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Lucro da Bunge dobra com seca nos EUA alterando mercado

Baseada em Nova York, empresa teve lucro líquido de 297 milhões de dólares


	Bunge: a empresa tem uma vasta exposição ao clima pois opera como fornecedora e consumidora agrícola
 (Clovis Ferreira/Divulgação)

Bunge: a empresa tem uma vasta exposição ao clima pois opera como fornecedora e consumidora agrícola (Clovis Ferreira/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2012 às 16h13.

Chicago - As ações da Bunge Ltd saltaram nesta quinta-feira após a gigante do agronegócio ter anunciado que dobrou seu lucro trimestral ao mobilizar sua rede global de grãos a fim de abastecer compradores atingidos pela pior seca dos EUA em mais de 50 anos.

A Bunge afirmou que o mundo estava modificando seu "fluxo típico de negociações" após o clima desfavorável cortar a produção dos Estados Unidos, maior exportador mundial de grãos, além de outros países.

As ações subiram 2 por cento às 16h30 (horário de Brasília), abaixo de ganhos anteriores na bolsa de valores de Nova York.

"O atual clima do mercado, moldado principalmente pela severa seca que atingiu os EUA, tem sido e continuará a ser volátil e complexo para todos que participam do nosso setor", afirmou Alberto Weisser, presidente e diretor executivo da empresa.

A Bunge tem uma vasta exposição ao clima pois opera como fornecedora e consumidora agrícola.


A companhia processa, armazena e vende produtos agrícolas como parte de suas operações no agronegócio. Sob o mesmo negócio, também comercializa óleos vegetais para a indústria do bigodes. A Bunge está entre as maiores produtores de açúcar e etanol.

As quatro empresas "ABCD" que dominam o negócio agrícola global por décadas --Archer Daniels Midland Co, Bunge Ltd, Cargill Inc e Louis Dreyfus Corp-- estão enfrentando volumes de safra reduzidos e padrões pouco comuns de negócios devido ao clima adverso.

Há sinais indicando que a disputa por grãos, após a seca dos EUA, pode estar ajudando na recuperação das ABCDs, uma vez que são com empresas com ativos em várias regiões.

No início deste mês, a Cargill afirmou que seu amplo alcance global a ajudou a quadruplicar seu lucro trimestral em um ano, mas alertou que o impacto do mau tempo ainda não havia sido contabilizado.

A empresa ainda teve um crescimento de volume de 15 por cento em seu segmento de agronegócio durante o trimestre, ajudada pela forte demanda por exportação e maior processamento de oleaginosas.

A Bunge "teve um ótimo trimestre", disse Christine Healy, analista da Scotia Capital, durante uma teleconferência com investidores. "Acho que os volumes foram maiores que os esperados." A Bunge, baseada em Nova York, disse que o lucro líquido subiu para 297 milhões de dólares, ou 1,92 dólar por ação, contra 140 milhões de dólares, ou 89 centavos por ação no ano passado. Excluindo itens únicos, a companhia lucrou 2,08 dólares por ação, abaixo da expectativa do mercado, de 2,17 dólares.


As vendas líquidas subiram 10 por cento, para 17,29 bilhões de dólares.

Negociações pouco comuns - Os tradings globais ainda estão enfrentando estoques apertados.

Os produtores norte-americanos colheram muito menos milho e soja que o esperado neste ano, e o governo da Ucrânia anunciou que seu país, um dos 10 maiores países exportadores de trigo do mundo, irá banir as exportações do cereal a partir de 15 de novembro por conta dos danos causados pela seca.

A Bunge tirou vantagem de padrões de comercialização pouco comuns, embarcando milho do Brasil para os Estados Unidos. O Brasil teve uma colheita recorde de milho este ano.

Alguns importadores de milho norte-americano de longa data forjaram alianças com fornecedores alternativos, como o Brasil, colocando uma sombra sobre o domínio dos EUA no mercado de exportação, de acordo com compradores de grãos estrangeiros.

As exportações de milho dos EUA devem encolher nesta temporada ao menor nível desde meados de 1970, enquanto exportadores rivais como o Brasil e a Argentina têm visto os volume de exportação aumentarem para níveis recordes ou quase recordes.

De olho na Austrália -  Os investidores têm observado a Bunge desde que a empresa concorrente Archer Daniels Midland fez uma oferta de compra de 2,8 bilhões de dólares pela GrainCorp.

Banqueiros industriais norte-americanos afirmam que, sem dúvida, tanto a Bunge quanto a Cargill devem estar avaliando possíveis contra-propostas.

A proposta da ADM acontece em um momento de consolidação no setor global de grãos, em meio a intensa competição para abastecer os países em rápido desenvolvimento em busca de segurança alimentar.

Weisser se negou a comentar sobre a GrainCorp especificamente, mas afirmou estar interessado em expandir para a Austrália, acrescentando que essa consolidação deve continuar na indústria de grãos.

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