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Magazine Luiza levanta R$ 4,7 bilhões em sua oferta de ações, diz agência

Com ação a 43 reais, segundo revelado por fontes à Bloomberg, preço do follow-on sai quase sem desconto ante o valor de mercado, o que é raro nas ofertas

Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza: empresa pretende usar o dinheiro da nova oferta para expandir frentes de tecnologia (Germano Lüders/Exame)

Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza: empresa pretende usar o dinheiro da nova oferta para expandir frentes de tecnologia (Germano Lüders/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2019 às 23h52.

Última atualização em 13 de novembro de 2019 às 00h24.

A oferta subsequente de ações (follow-on) do Magazine Luiza parece ter feito sucesso entre os investidores.

Segundo fontes com conhecimento do assunto ouvidas pela agência Bloomberg, o preço do papel na oferta ficou em 43 reais. Assim, a ação sai quase sem desconto ante o preço de mercado, que fechou o pregão desta terça-feira 12 em 43,40 reais.

Ainda segundo uma das fontes ouvidas pela Bloomberg, o follow-on teria levantado 4,7 bilhões de reais, com oferta primária, isto é, vinda da própria empresa, de 100 milhões de ações.

O número é o limite anunciado pela companhia em fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula o mercado financeiro. Na ocasião, a empresa afirmava que iria ofertar inicialmente 90 milhões de ações primárias, mas que havia também a possibilidade de agregar outras 30 milhões de ações, sendo 10 milhões da própria empresa.

As outras 20 milhões de ações extras viriam de acionistas, na chamada oferta secundária, que não é vinculada ao caixa da empresa -- neste caso, com ações vindas da família Trajano, que, se confirmado o valor divulgado pela Bloomberg, pode ter levantado 868 milhões de reais.

Os valores ainda não foram confirmados pela empresa, e a precificação será divulgada oficialmente pelo Magalu na quarta-feira 13. A nova oferta de ações foi anunciada em 30 de outubro, e o período de compra acabou nesta terça-feira.

Para onde o Magalu vai agora?

O Magazine Luiza afirma que irá usar o dinheiro do follow-on para intensificar suas frentes de tecnologia, como crescimento do marketplace (plataforma para vendas de lojistas parceiros), integração entre lojas físicas e e-commerce e melhorias logísticas.

Queridinha da bolsa, a empresa já viu seu valor de mercado subir em mais de 100 vezes nos últimos três anos. Apesar do medo dos investidores de que a companhia tenha chegado ao ápice da valorização, o valor de mercado segue subindo, com a ação tendo alta de mais de 140% nos últimos 12 meses. A empresa vale 66 bilhões de reais na bolsa.

Se confirmado, o alto valor pago pelos investidores no follow-on mostra mais uma aposta do mercado de que a empresa ainda tem crescimento para mostrar. O balanço do terceiro trimestre da companhia, divulgado neste mês, veio com novos recordes nos resultados. Em setembro, pela primeira vez, as vendas online ultrapassaram as vendas em lojas físicas. Entre julho e setembro, o comércio eletrônico dobrou de tamanho e respondeu por 48% das vendas do Magalu.

Fundada em 1957 na cidade de Franca, interior de São Paulo, o Magalu é considerado um caso de sucesso pela boa integração entre as lojas físicas e as vendas digitais. O movimento de fortalecimento do comércio eletrônico começou sobretudo após a chegada do herdeiro Frederico Trajano à empresa, terceira geração da família fundadora. Trajano primeiro foi responsável pelo desenvolvimento do e-commerce e depois passou a comandar o grupo, a partir de 2016.

O aporte gerado pela nova oferta de ações acontece em um momento em que a concorrência também se arma. A B2W, dona de Submarino e Americanas.com, pediu neste ano aumento de capital de 2,5 bilhões de reais, o que na prática significou um aporte quase direto de sua controladora, as Lojas Americanas. A argentina Mercado Livre, que é líder em comércio eletrônico no Brasil com seu forte marketplace, recebeu em março aporte de 1,85 bilhão de dólares, com grande parte vindo também de oferta de ações, e parte adquiridas em investimento da empresa de pagamentos PayPal.

Além de investimentos na venda de mercadorias, ambas as empresas tentam fortalecer seus braços financeiros, de oferecimento de crédito a pequenos negócios ou pessoas físicas -- com o Mercado Pago, carteira digital do Mercado Livre, e o banQi, da B2W. O Magazine Luiza tem uma ação mais modesta na frente financeira com o LuizaCred, que tem oferta de crédito para clientes e mais de 4,9 milhões de cartões, mas já manifestou o desejo de, no futuro, também expandir a frente financeira.

Enquanto isso, a varejista americana Amazon também vem dando alguns passos no Brasil, tendo lançado nos últimos meses o alto-falante inteligente Echo, que vem com a assistente de voz Alexa, e o serviço de assinatura Prime (que, por 9,90 reais, garante frete grátis em diversos produtos e assinatura de serviços como o streaming Amazon Prime Video), duas de suas estrelas lá fora.

Neste ano, a empresa também abriu um centro de distribuição em São Paulo. Por ora, a Amazon ainda tem uma variedade pequena de produtos no Brasil, com foco majoritário em livros. Mas a concorrência, na internet, nas lojas e nas estradas, será intensa. O Magalu tenta se preparar para ela.

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