Planos para o Brasil: além da fábrica, foi prometido um condomínio de luxo (Lamboghini Latinoamérica/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 28 de abril de 2021 às 08h09.
Última atualização em 28 de abril de 2021 às 13h14.
A Lamborghini anunciou planos de montar uma fábrica no Brasil e executivos da marca já se reuniram com Daniela Reinehr, governadora interina de Santa Catarina, para discutir o projeto. Só existe uma pegadinha na história: não se trata da matriz – chamada Automobili Lamborghini S.p.A. –, mas sim da derivação latino-americana (e legal) com passado um tanto nebuloso.
Para começar, é importante explicar que o famoso fabricante de superesportivos nem sempre esteve com as finanças em dia. Tanto que, no fim da década de 1980, só existia um modelo à venda e a marca acabou sendo comprada pela Chrysler. Mas isso durou até 1994, quando o controle passou às mãos de investidores da Indonésia, para depois ser vendida à Volkswagen em 1998.
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E foi justamente neste meio tempo sob comando asiático que a Lamborghini acabou dividida em duas. Isso porque o empresário mexicano Jorge Antonio Fernández García, conhecido pela alcunha Joan Fercí, conseguiu contrato de exclusividade dos direitos da marca na América Latina e permissão para produzir o modelo Diablo – criado em 1992 e aposentado pela matriz em 2002.
Em entrevista ao Autoblog Argentina, Fercí relembra que, à época do acordo, não era permitido vender qualquer veículo que não tivesse sido fabricado ou montado no México. “Esse era um mercado que não interessava muito aos gringos e, por isso, não houve problemas para conseguir um contrato que cedesse direitos da marca em toda região da América Latina por 99 anos”, disse.
Mas é aí que começa o problema: também estavam previstas modificações no projeto do carro original ao qual a Lamborghini Latinoamérica tinha direito e, a partir de então, começaram a surgir variações de modelos “novos”. De acordo com a empresa mexicana, foram produzidas apenas três unidades do Coatl, primeiro produto desenvolvido localmente, e dois Alar 777 desde 2006.
Sendo assim, a empresa criada por Joan Fercí não produz nenhum veículo há mais de 15 anos – além do Centurion, de 2015, que nunca saiu do papel. Só na última década, foram anunciados planos de fabricar no Uruguai, em 2013, e na Argentina, em 2014. Houve até negociações com Mario Benítez, presidente do Paraguai, a quem prometeram também um centro de desenvolvimento.
E, ainda que os projetos tenham saído do papel, o mexicano se reuniu sexta-feira (22) com a chefe do executivo em SC, além do deputado estadual Milton Hobus; do chefe da Casa Civil, Gerson Luiz Schwerdt; e dos secretários da Fazenda, Rogério Macanhão, do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Luciano Buligon, e da secretária executiva de assuntos internacionais, Daniella Abreu.
Gilson Pierri, sócio brasileiro da Lamborghini Latinoamérica, disse durante a reunião que a companhia pretende desenvolver projeto em 20 áreas nos próximos 30 anos. Como destaque, foi apresentado um superesportivo elétrico com 1.013 cv – praticamente o mesmo que o Tesla Model S mais potente à venda atualmente – e que, por ora, existe somente como computação gráfica.
De acordo com o governo de SC, realmente houve o pedido de agenda para apresentação dos estudos. Também foram apresentados ações e programas de incentivo à instalação de empresas no estado. Entretanto, a marca de Joan Fercí ainda não oficializou as demandas e o interesse por meio de documentos, como havia sido solicitado durante a reunião com os políticos.
Nos bastidores, o “fabricante” ainda tem histórias curiosas, como é o caso de Ariel Casariego, projetista que largou a profissão após o fracasso das criações para se dedicar à luta livre em programas de TV, ou de Roberto Garcia, coordenador do departamento de eletrônica e elétrica que tem curso técnico e que, antes, trabalhou com instalação de equipamentos de som em carros.
Procurada pela EXAME, a Lamborghini Lantinoamérica não respondeu até a publicação desta reportagem.
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