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Marca de infusões orgânicas cresce com aumento do consumo de chás no Brasil e fatura R$ 6 milhões

Iamaní ampliou o portfólio este ano, lançando produtos gelados, e inaugurou um ponto de venda físico

Mayara e Ligia fundaram uma marca de chás orgânicos em 2019 e hoje faturam 6 milhões de reais por ano. (Iamaní/Divulgação)

Mayara e Ligia fundaram uma marca de chás orgânicos em 2019 e hoje faturam 6 milhões de reais por ano. (Iamaní/Divulgação)

Publicado em 12 de julho de 2024 às 15h00.

Quem pensa que chá não é coisa de brasileiro está enganado. O consumo da bebida vem crescendo no país. Dados do Euromonitor mostram que entre 2013 e 2020, o consumo de chá aumentou 25% no Brasil, quase o dobro da média mundial.

Diante desse cenário, a fabricante de chás Iamaní acaba de diversificar o seu portfólio colocando no mercado versões geladas da bebida, além dos tradicionais sachês para infusão. “A cultura e principalmente o consumo de chás estão crescendo muito e o Brasil é um dos países em que ela mais cresce”, afirma Mayara Boaretto, uma das fundadoras da Iamaní.

Chás gelados para driblar a sazonalidade

A ideia de ampliar o portfólio veio porque a empresa, que até então trabalhava apenas com chás em sachês, sentia a sazonalidade de vendas no verão. “Para além disso, antes, nossos produtos em sachês só podiam ser consumidos dentro de casa, porque precisava esquentar a água, tem todo um ritual, e agora com os chás gaseificados em latinhas temos uma grande oportunidade de presença de marca nas ruas, em restaurantes, festivais de música, festas, academias etc.”

Sócia de Mayara na empreitada, Ligia Aquino diz que a estratégia estava no plano de negócios. “Percebemos a carência de bons produtos e pesquisamos a fundo para a entrega de um produto com a mesma qualidade que entregamos nos chás quentes: chás orgânicos, com plantas brasileiras e acima de tudo com uma cadeia diversa de produtores familiares”, detalha.

Agricultura familiar e orgânica

Criada em 2019, a Iamaní trabalha desde o começo com plantas orgânicas cuja origem são cooperativas de agricultoras e agricultores familiares de todas as regiões do país. Hoje, a empresa trabalha direta e indiretamente com mais de 106 famílias agricultoras, organizadas em cooperativas e associações de 8 estados do Brasil: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás, Bahia, Amazonas e Pará.

A Iamaní usa como ingredientes plantas orgânicas cuja origem são cooperativas de agricultoras e agricultores familiares. (Iamaní/Divulgação)

A ideia de criar o negócio surgiu quando Mayara, obstetriz e herbalista, atendia Ligia em seu pós-parto. Mayara ofereceu à Ligia uma infusão que costumava preparar para mulheres que estão amamentando. Naquela conversa surgiu a ideia de fazer uma empresa de chás.

Em 2019, as duas investiram 90 mil reais para começar o negócio. O primeiro produto foi um chá para mulheres que estão amamentando. Hoje, a linha de saúde da mulher da Iamaní tem cinco produtos:

  • Chá orgânico Deusa do Amor (hibisco, erva-doce, framboesa, fisális e morando);
  • Chá orgânico Ciclos Femininos com dois blends, um para TPM e outro para menstruação;
  • Chá orgânico Mulher Madura (amora, sálvia, erva-doce, capim limão e camomila);
  • Folhas de amora;
  • Folhas de framboesa.

No total, são 21 produtos em sachê no portfólio. As outras linhas da Iamaní incluem, ainda, chás da noite (Acalma a Alma; Bons Sonhos; e Curumim Lua) e chás do dia (Energia Vital, Super Foco, Imune, Acelera Metabolismo, Super Detox Ayurveda, Camélia Ododó, Cacau Amma; Ginger-Lemon; Erva-Doce; Boa Digestão; e Curumim Sol).

Os chás gelados, novidade, foram lançados em três sabores: Energia Vital (mate, guaraná de maués, camu-camu e laranja da terra e 89mg de cafeína natural do chá verde); Elixir do Amor ( hibisco, amora, lichia, catuaba e marapuama); e Super Detox (gengibre, limão, mate e fibras prebióticas como inulina, pectinas, goma acácia e beta glucana de levedura, vitamina B6 e B12).

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Nova linha de chás gelados surge para driblar a sazonalidade no consumo da bebida quente

Para a nova linha de chás gelados foi preciso ir atrás de muita coisa nova, desde fornecedores de matérias-primas, “agora, ao invés de comprarmos as plantas desidratadas compramos os extratos das plantas concentradas”, até a produção e o envase. “Há uma complexidade maior de produção: envolve teste de equilíbrio de ph, carbonatação, pasteurização, tipo de transporte diferentes - temos insumos secos, refrigerados e congelados. Além do mais, nossos produtos são 100% naturais, não usamos nenhum tipo de conservante sintético… então imagina”, conta Mayara.

A empreendedora, que é head de pesquisa e desenvolvimento de produtos na Iamaní, teve um suporte de consultoria para desenvolvimento, mas correu atrás de todos os fornecedores (de várias regiões do Brasil) e fez os testes sensoriais. “Foram meses em que eu só pensava e respirava esse assunto”, conta. “Foi um projeto completamente novo para nós”, complementa Ligia.

Crescimento com pouco investimento

Os produtos da marca estão presentes em mais de mil pontos de venda. As regiões que mais consomem os chás da Iamaní são Sul e Sudeste, mas há clientes do Norte, Nordeste e a empresa diz estar avançando no Centro-Oeste. A projeção é vender cerca de 220.000 caixinhas de chás no ano de 2024, o que dá um pouco mais de 18.300 por mês. “Pensando que cada caixinhas de chá tem entre 15 e 20 sachês, estamos falando de aproximadamente 4 milhões de xícaras de chás em 2024”, diz Mayara.

Com isso, a Iamaní espera faturar 6 milhões de reais em 2024, sendo 60% da receita vinda de venda para outras empresas (B2B) e 40% de venda para o consumidor final (B2C). Em 2023, o faturamento foi de 3,9 milhões de reais, e em 2022, 1,9 milhão de reais. “O que eu acho de mais interessante para destacar é que esses saltos foram obtidos com poucos recursos e investimentos”, diz Mayara. “Em 2022, por exemplo, conseguimos esse salto tendo apenas três pessoas fixas ‘full time’ e dois estagiários que trabalhavam meio período.”

Recentemente, em março deste ano, a Iamaní abriu uma loja física no bairro de Pinheiros, em São Paulo. “A lojinha, além de um ponto de venda, vai se tornar uma ‘casinha de chá de vó’, posto que o espaço era a casa de uma avó, então vamos manter essa identidade, até porque vó e chá têm tudo a ver, né?”, conclui Mayara.

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