de ônibus, a varejista se beneficia do fator conveniência.
Ainda assim, não há milagre. As empresas do setor de vestuário foram duramente afetadas pela pandemia, mesmo aquelas com resultados mais consistentes antes da crise. A C&A, por exemplo, teve prejuízo de 192,1 milhões de reais no segundo trimestre, ante lucro de 25,8 milhões de reais no mesmo período de 2019. Com o tsunami da pandemia, a superação da crise da Marisa vai ter que esperar um pouco mais.