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Lucro da Vale é prejudicado por greve e vendas menores na Ásia

Resultado do primeiro trimestre é 8,6% inferior ao do mesmo período de 2009

Extração de minério da Vale: recuperação não foi suficiente para alcançar nível do início de 2009 (.)

Extração de minério da Vale: recuperação não foi suficiente para alcançar nível do início de 2009 (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - A Vale sentiu nos números do primeiro trimestre os efeitos de ser uma das companhias brasileiras mais globalizadas. Da paralisação de seus funcionários canadenses à menor participação da Ásia nas vendas, uma série de fatores contribuiu para que o lucro líquido da companhia, 2,879 bilhões de reais, ficasse 8,6% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado – embora seja 6,3% superior aos 2,708 bilhões do último trimestre de 2009.

As dores da globalização já se manifestam nas primeiras linhas do balanço divulgado na noite desta quarta-feira (5/5). A receita operacional bruta, 13,029 bilhões de reais, foi 1,1% inferior à dos primeiros meses do ano passado. O principal responsável pela queda foi o setor de minerais não-ferrosos, cuja receita recuou 16%, de 3,554 bilhões de reais para 2,983 bilhões na comparação. O níquel, que respondeu por 1,477 bilhão de reais no ano passado, recuou para 1,236 bilhão. No relatório que acompanha as demonstrações financeiras, a Vale afirma que “o desempenho do segmento de minerais não-ferrosos continuou a ser negativamente impactado pela greve em Sudbury e Voisey Bay”. Essas minas, localizadas no Canadá, estão paradas há mais de 260 dias.

Em contrapartida, a área de minerais ferrosos, na qual a Vale é líder mundial, viu sua receita subir de 8,373 bilhões para 8,794 bilhões de reais na mesma comparação. Embora as vendas de minério de ferro in natura tenham caído de 7,266 bilhões para 6,661 bilhões, a receita com as pelotas – um produto de maior valor agregado – subiu de 865 milhões para 1,767 bilhão. As vendas de manganês também subiram 206%, para 104 milhões de reais, e as de ferro ligas, 32%.


Queda na Ásia

Entre os mercados atendidos pela Vale, as vendas na América do Norte recuaram 30% entre o primeiro trimestre de 2009 e o mesmo período de 2010, passando de 1,197 bilhão para 838 milhões de reais. Embora a porcentagem seja expressiva, a região responde por apenas 6,4% da receita.

O mais importante é verificar o recuo de 19% das vendas na Ásia, que desceram de 8,098 bilhões para 6,553 bilhões de reais na comparação. O continente, que respondeu por 61,4% do faturamento da Vale no início de 2009, viu sua participação recuar para 50,3%. A retração foi liderada pela China, atualmente o maior parceiro comercial do Brasil e o principal comprador de commodities do mundo. Os chineses consumiram 3,959 bilhões de reais em insumos da Vale, ante 5,748 bilhões no início do ano passado. Com isso, seu peso na receita bruta recuou de 43,6% para 30,4%.

A Europa, apesar da crise que sacode vários de seus países neste início de ano, contribuiu com aumento de vendas. Entre janeiro e março, os europeus compraram 2,537 bilhões de reais da Vale, ante 1,903 bilhão da comparação. O carro-chefe foi a Alemanha, o país do Velho Mundo que conseguiu escapar de modo mais suave da turbulência local. A receita gerada pelos alemães saltou de 479 para 792 milhões de reais.


Confirmando o bom momento da economia brasileira, o mercado interno foi na contramão dos principais países e apresentou crescimento. As vendas somaram 2,335 bilhões de reais entre janeiro e março, um incremento de 48% sobre o mesmo período de 2009.

Reflexos no balanço

A queda da receita contribuiu para o lucro trimestral menor. Apesar de conter os custos de produção, que caíram 3,5%, para 6,635 bilhões de reais, o menor faturamento acarretou um lucro bruto de 5,948 bilhões, ante os 6,041 bilhões do período comparado. As despesas operacionais, 1,8% maiores somaram 1,924 bilhão de reais. Com isso, o lucro operacional recuou 29% sobre o primeiro trimestre de 2009, para 2,695 bilhões de reais.

Os investimentos realizados no período somaram 2,2 bilhões de dólares, dos quais 1,7 bilhão foram gastos em crescimento orgânico e manutenção. A Vale também foi às compras nos primeiros meses do ano. Adquiriu plantas de fertilizantes no Brasil e ativos de minério de ferro na África Ocidental. Reconhecida pelo mercado por sua capacidade de geração de caixa, a empresa encerrou março com 11,1 bilhões de dólares em caixa.

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