Magazine Luiza: ajustes para melhorar resultados ainda este ano
Tatiana Vaz
Publicado em 23 de março de 2012 às 14h26.
São Paulo – O Magazine Luiza vendeu mais em 2011, sua receita cresceu 33,5% para 6,4 bilhões de reais, e mesmo assim seu lucro despencou 83,1% para 11,7 milhões de reais. A seguir, Marcelo Silva, CEO do Magazine Luiza, explica por que isso aconteceu e o que a companhia está fazendo para aumentar a produtividade da companhia e, por consequência, melhorar os resultados.
EXAME - Por que o lucro ficou tão abaixo do apresentado no ano anterior?
Marcelo Silva – Tivemos aumento de receita e nossas despesas operacionais normais cresceram pouco em relação às anteriores. Porém, fomos penalizados pelo aumento com as despesas extraordinárias, feitas para a integração das Lojas do Baú, em São Paulo e Paraná, e Lojas Maia, no Nordeste, que devem ser concluídas este ano.
EXAME - Qual a estratégia do Magazine Luiza para apresentar resultados melhores este ano?
Silva - Este ano teremos despesas extraordinárias muito menores do que as do ano passado, com consultorias de gestão e sistemas, já que as integrações serão concluídas e não prevemos nenhuma aquisição. Também estamos trabalhando no projeto Mais por Menos, implementado desde o final do ano passado, com o intuito de racionalizar as despesas da companhia e obtermos resultados melhores este ano.
EXAME - Como funciona o projeto? Ele já foi concluído?
Silva - O projeto foi criado para termos como fazer mais com menos. A ideia não é penalizar ninguém, nenhuma área ou fornecedor, mas ter iniciativas para alocarmos melhor nossas despesas. Ele engloba todos os departamentos da companhia e prevê inclusive a revisão de contratos com fornecedores de serviços internos, como para as áreas de manutenção e tecnologia. Também trabalhamos, no ano passado, na readequação de pessoas, tanto na parte administrativa quanto operacional. Fizemos um estudo interno para colocar o número e perfil de pessoas certas nos lugares adequados em função do volume de vendas de cada ponto e necessidade de cada setor. A iniciativa visa aumentar a produtividade da companhia.
EXAME - Por que a conclusão da rede Lojas Maia levou o mesmo tempo que a do Baú?
Silva - Por que a tradição de 50 anos da Lojas Maia no Nordeste e o fato de por meio dela entrarmos em um mercado até então desconhecido para o Magazine Luiza nos exigiu um cuidado redobrado na integração das redes. Para este ano, devemos concluir a integração com a parte societária e também da virada da marca em Salvador e João Pessoa, dois mercados extremamente importantes.
EXAME - Quanto perdeu em vendas com as lojas que ficaram fechadas para reforma no ano de 2011?
Silva - Nas Lojas Maia apresentamos um crescimento baixo, de 14%, por conta das lojas fechadas parcialmente para as reformadas. Porém, a mudança de marca e mix de produtos, já trouxeram melhoria significativa nas lojas convertidas – historicamente, a melhora de um investimento em conversão de marca no varejo é de um aumento de vendas de até 30%.
EXAME – A companhia também apresentou queda das margens obtidas pelo Luiza Cred. Por que e o que estão fazendo a respeito?
Silva - A Luiza Cred passou a seguir uma estratégia conservadora de concessão de crédito, em linha com as exigências do Itaú, nosso banco parceiro na área. Trata-se de um momento de maturação do cartão, em que a taxa de aprovação de concessão de crédito está mais rígida, com foco em uma menor inadimplência e tempo de retorno. A área de vendas das lojas podem até achar isso ruim, num primeiro momento, mas a longo prazo é a melhor alternativa. Além disso, a Luiza Cred passa hoje pelo mesmo processo de redução de despesas assim como as demais áreas da companhia.
EXAME - Quando podemos esperar resultados nos mesmos patamares dos anos anteriores?
Silva - A partir do segundo semestre deste ano os resultados já devem aparecer, mas o processo deve ser maturado em 2013 e 2014.