Centro de distribuição do Magazine Luiza: varejista deve ter prejuízo no trimestre (Germano Lüders/Exame)
Mariana Desidério
Publicado em 14 de março de 2022 às 06h00.
A varejista Magazine Luiza divulga nesta segunda-feira, após o fechamento do mercado, os seus resultados para o quarto trimestre e para o ano de 2021. Os números devem mostrar uma tendência que já aparecia nos resultados anteriores da varejista, que tem sido pressionada pelo cenário macroeconômico e pelo avanço da concorrência. A expectativa é que a companhia apresente prejuízo no trimestre.
O Brasil vive o que a própria empresa definiu como “tempestade perfeita” que afeta em especial o setor de varejo. Ex-queridinha da bolsa, a empresa valorizou 35.000% nos últimos cinco anos. Nos últimos 12 meses, porém, o papel caiu 75%. A virada no tempo para o Magalu começou a aparecer de forma mais evidente no terceiro trimestre de 2021, quando a varejista teve alta de 12% nas vendas, mas queda de quase 90% no lucro ajustado, que foi de 22,5 milhões no período.
O Magalu tem sido especialmente afetado pelo cenário macroeconômico, com o aumento da inflação. Mais da metade das vendas da varejista vem de eletrodomésticos e eletrônicos, que estão entre os mais afetados pelo momento do mercado. Com os preços lá em cima, o consumidor tem consumido menos esses itens, o que compromete os resultados de Magalu e outras varejistas, como a Via.
“Apesar da crescente diversificação de categorias, as vendas nas lojas ainda se concentram principalmente em bens duráveis -- produtos de ticket médio mais elevado, dependentes de um crédito que vem encarecendo em alta velocidade. Trata-se de um mercado tipicamente cíclico: quando a economia sofre com crescimento em baixa e juros em alta, as vendas se retraem”, disse a companhia no relatório de desempenho do terceiro trimestre de 2021.
Ao cenário macro soma-se o avanço rápido da concorrência. A Via, que por anos não apresentou ameaça, se reorganizou nos últimos anos, está investindo pesado em vendas online e tem uma base de lojas maior que a do Magalu. Já a Americanas juntou recentemente sua operação de lojas físicas com seu braço digital, a B2W, uma fusão que já tem se mostrado acertada.
Isso fora as multinacionais, que têm ganhando cada vez mais espaço no mercado nacional. O Mercado Livre anunciou investimento sem precedentes no varejo brasileiro de 17 bilhões de reais. As asiáticas Shopee e Alibaba vem ganhando relevância no país e a Amazon tem aumentado investimentos.
O Magalu se mexe, com o avanço do seu marketplace e maior oferta de produtos de consumo mais recorrente e tíquete menor. Os números apresentados hoje vão indicar quanto tempo a varejista vai demorar para sair da tempestade e encontrar novamente o mar aberto.